Com bar de audição e discos de vinil, a operação pretende resgatar a conexão dos porto-alegrenses com a música, com foco no jazz, blues e rock

Clássico de Porto Alegre, Encouraçado reabre em ponto icônico da avenida Independência


Com bar de audição e discos de vinil, a operação pretende resgatar a conexão dos porto-alegrenses com a música, com foco no jazz, blues e rock

Uma das casas noturnas mais badaladas da capital gaúcha dos anos 1960 aos 1990, o Encouraçado  Butikin, que fechou as portas em 2003, está de volta à noite porto-alegrense. Agora com o nome Encouraçado Hall, o negócio volta a ocupar o prédio histórico no número 936 da avenida Independência. A empreitada é de Ricardo Niemec, Sofia Refinetti e Eduardo Alvares, filho de Dudu Alvares, conhecido como Rei da Noite e responsável pelo comando da boate entre 1981 e 1991.
Uma das casas noturnas mais badaladas da capital gaúcha dos anos 1960 aos 1990, o Encouraçado  Butikin, que fechou as portas em 2003, está de volta à noite porto-alegrense. Agora com o nome Encouraçado Hall, o negócio volta a ocupar o prédio histórico no número 936 da avenida Independência. A empreitada é de Ricardo Niemec, Sofia Refinetti e Eduardo Alvares, filho de Dudu Alvares, conhecido como Rei da Noite e responsável pelo comando da boate entre 1981 e 1991.
O objetivo dos novos sócios é homenagear a história do Encouraçado, principalmente no quesito musical, já que, em seu auge, o casarão recebeu nomes de peso como Chico Buarque, Maria Bethânia e Gal Costa. "Queremos muito resgatar isso da música ao vivo, que foi forte lá na primeira temporada do Encouraçado. Uma casa de shows que já começa com esse repertório dá o que falar, passa confiança e carrega um peso", garante Eduardo. Pensando nisso, todo o planejamento estrutural e arquitetônico da casa está sendo feito com base na avaliação de Marcos Abreu, engenheiro de áudio, prezando por uma boa acústica no local. 
Os sócios não são os únicos entusiasmados com a nova fase do empreendimento. De acordo com Eduardo, assim que o anúncio foi feito, a comoção tomou conta da região. "Vejo um carinho muito grande por parte da Independência, tem um pedaço da avenida que volta com o Encouraçado", reflete o sócio. Vizinhos e antigos frequentadores da casa passaram a opinar sobre a nova fase do casarão. "No começo até assustou um pouco, era muita gente falando que não podia fazer clássico com música de hoje, opinando. Percebi que a cidade se sente dona, o que é bacana, até gente que nunca veio aqui sente que pertence, dá opinião. Sabemos que nunca dá para agradar todo mundo, mas nós começamos com muita vontade de fazer algo a altura da história que a casa tem", enfatiza Eduardo.
Ainda em fase de reformas, a previsão é que a casa esteja pronta para abrir as portas em agosto, e os sócios já planejam um evento especial para inauguração do espaço. "Uma ideia é fazer um festival para comportar todos que merecem ser convidados, transformar a festa de inauguração em um festival, três noites, mas ainda estamos estudando possibilidades", comenta. Quem assina o projeto do local é o arquiteto Mário Englert, e, apesar de ainda não ter o projeto final, Eduardo antecipa que o subsolo do casarão será um bar de audição, conceito muito difundido no Japão e que já está presente em alguns bares de São Paulo. Trata-se de um espaço com foco total na música, onde a acústica, arquitetura e ambientação são pensadas para oferecer uma melhor experiência musical. O espaço contará com um grande balcão onde o DJ irá trabalhar apenas com discos de vinil. Os principais gêneros musicais do espaço serão jazz, blues, rock e MPB.
Apesar da casa ter espaço para acomodar mais de 350 pessoas, o sócio garante que esse não é o objetivo. "Nossa proposta não é a superlotação, não condiz com o público que queremos ter aqui. A ideia é que, se tu levantares para ir até o banheiro, não precise disputar lugar ou esbarrar em alguém", explica.
TÂNIA MEINERZ/JC

Quem está por trás do novo Encouraçado

Amigos desde o colégio, Eduardo Alvares e Ricardo Niemec são verdadeiros entusiastas da música. Em uma conversa casual no grupo de amigos da escola, surgiu o assunto de como a dupla gostaria de comandar o próprio bar de música ao vivo, que seria pensado para a faixa etária dos empreendedores, que têm entre 40 e 50 anos. "O Ricardo disse que queria muito ter um lugar do jeito que imagina e que, se eu quisesse, ele abriria comigo", lembra o empreendedor. 
Em seguida, a brincadeira foi tomando forma e ficando cada vez mais séria. Conforme imaginavam o empreendimento ideal, o número 936 da Independência, imóvel da família de Eduardo, ficou vago. "O pessoal que estava alugando ligou e disse que achava que iria sair, eles também têm outro negócio na Cidade Baixa e aqui não estava dando tão certo, então foi meio destino, era para ser assim", pondera. Unindo o útil ao agradável, a dupla decidiu apostar na nostalgia e reviver o Encouraçado.
 
O público-alvo dos sócios são pessoas com mais de 40 anos, mas, como comenta o empreendedor, pelo menos no início, o grande movimento será daqueles que frequentavam a boate nos seus 20 anos de idade. "Acreditamos que vale muito a pena apostar nesse público. Hoje, o pessoal que está com 60, 70 anos, está muito bem, isso mudou muito. Quem está se manifestado e que conheceu a casa nesse primeiro período, com certeza vai vir, então imaginamos esse público entre 40 e 80 anos."