A Secale Orgânicos parou totalmente suas atividades por 54 dias

Produzindo 27 mil pães por mês, indústria de pães orgânicos de Porto Alegre inicia retomada


A Secale Orgânicos parou totalmente suas atividades por 54 dias

A Secale, empresa de pães orgânicos localizada no bairro São Geraldo, em Porto Alegre, voltou a operar após 54 dias fechada devido às enchentes. A empresa está em fase de reconstrução, revisando e reparando máquinas danificadas. Com a retomada parcial, a marca de pães está com a produção reduzida. Atualmente, 18 pessoas trabalham na empresa, mas nem sempre foi assim. Rosângela Cabral fundou a Secale em 2003 como uma startup. A socióloga de formação já morava na serra gaúcha quando viu um edital aberto para incubação de startups no curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A ideia inicial da empreendedora foi criar um pão 100% à base de centeio, motivada pela dificuldade de um familiar, alérgico ao glúten, encontrar produtos sem contaminação por trigo. “Secale cereale l é o nome científico do centeio, porque o meu primeiro projeto era fazer só pão de centeio”, explica Rosângela. No entanto, a demanda limitada a levou a expandir a linha de produtos. "Se eu continuasse apenas com o centeio, talvez a Secale não existisse hoje. Por isso, criamos o pão multigrãos e o de linhaça dourada", conta. Dois anos depois, em 2005, a empresa deixou a universidade para se estabelecer no bairro São Geraldo, em Porto Alegre. "Minha preocupação sempre foi produzir alimentos saudáveis, desde a concepção do nosso primeiro produto", explica Rosângela. No desenvolvimento dos produtos, a empresária explica que, como todas as receitas são desenvolvidas por ela, o primeiro passo é sempre pensar em qual benefício aquele insumo trará para o corpo humano e, posteriormente, como aquele produto pode ser saudável e gostoso de se consumir.
A Secale, empresa de pães orgânicos localizada no bairro São Geraldo, em Porto Alegre, voltou a operar após 54 dias fechada devido às enchentes. A empresa está em fase de reconstrução, revisando e reparando máquinas danificadas. Com a retomada parcial, a marca de pães está com a produção reduzida. 

Atualmente, 18 pessoas trabalham na empresa, mas nem sempre foi assim. Rosângela Cabral fundou a Secale em 2003 como uma startup. A socióloga de formação já morava na serra gaúcha quando viu um edital aberto para incubação de startups no curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

A ideia inicial da empreendedora foi criar um pão 100% à base de centeio, motivada pela dificuldade de um familiar, alérgico ao glúten, encontrar produtos sem contaminação por trigo. “Secale cereale l é o nome científico do centeio, porque o meu primeiro projeto era fazer só pão de centeio”, explica Rosângela. No entanto, a demanda limitada a levou a expandir a linha de produtos. "Se eu continuasse apenas com o centeio, talvez a Secale não existisse hoje. Por isso, criamos o pão multigrãos e o de linhaça dourada", conta.

Dois anos depois, em 2005, a empresa deixou a universidade para se estabelecer no bairro São Geraldo, em Porto Alegre. "Minha preocupação sempre foi produzir alimentos saudáveis, desde a concepção do nosso primeiro produto", explica Rosângela. No desenvolvimento dos produtos, a empresária explica que, como todas as receitas são desenvolvidas por ela, o primeiro passo é sempre pensar em qual benefício aquele insumo trará para o corpo humano e, posteriormente, como aquele produto pode ser saudável e gostoso de se consumir.
Os pães de centeio tradicional e com frutas seguem em produção ininterrupta desde a abertura da empresa | STÉFANI RODRIGUES/ESPECIAL/JC
Os pães de centeio tradicional e com frutas seguem em produção ininterrupta desde a abertura da empresa STÉFANI RODRIGUES/ESPECIAL/JC


A parceria com nutricionistas sempre foi uma estratégia de sucesso para a Secale, ajudando a promover os produtos da marca. Foi com base nesta parceria que, com sete meses de empresa, Rosângela fechou seu primeiro grande contrato de fornecimento para uma rede de supermercados: a Casa Santa Luzia, de São Paulo. Durante sua participação na primeira edição da Bio Brasil Fair, Rosângela conheceu a nutricionista da rede de empórios paulista, e, mais tarde, começou a vender seus produtos para a mesma rede.

Expansão com foco na modernização

Embora com grandes contratos logo na arrancada do projeto, a expansão da Secale foi gradual. De um espaço inicial de 150m², a empresa dobrou de tamanho em meados de 2013. Em 2019, a empresa preparava-se para um novo momento. Depois de passar para 300m², a produção passaria por nova expansão e Rosângela buscava um novo local, mas, com o início da pandemia, os planos tiveram de ser adiados. A pandemia, no entanto, teve um impacto positivo na empresa, com aumento de receita que a empreendedora atribuiu à valorização de uma alimentação saudável por parte de um público maior.
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A diretora de marketing, Augusta Medeiros, conheceu a Secale como consumidora antes de se juntar à empresa em 2019. "Precisei fazer uma reeducação alimentar e minha nutricionista recomendou os pães da Secale. Desde então, me apaixonei pelos produtos e, mais tarde, comecei a trabalhar com Rosângela nas estratégias da empresa", lembra Augusta.

A Secale também tem como um de seus pilares a valorização da agricultura familiar, com 78% dos insumos provenientes de pequenos agricultores orgânicos do Rio Grande do Sul. A entrada de Augusta na empresa veio justamente para repensar as embalagens da empresa e mostrar o valor da agricultura familiar e dos alimentos orgânicos, vindos da terra. Desde 2019, Augusta realizou diversos estudos que culminaram, no fim de 2023, em uma mudança completa nas embalagens da Secale, que agora são recicláveis. 
Com a modernização das embalagens e o marco de 27 mil pães produzidos mensalmente no fim de 2023, os planos de expansão e de um novo local de produção voltaram à mente de Rosângela, o que novamente foi interrompido em decorrência das enchentes.
Hoje a Secale conta com mais de 30 variações de pães | STÉFANI RODRIGUES/ESPECIAL/JC
Hoje a Secale conta com mais de 30 variações de pães STÉFANI RODRIGUES/ESPECIAL/JC

Impactos da enchente de maio 

A fábrica chegou a ter 1,36m de água em seu interior durante a enchente, o que à suspensão da produção por 54 dias. No momento, os planos imediatos são a reconstrução e a retomada dos projetos anteriores. "A Secale estava pronta para avançar em outras regiões do Brasil com mais intensidade", explica Augusta. A empresa já tem presença em Santa Catarina, Paraná e São Paulo, mas enfrenta agora o desafio logístico de garantir que os produtos cheguem aos destinos em tempo hábil.
De acordo com a empreendedora, os prejuízos somados chegam a cerca de R$ 1,2 milhão, incluindo faturamento perdido e consertos de máquinas. “Foi muito triste olhar os pães boiando, aquela lama, aquela sujeira”, lembra Rosângela, contando que, um dia antes da enchente atingir o espaço, um lote de pães havia sido feito e estava pronto para a distribuição aos pontos de venda. Além disso, a empresa perdeu embalagens e insumos, como 800 kg de açúcar.

Apesar das dificuldades, a Secale recebeu um impulso positivo ao ganhar o prêmio de Inovação em Alimentos na Bio Brasil Fair. O pão de hambúrguer de cenoura e açafrão da terra foi premiado na noite de 12 de julho, 12 dias antes da empresa retomar sua produção. "Foi um abraço, porque fez a gente se certificar que estamos no caminho certo", diz Rosângela.