O recorte da pesquisa produzida pela Pucrs e pelo Jornal do Comércio apresentado pelo GeraçãoE aponta que o marketing é peça-chave para impactar diferentes faixas etárias. Denise Pagnussatt, coordenadora do curso de Comunicação Empresarial e do Hub da Indústria Criativa da Pucrs, aponta a importância da honestidade nas relações de consumo, especialmente para as marcas gaúchas neste período pós-crise. A coordenadora destaca os resultados da pesquisa sobre o comportamento do consumidor, trazendo à tona informações cruciais para estratégias de marketing direcionadas a diferentes faixas etárias.
Segundo o levantamento, para consumidores mais jovens, até 50 anos, é essencial destacar a qualidade dos produtos gaúchos nas campanhas, pois eles percebem esses produtos como
de alta qualidade. Já os consumidores mais velhos, acima de 51 anos, demonstram um compromisso emocional mais forte com as marcas locais, valorizando a tradição e a conexão. Denise enfatiza que as campanhas de marketing devem ser autênticas e honestas, refletindo os verdadeiros valores e a história das marcas, a fim de construir uma conexão duradoura com os consumidores.
de alta qualidade. Já os consumidores mais velhos, acima de 51 anos, demonstram um compromisso emocional mais forte com as marcas locais, valorizando a tradição e a conexão. Denise enfatiza que as campanhas de marketing devem ser autênticas e honestas, refletindo os verdadeiros valores e a história das marcas, a fim de construir uma conexão duradoura com os consumidores.
Valorização do produto gaúcho
A sociedade civil tem demonstrado uma crescente valorização da economia local. Os produtos gaúchos, conhecidos por sua qualidade, durabilidade e inovação, têm ganhado destaque não só dentro do Estado, mas também em outros mercados. Segundo Denise, esse movimento já existia antes das crises recentes, mas se intensificou com o tempo. “Os jovens, por exemplo, tendem a optar por marcas sustentáveis, mesmo que isso implique pagar um pouco mais, pois enxergam esse investimento como uma forma de consumo responsável. Empresas que conseguem alinhar suas campanhas publicitárias com esses valores têm uma grande chance de sucesso, pois promovem o Estado ao mesmo tempo em que satisfazem as expectativas dos consumidores” afirma a coordenadora.
O público conhece as crenças de sua marca
Durante uma disciplina de Gestão da Reputação, na Pucrs, Denise desafiou seus alunos a analisarem as ações de empresas que estiveram à frente de campanhas de valorização do Rio Grande do Sul e de produtos gaúchos em meio à tragédia climática que assolou o Estado no mês de maio. A ideia era verificar se essas ações eram genuínas ou se estavam apenas aproveitando uma situação contingencial. “A conclusão foi clara. O consumidor consegue distinguir entre uma narrativa autêntica e uma construção oportunista. Marcas que mantêm uma consistência em seus valores ao longo do tempo tendem a ganhar a confiança e a lealdade dos consumidores. A honestidade na comunicação é essencial para construir uma marca sólida e respeitável”, relata Denise.
Negócio fortalecido através de parcerias
De acordo com Denise, para consolidar a presença no mercado, é crucial que as empresas façam parcerias estratégicas. Isso inclui apoiar e ser apoiado por outros negócios. Por exemplo, empresas que valorizam a sustentabilidade podem optar por fornecedores locais ao invés de importarem produtos. “Isso não só fortalece a economia local, mas também alinha a empresa com práticas de ESG (ambiental, social e governança). Marcas que promovem a diversidade e outras causas sociais devem manter seus princípios, mesmo diante de públicos divergentes, reforçando sua identidade e valores”, pontua. Em junho, a prefeitura de Porto Alegre fez o lançamento de uma plataforma para mapear a economia criativa da cidade. O Observatório da Economia Criativa tem o objetivo de conhecer a identidade criativa da Capital. A plataforma permite que sejam cadastrados dados profissionais, eventos e conexões. De acordo com Denise, a iniciativa possibilita que empresas de todos os segmentos e tamanho possam se conectar com outros negócios. “Você pode oferecer um serviço, um auxílio. Essa plataforma realiza essa identificação do que as pessoas estão precisando e do que elas podem receber”, explica.
Empreendimentos novos devem destacar raízes gaúchas em ações
Empresas jovens, com cinco a 10 anos de mercado, devem buscar formas criativas de destacar sua origem gaúcha. “Uma sugestão prática é a utilização de tags ou etiquetas que indiquem claramente a procedência do produto”, exemplifica. “Já realizei uma campanha com uma marca de espumantes em que inserimos uma tag no gargalo da garrafa informando que era do RS, porque sabíamos que os espumantes do Estado são muito valorizados nacionalmente”, conta. Essas iniciativas ajudam a construir uma identidade forte e a atrair consumidores que valorizam produtos locais. Segundo Denise, é necessário deixar claro qual é a origem do negócio, quais são os valores e qual cadeia o empreendimento está inserido. “Por exemplo, uma loja daqui vende casacos de lã batida e eu conto para o meu público que essa lã foi adquirida de artesãos do interior de Nova Petrópolis”, exemplifica.
Contar a história do empreendimento e aplicar a storytelling na apresentação de um novo negócio é imprescindível. “Tu tens que contar a tua história, mas a tua história de verdade, porque temos exemplos de marcas que inventam uma história. Tem que ser uma realidade, uma prática organizacional que se transforma e que será aplicada naturalmente em seu discurso, porque aquilo vai ser uma verdade da marca. Ninguém vai conseguir retirar esse crédito do seu negócio, porque você pensou em uma cadeia toda”, comenta Denise, reforçando que, atualmente, existem marcas que estão realizando esse movimento de adquirir insumos no Estado, mesmo que custem um pouco mais. “Um exemplo que temos é a Natura. A estratificação de todas as comunidades de onde eles retiram a matéria-prima está no site deles. Tu sabes de onde é retirado cada um dos insumos. Esse storytelling, baseado em uma estratégia consistente e sustentável, que prioriza as pessoas e o local, é necessário e contribui na relação do consumidor com a marca. Empresas novas no mercado que buscam essa transparência estão no caminho certo”, afirma.