Há quem sonhe em empreender, mas não sabe por onde começar. Apostar em uma marca já consolidada no mercado, com estrutura e processos sólidos, pode ser uma ótima alternativa para quem deseja investir em um negócio próprio. Esses foram alguns dos motivos que levaram os amigos Cauê Ávila, Thales Bidarte e Henrique Demari a optar por uma franquia. Os sócios são responsáveis por trazer a Crepefy, franquia paulista de crepe francês, para Porto Alegre.
O grupo já havia empreendido em outros segmentos, mas sempre no ambiente digital, e estava em busca de um novo desafio. "Queríamos um investimento com lugar físico, funcionários, algo sólido e que pudesse ser escalável com o tempo, e a franquia oferece isso", comenta Thales.
Na busca pela rede certa, o trio encontrou a Crepefy, marca que, de acordo com os sócios, oferecia tudo o que eles buscavam em uma franquia.
"Já havia um conhecimento em negócios, mas na parte da comida em si, nenhum de nós tinha experiência. Então, chegar num modelo de franquia com uma estrutura boa, vídeos explicativos, com todo o apoio, é muito diferente, a gente já entra forte", considera Thales sobre a aposta. "Se fôssemos abrir por nossa conta, iria demorar muito mais tempo até consolidar a marca", acrescenta Cauê.
A Crepefy surgiu com o objetivo de oferecer para o público brasileiro o clássico crepe francês. Em pouco mais de um ano de negócio, a franquia conta com 81 unidades espalhadas pelo Brasil, dessas, 50 já estão em operação. Os bons números da rede fizeram com que os gaúchos decidissem apostar no quitute, que ainda não é tão difundido no Rio Grande do Sul.
"Nós vimos na Crepefy a possibilidade de poder expandir algo já consolidado, mas novo, que ainda não tivesse aqui em Porto Alegre", acrescenta Cauê.
Mais que estruturar processos, empreender também exige manter-se atualizado. Os sócios contam que, desde o início, têm treinamentos semanais com a marca, que vão desde vídeo-aulas sobre os sistemas da rede até ensinamentos sobre o digital, como divulgar melhor o seu negócio e até aprender a usar o TikTok. A rede também oferece consultas psicológicas para apoio emocional do franqueado.
O investimento na unidade da Capital foi de R$ 120 mil, e a operação está localizada na avenida Venâncio Aires, nº 29, na Cidade Baixa.
Com espaço para acomodar cerca de 30 pessoas, a Crepefy está operando em formato de soft opening, variando os horários de atendimento, para compreender o perfil e o comportamento da clientela da região da cidade.
Rede de crepe francês expande no Sul
Foi em uma viagem a Paris, em 2022, que André Augusto conheceu o clássico crepe francês. Com mais de 15 anos de experiência atuando no setor de franquias, o empreendedor enxergou na iguaria europeia uma oportunidade de negócio. Sete meses depois, fundou a Crepefy, marca que busca trazer para o Brasil o lanche que faz parte do dia a dia dos franceses. Com um ano e dois meses de operação, a rede expandiu e, hoje, conta com mais de 81 unidades em diversos pontos do País. O empreendedor planeja, até o fim do ano, ter 120 unidades da Crepefy operando em território nacional. Na região Sul, a marca projeta abertura de 20 novas unidades em 2024. Entre doces e salgados, a Crepefy conta com mais de 30 opções de crepes franceses no cardápio.
GeraçãoE - Quais são os modelos de franquias oferecidos hoje pela Crepefy?
André Augusto - São três modelos em um. Nós temos o próprio balcão, com as pessoas consumindo na hora, no formato take away. Fizemos essa adaptação para o Brasil porque, na Europa, as pessoas pegam e saem comendo pela rua mesmo, mas aqui é um costume do brasileiro comer no local. Então, hoje, 90% das lojas têm um espaço com cadeiras para as pessoas consumirem ali. Temos o modelo de delivery com uma entrega muito boa, 20% das vendas da rede inteira são do delivery. Nós também temos, hoje, 5% do faturamento da empresa por eventos, que estamos realizando. Então, o franqueado pode atuar nessas três vertentes, que andam juntas. O investimento está em média de R$ 80 mil a R$ 120 mil, tudo depende da cidade, região e tamanho do estabelecimento. O payback é de 9 a 18 meses.
GE - É um objetivo aumentar a presença da marca no Sul do País?
André - Considerando Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nós temos uma relevância muito forte no Sul. No Paraná, já temos 12 lojas. Em Santa Catarina, são três e, no Rio Grande do Sul são duas. Percebemos que, aos poucos, a região Sul está crescendo no nosso ecossistema. Hoje, quase 30% da nossa rede está na região sul do País.
GE - Como funciona o processo de expansão e a escolha por um novo ponto?
André - Realizamos um trabalho com uma ferramenta de geomarketing para ver, dentro da região em que o franqueado está disposto a abrir uma unidade, qual o melhor custo por espaço e melhor tráfego. Analisamos o quanto as pessoas consomem fora de casa, qual o poder de capital. Chamamos isso de apoio a quatro mãos, as duas mãos daqui focam no mapa, que entregamos com todas as informações para o franqueado, e ele vai atuar com as duas mãos dele no terreno. Ele que vai validar, já que ele conhece a região, sabe o comportamento das pessoas, qual avenida é mais movimentada, onde se consome mais.
Marca de minimercados autônomos foca no Estado
Abrir o próprio negócio por meio do franchising é o caminho escolhido por muitos empreendedores. É o caso de Karina Pawlowski, 42 anos, que, desde novembro, comanda um minimercado autônomo dentro de um condomínio em Canoas. A operação faz parte da Honest Market Brasil, franqueadora que conta com 300 unidades no País, sendo sete franqueados no Rio Grande do Sul.
Karina conta que sempre teve o desejo de empreender e, na hora de tirar esse sonho do papel, enxergou na franquia um caminho estratégico. "Eu era dona de casa, e os filhos já estão grandes. Então, surgiu a ideia de abrir um negócio próprio, a partir dessa vontade e necessidade da minha parte de voltar para o mercado de trabalho. Vi na franquia uma boa oportunidade de realizar esse desejo, para ajudar na renda familiar, ter um negócio próprio e voltar a trabalhar", conta empreendedora, destacando que analisou o mercado para escolher a marca ideal para investir. "Passei muito tempo estudando e avaliando todas as opções de franquias. Existem várias, fiquei muito na dúvida durante um tempo. Mas uma das coisas que mais impactou na minha escolha foi por ser um serviço de autoatendimento para, pelo menos por enquanto, ter o mínimo de vínculo possível com funcionários e que eu pudesse fazer tudo sozinha", contextualiza.
O minimercado focado no self checkout, acredita Karina, é uma tendência do segmento. A receptividade dos consumidores tem sido uma surpresa positiva e uma prova do interesse neste tipo de operação, comenta Karina. "Parece que é até uma missão poder dar às pessoas do condomínio, a qualquer hora do dia, a oportunidade de ter o que precisam naquele momento. Isso é muito legal, me deixa muito feliz de poder ajudar nesse sentido", avalia Karina.
Para quem, assim como ela, deseja empreender por meio da franquia, Karina aconselha entender bem o modelo de operação antes de embarcar. "O principal é tu te sentires bem e realmente colher todas as informações no início para ver se é isso que tu queres seguir. Existem franquias que têm que ir todo dia no ponto de venda, de repente isso já não fecha com o modelo que a pessoa está buscando", exemplifica.
Entre as vantagens do franchising, a empreendedora destaca o apoio para desbravar o mercado mesmo sem ter tanta experiência. "Recomendo a franquia, porque a gente aproveita todas as vantagens e conhecimentos adquiridos, produtos e serviços que já foram testados, fora a assessoria constante que recebemos. Ser um franqueado é muito vantajoso. Começar do zero é muito difícil dependendo do modelo do negócio", pontua.
Honest Market no RS
A Honest Market Brasil foi criada, em 2020, pelos sócios Ana Paula Moraes , Murilo Specchio e Gustavo Sartott. A marca, que já surgiu com o objetivo de ser uma franquia, cresceu 400% em número de unidades entre 2022 e 2023. Com diversos modelos de operação, que podem ser em salas maiores ou em containers, a franquia da Honest Market parte de R$ 40 mil. "Para 2024, temos um prognóstico muito positivo. Estamos trabalhando continuamente para fortalecer a marca e expandir nossa presença no mercado, tanto no Rio Grande do Sul quanto em outras regiões do país. Com certeza há previsão de abertura de novas unidades no Estado, pois reconhecemos o potencial de crescimento da região. Inclusive, já neste mês, temos quatro inaugurações previstas no Sul e uma delas é no Rio Grande do Sul", diz Ana Paula, sócia co-fundadora e diretora geral da Honest Market Brasil.
GeraçãoE - Qual a representatividade do mercado gaúcho para a marca?
Ana Paula Moraes - O mercado gaúcho tem um papel muito significativo para a Honest Market Brasil. O público da região valoriza bastante a qualidade dos produtos e a conveniência de encontrar tudo o que precisa em um único lugar, o que está totalmente alinhado com o nosso conceito de mercado honesto.
GE - Percebem alguma especificidade do mercado do Rio Grande do Sul? Como é o perfil do franqueado do Estado?
Ana Paula - Nós percebemos algumas especificidades no mercado do Rio Grande do Sul em relação às franquias. Os franqueados da região valorizam a proximidade com os clientes e buscam estabelecer uma relação de confiança com a comunidade local, além de, é claro, impulsionarem marcas e costumes da região.
GE - Para quem deseja começar a empreender, por que as franquias são uma boa escolha?
Ana Paula - As franquias são uma excelente escolha para quem está começando a empreender, porque oferecem diversos benefícios como o suporte e a expertise de uma marca já estabelecida, um modelo de negócio testado e comprovado, processos determinados e, além disso, as franquias reduzem significativamente os riscos associados ao empreendedorismo. Na Honest Market Brasil, estamos sempre ao lado dos nossos franqueados, oferecendo todo o suporte necessário para garantir o sucesso de seus respectivos negócios.
Após ano de crescimento, expectativas seguem positivas para o franchising
De acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), na comparação com o ano anterior, o setor registrou alta de 8,4% em 2023 no Rio Grande do Sul. Para André Belz, presidente da Regional Sul da ABF, os dados reforçam o panorama nacional. "A melhora do quadro econômico do País, num geral, influencia muito no crescimento do franchising, como a retomada de empregos, PIB positivo, menor inflação. Mas o setor evoluiu muito nos processos, relacionamento com consumidores, relacionamentos dentro das suas próprias redes, a parte da tecnologia, digitalização, muita coisa que fez o franchising crescer bastante", considera.
Diferentemente do período da pandemia, em que alguns segmentos cresceram exacerbadamente, enquanto outros sofreram fortes prejuízos, o momento atual é de equilíbrio, define o especialista. "O segmento que mais cresceu em 2023 foi de 17,9% e o que menos cresceu, registrou 9%. Foi tudo muito positivo, com um crescimento médio nacional de 13,8%", expõe. Os setores que mais cresceram no ano passado foram alimentação e food service (17,9%), hotelaria e turismo (16,4%) e saúde, beleza e bem-estar (17,5%).
Em 2023, o faturamento das franquias gaúchas totalizou R$ 13,5 bi, e a projeção é de que o cenário siga na mesma margem em 2024. A previsão nacional também acompanha o cenário gaúcho, e André acredita que o setor de alimentação deve seguir predominando no franchising. "É sempre um segmento muito querido pelos brasileiros. Quem quer empreender, muitas vezes, tem o sonho de abrir o próprio restaurante, mas, às vezes, mesmo que a pessoa goste de um segmento, quando conhece mesmo e vê o trabalho que terá que executar, já não está muito alinhado com as suas expectativas. Depende da afinidade de cada empreendedor", afirma. "Muitas operadoras exigem que o franqueado esteja ali na operação, e isso vai envolver trabalhar no fim de semana, até tarde da noite, feriados. Precisa refletir se está alinhado com o que você quer fazer."
Apesar de muitas pessoas optarem pelas franquias pela segurança de investir em uma marca já existente, algumas habilidades são necessárias para que o empreendedor tenha sucesso na sua operação. "É preciso ter muita vontade de realmente fazer o negócio dar certo. Disciplina, humildade para aprender, entender que vai ter que trabalhar bastante para colher os frutos mais para frente, muita determinação e ambição para crescer, além de características de liderança, que vai precisar desenvolver", pontua.