Empresas de um dos bairros mais atingidos de Canoas acreditam no potencial da região

Negócios iniciam retomada no bairro Mathias Velho, em Canoas


Empresas de um dos bairros mais atingidos de Canoas acreditam no potencial da região

O bairro Mathias Velho, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, está entre as regiões mais afetadas pelas enchentes de maio. A avenida Rio Grande do Sul ficou conhecida por ser a via onde os resgates eram realizados. Cenas memoráveis, como o cordão humanitário feito para puxar uma embarcação que resgatava vítimas, foram registradas nesta rua, que, antes da enchente, era um polo de empreendimentos na região. Atualmente, pequenos e médios empreendedores tentam retomar suas atividades e, junto a isso, reconstruir o bairro mais populoso de Canoas, segundo o IBGE.
O bairro Mathias Velho, em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, está entre as regiões mais afetadas pelas enchentes de maio. A avenida Rio Grande do Sul ficou conhecida por ser a via onde os resgates eram realizados. Cenas memoráveis, como o cordão humanitário feito para puxar uma embarcação que resgatava vítimas, foram registradas nesta rua, que, antes da enchente, era um polo de empreendimentos na região. Atualmente, pequenos e médios empreendedores tentam retomar suas atividades e, junto a isso, reconstruir o bairro mais populoso de Canoas, segundo o IBGE.
Ao lado do viaduto da Rio Grande do Sul, nº 64, está localizada a Esse Eu Posso, loja de cabelos orgânicos e sintéticos voltada ao público afro. As irmãs e sócias Tainá e Janaina Rosa haviam assumido o novo ponto há duas semanas quando as águas invadiram a cidade. "Não tínhamos nem inaugurado e nem conseguimos inaugurar da forma que queríamos por conta de tudo que aconteceu", lamenta Tainá. A marca, que em outubro completa quatro anos, começou na sala da casa da Janaina e inicialmente foi projetada para ser só um e-commerce.
"Em 2020, abrimos e um ano depois nos mudamos para o nosso antigo local, que era na rua Dr. Sarmento Leite, também aqui na Mathias", comenta Janaina. O antigo espaço funcionava como um estoque, sem atendimento presencial.
A decisão de mudar para o ponto atual se deu porque as irmãs sempre tiveram o sonho de levar o seu negócio para a rua Rio Grande do Sul, via conhecida pelo movimento de comércio, além de ser o acesso para a estação do Trensurb e para os ônibus intermunicipais. "Aqui em frente à estação é um dos lugares de Canoas que mais tem movimento, porque daqui saem ônibus para Porto Alegre e chegam ônibus que vêm de outros bairros", explica Tainá.
De acordo com a empreendedora, a água chegou até o último degrau da loja, que teve que fechar as portas. Foram duas semanas de atividades paralisadas. "Pegamos o que conseguimos de material e os notebooks e fomos atendendo de outro local, trabalhando da forma que dava. Não podíamos parar, mesmo vivendo um momento muito triste e catastrófico. É o nosso ganha-pão e o das nossas colaboradoras", comenta Tainá. A equipe ficou mais de um mês fora do endereço novo. Assim que as águas baixaram, o cenário de destruição não contribuía com os negócios. "Não tivemos mais aquele movimento de porta a porta. Acho que isso foi o que mais impactou, porque nos mudamos para cá com essa intenção, de ser vistos, e não tínhamos mais isso. O bairro virou um deserto. Agora que está voltando", reflete Tainá.
Apesar de estarem na loja física, as empreendedoras seguem apostando nas vendas online. No Instagram da marca, as irmãs criam conteúdos diversos para propagar a Esse Eu Posso. Com entrega para todo o Estado, a loja de cabelos sintéticos concentra seus clientes principalmente na Região Metropolitana. "Somos bem fortes também em Lajeado, Santa Maria e Pelotas", diz Tainá.
Segundo as empreendedoras, as vendas alavancaram em junho, superando os resultados de março. Entre os produtos com mais saída está o jumbo, cabelo sintético mais popular para fazer tranças, custando a partir de R$ 35,00. Já as fibras, que são extensões capilares, partem de R$ 130,00. Além disso, as sócias passaram a investir nas laces, um tipo de prótese capilar. "Aqui no Sul, acredito que o pessoal ainda não tenha muito costume, mas estão começando a usar e estamos preparados para oferecer variadas opções deste produto", comenta Tainá.
As sócias acreditam que o sucesso do negócio se dá pela identificação com o público-alvo da marca. "Gostamos de passar para o nosso público de onde viemos, como começamos e onde estamos chegando. Também temos a propriedade de vender o que usamos e sabemos daquela carência que tínhamos de ser aquela menina que colocava toalha na cabeça para fingir que tinha cabelo comprido", desabafa Tainá.
Além de ter o negócio afetado, a família de Tainá e Janaina teve a casa atingida, assim como as funcionárias da loja. Mesmo com o futuro incerto, as sócias seguem acreditando na cidade.
"Canoas é uma potência, uma cidade que tem um público grande, que consome muito e que estava carente. Não sabemos quais medidas serão adotadas para que tudo que aconteceu não ocorra novamente. Escolhemos o ponto porque a Mathias é uma potência. Nascemos e nos criamos aqui. Foi um choque, mas seguimos acreditando", afirma Tainá.
 
 
 
 
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Tradicional xis da avenida Rio Grande do Sul passa por reconstrução pós-enchente

Há quase 20 anos no mesmo local, o I-perX é um ponto de encontro para famílias do bairro

Canoas é conhecida como a cidade do xis. Uma lei aprovada na Câmara de Vereadores da cidade, em 2015, elegeu o 28 de maio como o Dia do Xis. Com diversos estabelecimentos dedicadas à iguaria, a cidade tem variadas opções de tamanhos e sabores do lanche típico gaúcho. Há 18 anos na Mathias Velho, o I-perX (@iperxis), localizado na avenida Rio Grande do Sul, nº 900, é uma lancheria tradicional do bairro.
Após dois meses de desafios impostos pela enchente, o proprietário do negócio, Élder Vieira, está trabalhando na reconstrução do seu estabelecimento. "Depois desses 30 dias, após a água baixar, começou a chegar aquele turbilhão de coisas para fazer", desabafa Élder. A limpeza inicial foi apenas o começo, seguida por reparos estruturais e questões elétricas que necessitam de manutenção.
"É um trabalho de formiga. Trabalhamos com alimento, então é ainda mais complicado. Temos que estar com tudo bem higienizado, porque é um risco muito grande, não podemos ser irresponsáveis nesse momento e prejudicar a saúde dos clientes", comenta o empreendedor, que preza por manter o padrão dos lanches ofertados.
Há quase 20 anos no mesmo local, o estabelecimento é um ponto de encontro para famílias do bairro. Oferecendo 15 sabores de xis, além dos cachorros-quentes, picados e pratos feitos, o ambiente se destaca pela tradição e pelo tratamento acolhedor, diz o empreendedor. "Queremos trazer de volta esse ambiente que nossos clientes amam, sem pressa para não comprometer nossa história", explica.
Os impactos financeiros no negócio foram significativos, com um prejuízo estimado em R$ 150 mil entre mercadorias perdidas e equipamentos danificados, além do faturamento perdido durante o fechamento. Com uma equipe de oito pessoas, Élder planeja retomar as entregas ainda esta semana. "O atendimento presencial ainda não, pois estamos com esse aspecto ruim ainda, de sujeira nas ruas. Apesar de aqui dentro estar tudo limpinho, para chegar aqui tem que passar por lixo e não queremos receber nossos clientes desta forma", relata Élder.
Enquanto planejam o retorno gradual da operação, o empreendedor destaca que o trabalho em equipe traz esperanças de um futuro positivo. "Apesar das dificuldades, vemos uma comunidade resiliente e solidária. Fim de semana tem mutirão, gente de fora vem ajudar e isso que nos dá esperança. Essa união vai tirar a gente do caos", destaca.
 

Com lavanderia e serviço de costura, empreendedora prepara para reabertura

Atendendo pessoas físicas e grandes empresas que necessitam do serviço de lavanderia e costura, em 10 anos o negócio se estabeleceu e ficou conhecido na região

Aposentada há 10 anos, Rejane Rosa resolveu seguir o sonho de empreender assim que encerrou sua atividade como agente administrativa da Polícia Federal. Em agosto de 2014, a empreendedora abriu a Márcia Costura e Lavanderia, estabelecimento que leva o nome de sua mãe. O primeiro ponto ficava localizado no início da avenida Rio Grande do Sul, ponto que abrigou o negócio por sete anos. Há três anos, o estabelecimento ganhou um novo espaço, mas ainda segue na mesma rua.
A loja presta serviços de costura em geral e, além dos reparos, realiza confecções. Atendendo pessoas físicas e grandes empresas que necessitam do serviço de lavanderia e costura, em 10 anos, o negócio se estabeleceu e ficou conhecido na região.
Em maio, Rejane viu seu empreendimento ser totalmente destruído pela enchente. Além dos prejuízos na estrutura do espaço comercial, as águas danificaram as máquinas de lavar roupa e as de costura. "Os mecânicos da região estão assoberbados. O que costumava realizar a manutenção das minhas máquinas disse que não tinha condições de me atender, pois está com muita demanda", relata Rejane.
Assim como boa parte dos empreendedores do bairro, Rejane mora também na Mathias Velho. Além de ver seu negócio atingido, ela e sua família tiveram que sair de casa. Atualmente, depois de dois meses, ela já conseguiu retornar para casa, onde realiza parte do serviço de lavanderia enquanto a loja não fica pronta. A previsão é que na próxima semana a Márcia Costura e Lavanderia reabra. "Aprendemos a lidar com a situação, porque tudo é novo. Agora, a gente vem, fica umas duas ou três horinhas e vai para casa, e no outro dia vem de novo. Mas os clientes veem a loja aberta e já querem entrar", comenta.
Rejane, contando que há muita procura pelo serviço, pois muitas pessoas do bairro estão vivendo de doações de roupas e a procuram para realizar ajustes nas peças. "Às vezes, estou em casa e me dói ver alguém pedindo um serviço que eu ainda não consigo realizar", desabafa. Além disso, a empreendedora comenta que depender de outros serviços também afetados acaba atrasando o processo. "Ficamos um pouco reféns de outros serviços. A parte da lavanderia estou conseguindo fazer em casa, mas, aqui, que depende de máquina de costura, não estou conseguindo dar conta", relata. Rejane está aguardando receber a primeira parcela do programa Empreendedor Canoense Reconstrução, da prefeitura de Canoas, que contemplará 1 mil MEIs com R$ 5 mil, dividido em cinco parcelas de R$ 1 mil. Segundo Rejane, mesmo com o auxílio, as máquinas de costura possuem um valor agregado. "É uma média de R$ 2 mil, R$ 3 mil cada máquina. Com esse auxílio não vou ter a possibilidade de fazer muitos investimentos. Há um descompasso", comenta.
No último mês, a empreendedora iniciou os reparos, realizando o descarte de lixo, limpeza e manutenção de equipamentos. Apesar do trabalho intenso, a empreendedora segue otimista. "A expectativa é boa. Estou sentindo que há uma demanda, que as pessoas estão procurando. Ao mesmo tempo, tu te sentes um pouco solitária, quando olhas para o lado e vês muita coisa fechada. Acredito que estamos caminhando, mas a passos lentos", destaca a empreendedora.