O assunto foi tema de palestra do ex-jogador durante a Gramado Summit

Gilberto Silva conta desafios da transição de carreira no futebol


O assunto foi tema de palestra do ex-jogador durante a Gramado Summit

Antes de entrar no palco da Gramado Summit, ainda nos bastidores, o jogador Gilberto Silva aquecia como se fosse entrar em campo. A concentração era para falar ao público sobre a transição de carreira no esporte e sobre as dificuldades de encontrar realização fora das quatro linhas. 
Antes de entrar no palco da Gramado Summit, ainda nos bastidores, o jogador Gilberto Silva aquecia como se fosse entrar em campo. A concentração era para falar ao público sobre a transição de carreira no esporte e sobre as dificuldades de encontrar realização fora das quatro linhas. 
No início de sua palestra, a emoção do ex-jogador frente ao público tomou conta. Após respirar fundo e receber aplausos, começou a contar sobre sua trajetória no futebol. Hoje, Gilberto Silva é empresário, consultor de futebol e mentor de alta performance. "Às vezes, a gente fica muito emocionado e a voz não sai. Mas a vida é feita de desafios e, hoje, pode ter certeza que está sendo um grande desafio para mim", disse. 
Vindo de uma pequena cidade de Minas Gerais, ele conta que precisou trabalhar como servente de pedreiro e funcionário em uma fábrica de caramelo para ajudar a família. Nesse contexto, deixou a primeira oportunidade de ingressar no América Mineiro passar, pois precisava trabalhar. "Aos 19 anos, retornei ao América Mineiro. Cinco anos depois, estava recebendo minha primeira convocação para seleção", conta, lembrando da época em Lagoa da Prata. "Aprendi a jogar futebol com meus amigos, meus primos, mas, principalmente, pelo incentivo do meu pai, que era jogador de futebol amador. Ele me deu uma única lição: jogue simples, não segure a bola. Isso fez parte do meu jogo, da minha vida."
Durante a Copa do Mundo de 2002, Gilberto Silva recebeu o grande voto de confiança de sua carreira. "O Brasil quase ficou fora da Copa. Saímos com uma pressão e desconfiança muito grande. Mas a gente tinha um grande líder. O Felipão conseguiu formar um grupo que jogava futebol por amor e que tinha um objetivo único de vencer", conta sobre a relação com o técnico. "Na véspera da estreia, o Emerson, que era nosso capitão, se lesionou. O Felipão bateu na minha porta e disse que eu jogaria no dia seguinte e que o Emerson tinha sido cortado. Em silêncio, entendi o peso da responsabilidade, porque um grande líder precisa tomar decisões difíceis. Ao final, conquistamos o tão sonhado pentacampeonato para o nosso País", emociona-se. 
Para ter êxito no futebol, ele conta que usou ferramentas que podem ser aplicadas em qualquer carreira. "Disciplina e consistência. Foi isso que me levou onde cheguei. Não era o mais talentoso, não tinha a habilidade do Ronaldinho, não fazia gol como o Ronaldo, mas era disciplinado, errava pouco e conseguia aprender rápido", afirma, destacando que o futebol é fonte de muitos ensinamentos. "Posicionem-se para vencer. No futebol, se você está distraído, toma um gol. E se vocês se distraírem nos negócios? Mantenham o foco", aconselhou. Em parceria com o também ex-jogador Roberto Carlos, ele lançou a plataforma Striver. "O fã do futebol pode se divertir, falar com seu ídolo e com outras pessoas apaixonadas por futebol", explica. "Um dos momentos difíceis é a transição de carreira. O que fica na cabeça do atleta é um ponto de interrogação muito grande. Para mim, uma das coisas fundamentais foi voltar para a sala de aula. Precisei desenvolver novas competências para somarem às habilidades que aprendi no futebol", afirma.