Dando continuidade ao nome da família, Mariana Tellechea enxerga um novo cenário para as mulheres no agronegócio

Gaúcha é a primeira mulher a ocupar cargo de presidente da Associação Brasileira de Angus


Dando continuidade ao nome da família, Mariana Tellechea enxerga um novo cenário para as mulheres no agronegócio

Ainda que o cenário do agronegócio tenha mudado muito ao longo dos anos, o setor ainda é um dos menos explorados por empreendedoras. Segundo dados divulgados pelo Sebrae-RS, apenas 3% das mulheres empreendedoras atuam no ramo no Rio Grande do Sul. Indo contra as estatísticas, Mariana Franco Tellechea, 61 anos, quebra paradigmas ao ser a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Associação Brasileira de Angus.
Ainda que o cenário do agronegócio tenha mudado muito ao longo dos anos, o setor ainda é um dos menos explorados por empreendedoras. Segundo dados divulgados pelo Sebrae-RS, apenas 3% das mulheres empreendedoras atuam no ramo no Rio Grande do Sul. Indo contra as estatísticas, Mariana Franco Tellechea, 61 anos, quebra paradigmas ao ser a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Associação Brasileira de Angus.
Mariana segue o legado da família ao ser nomeada para presidir a entidade. Nos anos 1960, seu pai, Flávio Tellechea, foi presidente da associação, e seu irmão, Neco Tellechea, também presidiu a entidade em 1984. "É muito gratificante. Tenho um carinho muito especial pela associação, me criei participando de todas as etapas dela. A associação foi fundada no ano em que eu nasci, meu pai sempre nos levava, lembro da primeira sede lá em Esteio. Existe uma dedicação muito grande, foi uma alegria imensa ter sido chamada. Me sinto em casa na associação", define Mariana.
Em 1989, Neco faleceu em um acidente de carro e, em 1990, Flávio não resistiu a um ataque cardíaco e também faleceu. O momento difícil fez com que Mariana, que, na época, tinha dois filhos pequenos, tivesse de assumir mais responsabilidades na empresa. "Até então, eu fazia mais a parte de registro dos bovinos e ovinos no escritório, muito em função das crianças, porque era mais difícil de ir até o campo. Mas aí ficamos só eu, minha mãe, minhas irmãs e minha ex-cunhada. Como eu era a única que morava em Uruguaiana, fiquei atendendo às estâncias e foi se iniciando a sucessão", lembra sobre o processo.
Mesmo orgulhosa em dar continuidade ao nome da família, Mariana admite que o cenário no agronegócio nem sempre foi tão receptivo às mulheres. "Foram momentos difíceis. Nós não tínhamos muita experiência, mas não foi fácil porque as pessoas, com certeza, sabiam que não tínhamos tanto domínio e existia, além de uma resistência por ser mulher, uma resistência por faltar experiência", comenta. Mariana passou 20 anos administrando o negócio ao lado da mãe, Lila Franco Tellechea, até fecharem o espaço em 2009.
A partir daí, o foco foi trabalhar e desenvolver a sua propriedade, a Cabanha Basca, especializada em bovinos Angus e Brangus. Hoje, Mariana comanda o negócio ao lado da filha Lila Tellechea e do genro Henrique Gonzalez. "É uma alegria ver que a dedicação de tantos anos vai ter uma continuidade, que temos uma nova geração no agro com novas ideias, novas tecnologias, que vão renovar os processos", diz.
Mais do que uma nova geração, Mariana enxerga um novo cenário para as mulheres no agronegócio. "Vejo muitas mulheres no agro hoje, nos mais diversos setores. O papel da mulher está cada vez maior e crescendo nesse setor, temos uma aceitação bem melhor hoje em dia. As mulheres vieram para ficar no agro e em qualquer outro segmento da economia. Nosso potencial é enorme, existe muita dedicação e muito talento. Sou muito feliz em poder conhecer, admirar e aprender com outras mulheres", considera.