Na semana do 28 de junho, data que marca o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, conheça negócios de Porto Alegre voltados à comunidade

Não é uma fase: negócios LGBTQIAPN+ se consolidam no mercado gaúcho


Na semana do 28 de junho, data que marca o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, conheça negócios de Porto Alegre voltados à comunidade

Alguns empreendimentos nascem de experiências pessoais e do sonho de ter um negócio próprio, enquanto outros são criados para solucionar problemas sensíveis na sociedade em geral ou em uma comunidade específica. Negócios com foco na comunidade LGBTQIAPN+ trazem em seus pilares resistência e acolhimento, sendo, muitas vezes, a concretização dos sonhos dos empreendedores à frente dessas operações. Esses negócios refletem a luta e a perseverança dessas pessoas e oferecem espaços seguros e inclusivos para a comunidade, promovendo diversidade e equidade. Em Porto Alegre, empreendimentos e iniciativas resistem e expandem suas operações. Após sete anos na Cidade Baixa, o drag bar Workroom (@workroombar) será reinaugurado no antigo Cine-Theatro Ypiranga, prédio histórico da Capital. 
Alguns empreendimentos nascem de experiências pessoais e do sonho de ter um negócio próprio, enquanto outros são criados para solucionar problemas sensíveis na sociedade em geral ou em uma comunidade específica. Negócios com foco na comunidade LGBTQIAPN+ trazem em seus pilares resistência e acolhimento, sendo, muitas vezes, a concretização dos sonhos dos empreendedores à frente dessas operações. Esses negócios refletem a luta e a perseverança dessas pessoas e oferecem espaços seguros e inclusivos para a comunidade, promovendo diversidade e equidade. Em Porto Alegre, empreendimentos e iniciativas resistem e expandem suas operações. Após sete anos na Cidade Baixa, o drag bar Workroom (@workroombar) será reinaugurado no antigo Cine-Theatro Ypiranga, prédio histórico da Capital. 
Além do entretenimento, a cena drag é símbolo de revolução e resiliência para a comunidade. O movimento, que ganhou notoriedade nos clubes noturnos de Nova York na década de 1960, fortaleceu-se e resistiu ao passar dos anos. Hoje, ao redor do mundo, milhares de artistas vivem dessa arte, que é também um negócio.
Em Porto Alegre, desde 2017, o Workroom fortalece esse movimento. Nas últimas semanas, os sócios anunciaram a expansão do negócio, mudando a operação para um espaço maior. A inauguração ocorrerá nesta sexta-feira (28), Dia do Orgulho LGBTQIAPN+. "É um sonho antigo. Era uma demanda recorrente dos clientes e parceiros que frequentavam o espaço, pedindo que a gente expandisse após um determinado horário", conta Rodrigo Kras Borges, sócio do Workroom. A ideia é que, no novo endereço, de sexta a domingo, a partir da meia-noite, o bar se transforme em uma festa.
O bar já recebeu artistas nacionais e internacionais, como a cantora Pabllo Vittar, a Grag Queen (conhecida por vencer a primeira temporada do Queen of the Universe e apresentar o Drag Race Brasil), Shangela, Sasha Colby, Latrice Royale, participantes do RuPaul's Drag Race, maior reality show norte-americano de drag queens.
"Em noites especiais, ficávamos com a casa lotada, sem condições de acomodar mais pessoas, e acabávamos produzindo festas em outros locais da cidade", explica o empreendedor. O antigo endereço comportava 72 pessoas sentadas, enquanto o novo espaço tem capacidade para 102 pessoas no ambiente do bar. O espaço para festas e shows comporta até 671 pessoas. "Será um espaço modulável. Teremos o ambiente do bar e, nas sextas-feiras, sábados e domingos, uma cortina se abrirá para dar acesso à pista. Haverá toda uma questão cênica, com redução da luz e uma transição completa", detalha Rodrigo. Segundo ele, a proposta do Workroom segue a mesma, com drinks autorais, comidas e shows de drag queens. "Só que, em determinados dias, poderemos estender isso para uma balada", completa.
A ideia de ir para um espaço maior já vinha sendo considerada há algum tempo, mas Rodrigo e seu sócio, Guilherme Galvão, decidiram concretizá-la após as enchentes de maio. O endereço antigo, no bairro Cidade Baixa, não foi inundado, mas a água chegou à porta do estabelecimento. "Fomos atingidos indiretamente, mas nossos vizinhos foram muito afetados. Consequentemente, ficamos parados por mais de 22 dias com o bar fechado, arcando com todos os custos fixos", comenta o empresário. Além disso, o telhado do estabelecimento foi danificado pelas fortes chuvas.
"Essa situação nos fez resgatar aquele sonho antigo de ir para um espaço maior", lembra Rodrigo. No fim de 2023, os dois sócios produziram uma festa no antigo Cine-Theatro Ypiranga. Após a experiência positiva e a interação com os administradores do espaço, começaram a ver o potencial do local como a nova casa do Workroom. "Achamos o atendimento deles muito bacana e vimos o potencial do lugar. Começamos a pensar: 'imagine levar nossas produções e o Workroom para esse espaço? Levar nosso atendimento, nossa equipe, nossa qualidade de drinks'", comenta.
Com sete anos de operação, o Workroom se mantém como um local importante na cena de entretenimento de Porto Alegre, mas também de acolhimento e resistência para a comunidade LGBTQIAPN . Mesmo sendo um negócio, os sócios compreendem a responsabilidade social que carregam. "Passamos por situações bem complicadas, inclusive ainda estamos pagando parcelamentos desde a pandemia de Covid-19, mas entendemos que temos uma marca consolidada, um projeto inovador e social também", reflete o sócio, que acredita que a identificação entre o público e o estabelecimento é um diferencial no mercado de entretenimento.
O empreendedor destaca a importância de seguir crescendo, mesmo na situação delicada que o Rio Grande do Sul enfrenta. "Abrir e expandir um negócio neste momento, quando muitas empresas estão fechando, é importante. Trazer novidades para a cidade e acreditar que Porto Alegre tem espaço para um ambiente de qualidade e assumidamente LGBT é pensar no futuro e acreditar que podemos continuar crescendo", afirma Rodrigo.
Atualmente, o Workroom conta com um casting de 32 drags queens, divididas em escalas semanais. "Geralmente, são drags que selecionamos no início do bar, e outras foram se inserindo ao longo dos anos", conta o empresário. Desde o início, a ideia foi valorizar as artistas. "É uma classe que não tem formalização, não é reconhecida na sociedade, mas essas artistas têm um papel fundamental na cultura da comunidade", afirma. Hoje, o bar repassa 100% da bilheteria para as artistas. Na inauguração do novo espaço, o valor dos ingressos será destinado a drags que perderam seus trabalhos durante as enchentes.
Rodrigo afirma que a casa está ao lado da defesa dos direitos da comunidade LGBTQIPN , fomentando espaços que levantam essa bandeira. "Quando temos políticas públicas contra esses direitos, fica difícil ter incentivos e valorização. É sempre uma luta contínua, uma gangorra que oscila conforme o tempo e quem está na gestão", desabafa. Rodrigo acrescenta que estar à frente do Workroom é motivo de orgulho.
"Honestamente, me sinto muito orgulhoso. Somos um drag bar em uma cidade conservadora. Recebemos muitos turistas que elogiam o bar pela proposta e pela ousadia de se assumir como drag bar".
Apesar de ter o foco no público LGBTQIAPN+, o sócio garante que todos são bem-vindos. "Aceitamos todas as pessoas livres de preconceito. A ideia é expandir e não ficar só na nossa bolha, mas que essas pessoas saibam onde estão pisando", conclui.
O novo endereço traz mudanças nos cardápios. Nas bebidas, novos drinks autorais compõem o menu. Organzza, Grag Queen, Hellena Malditta e Betina Polaroid são alguns dos drinks que fazem referência às queens do Drag Race Brasil, custando entre R$ 25,00 e R$ 30,00. No cardápio de comidas, houve uma reformulação completa, com opções de R$ 20,00 a R$ 80,00, incluindo entradas e pratos principais. Entre os destaques, estão os dadinhos de queijo coalho com bacon e mel, a burrata com pesto de rúcula, tomates confitados e presunto cru, e a pizza de cebola caramelizada com caramelo.
O novo espaço do Workroom está localizado na avenida Cristóvão Colombo, nº 772, no bairro Floresta. A inauguração ocorrerá nesta sexta-feira, dia 28 de junho, a partir das 20h.
 

Agência de turismo focada na comunidade celebra 17 anos

O destaque da empresa, de acordo com sua fundadora, é o atendimento personalizado e humanizado

Há 17 anos, a recém-formada turismóloga Mariana Fortes idealizou sua agência de turismo. Além da formação já concluída, ela tomou uma decisão: estudar sobre segmentação e gestão de negócios. Após definir que seu eixo de negócio seria focado no público LGBTQIAPN+, Mariana convidou uma ex-colega de curso para fundar Equality.
Mariana conta que nunca tinha trabalhado na área de turismo, mas tinha experiência em eventos voltados para este público, diferentemente de sua sócia, que já possuía experiência na área de turismo. A parceria das fundadoras durou até 2012, quando Mariana assumiu a agência sozinha, comandando a equipe de funcionários já comprometida com a causa.
Desde o início, a segmentação de mercado foi uma estratégia fundamental para a Equality. A decisão de focar no público LGBTQIAPN+ veio por ser um nicho que já era parte do círculo social das sócias e sobre o qual Mariana tinha algum conhecimento a partir de sua irmã, que faz parte da comunidade. "No começo, me perguntavam se isso não era preconceito, exclusão, mas eu acredito que seja justamente o contrário. Não vejo nossa segmentação como preconceito e sim como inclusão", pontua Mariana. Elas exploraram outras possibilidades, como o turismo para a terceira idade, mas percebem que o segmento LGBTQIAPN+ tem maior potencial.
Inspiradas por uma agência similar que operou entre 1999 e 2001 em Porto Alegre, Mariana investigou os motivos pelos quais essa agência não prosperou, buscando evitar os mesmos erros. A Equality surgiu, então, embasada em pesquisas e com uma visão clara sobre a segmentação de mercado. Mariana destaca a importância de tratar todos os clientes de maneira imparcial, respeitando as particularidades de cada grupo dentro do público LGBTQIAPN+. "Não se pode olhar para o público LGBT como se fossem apenas pink money, enquanto as pessoas olharem para essas pessoas apenas como números, não vão conquistar esse público que gasta cerca de 30% a mais contratando serviços", explica Mariana.
Em 2012, com Mariana à frente da empresa, a Equality continuou crescendo e se adaptando às mudanças no mercado e na sociedade. A pandemia de Covid-19 trouxe novos desafios, e a agência passou a operar de forma remota.
De acordo com a fundadora, a empresa se destaca pelo atendimento personalizado e humanizado, com foco na individualidade de cada cliente. Mariana ressalta que a imparcialidade e a proximidade no atendimento são cruciais para conquistar e fidelizar a clientela, especialmente em um mercado ainda marcado pelo preconceito.
"Nunca escondi que a Equality é pensada para o público LGBT, então, se eu percebo alguém sendo minimamente preconceituoso durante o atendimento, tenho total tranquilidade para demitir esse cliente", conta.
Hoje, a equipe da agência é composta por profissionais dedicados ao marketing, lazer e turismo corporativo, com Mariana focando no atendimento aos clientes mais antigos e aqueles que chegam por indicação. A agência oferece viagens personalizadas, incluindo passagens, seguros, reservas em hotéis e restaurantes, e pacotes completos. Além disso, a empresa conta com um aplicativo que auxilia os clientes durante suas viagens, fornecendo informações úteis e suporte em tempo real.
A identificação com a causa LGBTQIAPN+ continua sendo uma parte significativa estrutura da Equality. Hoje, cerca de 50% dos clientes da agência de turismo fazem parte da comunidade.
Para entrar em contato com a Equality, os clientes podem utilizar o Instagram (@equalityturismo), onde encontram o WhatsApp da agência. O atendimento para contratações de planos é de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, mas a agência oferece suporte 24 horas para aqueles que estão em viagem, garantindo que os clientes possam contar com assistência sempre que necessário.
 

Empreendedoras criam hub de soluções para fortalecer a comunidade LGBTQIAPN+

Abalô conta com 45 empresas cadastradas espalhadas por cinco estados brasileiros

Criada pelas empreendedoras Adriana Lima e Patrícia Philis em 2020, a Abalô Conexões Plurais é um hub de conexões que busca fortalecer o empreendedorismo LGBTQIAPN+. Com cerca de 45 empresas cadastradas na plataforma, a iniciativa tem como missão oferecer produtos e serviços seguros para a comunidade.
A ideia da Abalô surgiu em 2019, quando Patrícia, uma mulher lésbica, cansou de se sentir incomodada na hora de comprar roupas. Pensando em evitar constrangimentos, ela procurou empreendimentos especializados em moda agênero. "Quando ia na seção masculina, me perguntavam se era para meu pai, marido ou namorado, nunca para mim. Por que eu não poderia usar uma camisa da seção masculina?", reflete.
Ao comentar sua dor com Adriana, que também é uma mulher lésbica e trabalha com apoio a empreendedores há quase 20 anos, a dupla chegou a conclusão que isso não era um problema só de lojas de departamento. "Começamos a pensar que esse problema não estava só nas roupas, isso estava em diferentes ambientes", diz Adriana.
Após definida a ideia, a dupla realizou uma pesquisa com 200 pessoas, entre consumidores e empreendedores, da comunidade LGBTQIAPN+ para entender quais as demandas e dores em comum. "Fizemos uma pesquisa para verificar uma hipótese que tínhamos. Porque o empreendedor LGBTQIAPN+ empreende? Ele empreende por causa de um desejo, ou está tão preocupados com o preconceito no mercado de trabalho que entende que é melhor sair dali para colocar as suas habilidades em prática e fazer uma geração de renda? O resultado foi que mais de 80% dos empreendedores estavam fugindo do preconceito", conta Adriana.
A Abalô surgiu no início de 2020, auge da pandemia de Covid-19, como um hub virtual. Assim, foi criada uma plataforma 100% online, onde empreendedores divulgam serviços, dos mais variados segmentos, que são seguros para a comunidade. Atualmente, a Abalô conta com 45 empresas cadastradas espalhadas por cinco estados brasileiros. Além de ser uma plataforma de divulgação de empreendedores, os membros são colocados em um grupo onde é estimulado o networking e são organizados workshops mensais sobre empreendedorismo. "Trazemos as pessoas de fora para falar de empreendedorismo para poder ajudar esses empreendedores", afirma Patrícia. A Abalô também busca facilitar a entrada das pessoas da comunidade no mercado de trabalho. Isso é feito através da iniciativa denominada pelas empreendedoras como Jobs pela Diversidade. Além de estimular os empreendedores que já fazem parte da plataforma a divulgarem suas vagas no site, Adriana e Patricia afirmam estar em contato com empresas de RH para que participem da iniciativa."Não adianta ter diversidade e não tem inclusão", pondera Patrícia. Saiba mais no Instagram (@abalonoexoeslgbt).