O Brasil vive um processo de envelhecimento. Nos últimos 10 anos, a parcela de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população. Os dados do IBGE revelam a chegada de um novo quadro socioeconômico no País, que vem sendo abraçado pelas seniortechs. As startups voltadas ao público mais maduro buscam, por meio da tecnologia, atender as demandas que surgem com o avançar da idade.
Uma dessas necessidades está relacionada à falta de empregos. Nos últimos dois anos, cerca de 70% das organizações contrataram muito pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos, como aponta um estudo realizado pela Labora. A seniortech busca combater a discriminação por idade - ou etarismo - e promover a diversidade geracional no ambiente corporativo. Com cursos e mentorias gratuitos e disponibilizados via internet, a empresa reposiciona profissionais com mais de 50 anos no mercado de trabalho.
"O ambiente corporativo está passando por transformações muito intensas. Se você não faz nada em relação a isso, é parte da intuição das pessoas deixar os mais velhos de fora", entende Sérgio Serapião, CEO da Labora, sobre o comportamento natural de um mercado baseado no jovencentrismo. "O processo produtivo foi desenhado para jovens. Criei esse movimento em 2018 por ter me dado conta de quanto potencial estávamos desperdiçando."
Durante esse período, a Labora estima ter potencializado a formação de cerca de 10 mil profissionais com mais de 50 anos. Após completar os cursos e as mentorias, o usuário pode se candidatar a vagas ofertadas por empresas que são clientes da seniortech, como Itaú, Boticário, TIM, C6 Bank e Parque da Mônica. Ou seja, a Labora, além de disponibilizar conteúdos para o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais, conecta talentos a corporações parceiras. Estas, por sua vez, podem optar por uma contratação direta, temporária ou por projeto.
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Combate ao etarismo
O objetivo da iniciativa é redefinir aspectos da longevidade e valorizar o que cada faixa etária tem de melhor para oferecer ao mercado. "Tem a criatividade juvenil, que é aquela de brainstorming. Mas tem também a criatividade sênior, que é mais assertiva, moldada pelos acertos e erros de toda uma vida. Uma não é melhor que a outra, mas as duas se complementam. As empresas podem ter muitos ganhos ao ativar aquilo que cada um tem de melhor", percebe Sérgio. "Quando as pessoas eliminam essa camada que se colocam com a idade, e os outros reforçam, conseguem atuar muito bem."
Elucidar a importância da diversidade geracional para um ambiente corporativo pautado pelo jovencentrismo e pelo etarismo é, no entanto, um desafio. "Quando vou para o mercado, começo com uma conversa muito mais simples: o que fazemos é gerar crescimento para a empresa. Senão, ficamos tentando trazer todo mundo para a nossa bandeira, e não necessariamente essa é a bandeira da corporação. Quando a empresa vê resultado, ocorre a transformação de cultura", reflete Sérgio. E a receita parece estar dando certo. Para este ano, a Labora planeja aumentar em até três vezes o faturamento da marca. Apesar de ainda em tom discreto, as corporações estão despertando para o tema, como aponta o CEO da startup.
Rompimento de estigmas no ambiente digital
Nesse sentido, o ambiente digital surge como um aliado para ampliar o alcance. "No WhatsApp, Facebook e Instagram, o público mais maduro está muito conectado. Temos que quebrar esse paradigma. O desafio é fazer a transição para outras ferramentas mais atualizadas", diz Sérgio. Para o CEO da Labora, a tecnologia deve ser usada em benefício do negócio. "Nossos cursos são aderentes ao nível de digitalização de praticamente toda população brasileira. Conduzimos a pessoa devagar, por alguns exercícios, cruzando com as referências que ela tem."
Sobre as oportunidades da Labora
A Labora oferece oportunidades para pessoas 50 nas áreas de tecnologia, vendas e atendimento. A maioria dos empregos são remotos. Empresas interessadas em se tornarem parceiras da seniortech devem entrar em contato pelo site.