Eram 10 horas da manhã, do dia 3 de maio, quando o Mercado Público de Porto Alegre fechou as portas. Um dos pontos históricos mais importantes da Capital teve que paralisar as atividades quando a água do Guaíba começou a invadir o Centro Histórico. Nesta sexta-feira (14), depois de mais de 40 dias fechado, o local retoma as atividades de forma parcial com a reabertura do segundo andar. “A nossa família é a quarta geração presente no Mercado Público. Só a nossa banca está há quase 30 anos aqui”, comenta Carolina Kader, que comanda, ao lado de seus pais, a banca Armazém do Confeiteiro. A loja foi totalmente destruída com a inundação.
Os bisavós de Carolina Kader foram os primeiros da família a ocuparem o mercado. Na época, eles começaram comercializando peixes e, com o tempo, o negócio foi se transformando. “Meus bisavós trabalhavam com peixe antes e aí meu avô veio para trabalhar junto. Depois meus pais, e agora eu”, comenta.
Os bisavós de Carolina Kader foram os primeiros da família a ocuparem o mercado. Na época, eles começaram comercializando peixes e, com o tempo, o negócio foi se transformando. “Meus bisavós trabalhavam com peixe antes e aí meu avô veio para trabalhar junto. Depois meus pais, e agora eu”, comenta.
A banca Armazém do Confeiteiro oferece principalmente produtos de confeitaria e produtos naturais. Entre os destaques da loja estão as castanhas-do-pará, castanhas-de-caju e chocolates em geral. “Trabalhamos com muitos produtos do Estado, como o nosso mel e alguns chocolates. Nossos fornecedores também foram atingidos, mas ainda tentam nos atender”, explica. A família se prepara para reabrir a banca na terça-feira (18), assim como outras lojas do andar térreo. “Temos um estoque fora do mercado, aqui no Centro, que não foi atingido. Esta semana organizamos todo ele, mas já temos algumas coisas para voltar a trabalhar”, afirma Carolina.
De acordo com o pai de Carolina, Telmo Kader, a banca perdeu cerca de R$ 250 mil em equipamentos, além de R$ 500 mil em produtos em estoque. “Balanças, que custam em média R$ 11 mil cada, nós tínhamos três aqui”, comenta Telmo. Segundo a família, a banca estava com muita mercadoria, pois o movimento no mês de maio costuma ser forte, chegando a receber 600 pessoas por dia, em datas comemorativas. “Estávamos equipados para o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, que depois da Páscoa e do Natal são as maiores para a gente”, relata Carolina.
O Armazém do Confeiteiro, atualmente, emprega oito funcionários que trabalham com Carolina e seus pais. “Somos uma empresa familiar, e o nosso sustento está todo aqui. São oito famílias que dependem dessa empresa. A vontade de seguir vem do próprio mercado, que nos dá força para reerguê-lo”, reflete Telmo.
De acordo com o pai de Carolina, Telmo Kader, a banca perdeu cerca de R$ 250 mil em equipamentos, além de R$ 500 mil em produtos em estoque. “Balanças, que custam em média R$ 11 mil cada, nós tínhamos três aqui”, comenta Telmo. Segundo a família, a banca estava com muita mercadoria, pois o movimento no mês de maio costuma ser forte, chegando a receber 600 pessoas por dia, em datas comemorativas. “Estávamos equipados para o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, que depois da Páscoa e do Natal são as maiores para a gente”, relata Carolina.
O Armazém do Confeiteiro, atualmente, emprega oito funcionários que trabalham com Carolina e seus pais. “Somos uma empresa familiar, e o nosso sustento está todo aqui. São oito famílias que dependem dessa empresa. A vontade de seguir vem do próprio mercado, que nos dá força para reerguê-lo”, reflete Telmo.
Esperança e resiliência
Há pouco mais de três anos, o Bará do Mercado Público foi oficialmente tombado como patrimônio histórico-cultural de Porto Alegre. Praticantes de religiões de matriz africana acreditam que, no centro do edifício histórico, está assentado o orixá, que, na crença do Batuque, é a entidade que abre os caminhos, trazendo trabalho e fartura. Nesta quinta-feira (13), foi celebrado o Dia do Orixá Bará.
Moedas deixadas para o Bará do Mercado
TÂNIA MEINERZ/JC
"Ontem, comemoramos o dia dele e normalmente é uma data em que o mercado recebe muitos religiosos, e esse movimento é muito importante para a nossa banca. Infelizmente, perdemos essa data, mas seguimos firmes", conta Cláudia Kolesar, proprietária da Banca de Artigos Religiosos Kolesar. A mãe de Cláudia veio da Croácia, ainda grávida dela, e foi a primeira da família a ter uma banca no Mercado Público. "Cresci aqui, o Mercado Público é a minha casa e estamos ansiosos e esperançosos com este recomeço", comenta.
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Há 60 anos no Mercado Público, a Casa da Erva é uma das bancas históricas do comércio. Com uma diversidade de ervas e acessórios para chimarrão, a loja tenta se reerguer para seguir fazendo história. "Passamos pelo incêndio, pela pandemia e agora por essa enchente. Não temos muitos recursos, mas estamos batalhando para reerguer nossa banca. Tirando troco dali e daqui e contando com amigos", desabafa Gilmar Giovanaz, sócio do negócio.
Valdir Sauer, proprietário do açougue San-Remo, chegou a perder 3 toneladas de carne devido à enchente. O empreendedor está no Mercado Público há 42 anos e, além dele, seus irmãos e filhos também possuem bancas no local. Nesta manhã, ele e os funcionários ainda limpavam os balcões para abrirem as portas na próxima sexta-feira (21). "Não sabemos fazer outra coisa. A gente cresceu, não conseguiu estudar e aprendeu tudo aqui. Tudo que a gente tem, a gente deve ao Mercado Público", afirma Valdir.
Valdir Sauer, proprietário do açougue San-Remo, chegou a perder 3 toneladas de carne devido à enchente. O empreendedor está no Mercado Público há 42 anos e, além dele, seus irmãos e filhos também possuem bancas no local. Nesta manhã, ele e os funcionários ainda limpavam os balcões para abrirem as portas na próxima sexta-feira (21). "Não sabemos fazer outra coisa. A gente cresceu, não conseguiu estudar e aprendeu tudo aqui. Tudo que a gente tem, a gente deve ao Mercado Público", afirma Valdir.
Valdir Sauer, proprietário do açougue San-Remo, se prepara para retomar as atividades na sexta-feira (21)
TÂNIA MEINERZ/JC
Entre esperança, incertezas e fé, algumas moedas eram depositadas no mosaico que representa Bará. Conectada com a religião ou não, a maioria buscava um acalanto e um pouco de sorte na retomada dos negócios.
Informações gerais sobre o Mercado Público
Até retomada completa das atividades, o Mercado Público funcionará das 10h às 15h.