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28 de Setembro de 2023 às 09:17
ge nos bairros
Giovanna Sommariva, Isadora Jacoby, Jamil Aiquel, João Pedro Cecchini
GE
ge nos bairros
O GE nos Bairros de setembro visitou o Rubem Berta Foto: Tânia Meinerz/JC
Giovanna Sommariva, Isadora Jacoby, Jamil Aiquel, João Pedro Cecchini
A edição de setembro do GE nos Bairros visita o bairro da zona norte de Porto Alegre
Empreendedores do Rubem Berta acreditam no potencial de transformação do bairro
Giovanna Sommariva, Isadora Jacoby, Jamil Aiquel, João Pedro Cecchini
A edição de setembro do GE nos Bairros visita o bairro da zona norte de Porto Alegre
Fazendo limite com o município de Alvorada, o bairro Rubem Berta homenageia em seu nome o primeiro funcionário da antiga Varig e principal administrador da empresa até 1966. A região do bairro na Zona Norte da Capital era, desde os primeiros povoadores, dedicada às atividades agropastoris, inclusive com formações de tambos de leite. O aumento populacional deu-se principalmente a partir da década de 1960.
O Rubem Berta conta com diversas opções de áreas verdes, onde a Praça Professor Jorge dos Santos Rosa destaca-se com quadras esportivas e pista de caminhadas. Já a Praça Major Rubem Berta fica junto aos conjuntos habitacionais característicos do bairro. São 39 núcleos residenciais, com oito prédios e 16 apartamentos cada. Tais números fazem com que o bairro seja um dos maiores de Porto Alegre.
*Vinícius Mitto
Padaria fideliza clientes no Rubem Berta há 24 anos
Luiz Carlos Rossi é proprietário da Padaria Brasil Itália, ponto clássico do bairro Rubem Berta Foto: Tânia Meinerz/JC
Natural de Ilópolis, município no interior do Rio Grande do Sul, o gaúcho Luiz Carlos Rossi trilhou o caminho de muitos interioranos e veio para a Capital em busca de oportunidades. Após diferentes experiências, incluindo um período vivendo em Minas Gerais - sempre atuando no comércio -, Luiz decidiu que estava na hora abrir o próprio negócio. "Nada deu certo, mas quando comprei o ponto aqui, que era do meu cunhado, tentei a padaria. Produzia de manhã e, quando chegava o meio-dia, já não tinha mais nada", lembra o empreendedor sobre o início da Padaria Brasil Itália, que opera desde 1999 no bairro Rubem Berta.
O empreendimento começou apenas como padaria, mas, ao longo dos anos, expandiu e passou a atuar em novas frentes, também atendendo a demanda da clientela. Hoje, são 300m² e 11 funcionários trabalhando no local, que opera como padaria, confeitaria, minimercado e conta com mesas para consumo no local.
Morador do Rubem Berta, Luiz acredita ser um dos comércios mais antigos da região. "Acho que a maioria dos outros lugares antigos fecharam, principalmente na pandemia. Muita coisa acabou fechando", afirma. O período de isolamento social não foi fácil para o empreendedor, que, por muitos dias, teve de atender os clientes na porta do estabelecimento. "Alguns me diziam que precisava de tele-entrega, mas não fiz isso. Eu sou do tempo mais antigo, daquele ritmo, então não quis, é fazer o que eu conheço e que dá certo", expõe.
Há mais de 20 anos na região, Luiz acompanhou de perto as mudanças no bairro. Muitos negócios e novos empreendedores surgiram ao longo dos anos, e a Padaria Brasil Itália sempre recebeu os vizinhos de braços abertos. "Acho que tem espaço para todo mundo, cada um vai vender o seu. Nunca tive inimizade com ninguém, me dou bem com todo mundo", declara.
Apesar do que se pode pensar sobre o bairro da Zona Norte, o empreendedor afirma não ter nenhuma reclamação sobre a segurança da região, muito pelo contrário. "Me sinto melhor chegando aqui do que em outros lugares de Porto Alegre. Gosto de morar aqui, ando por tudo, tenho muitos amigos no bairro", comenta.
O carro-chefe do espaço é a padaria, que, por dia, chega a vender mais de 3 mil pães. Para Luiz, a principal lição que fica após tanto tempo empreendendo é resiliência. "Não é fácil. Precisa levantar às 4h, trabalhar até às 21h, é bem sofrido, mas a gente aprende muita coisa", pondera.
A Padaria Brasil Itália recebe esse nome pela descendência italiana de Luiz, que recebeu a sugestão do cunhado. "Quando comprei o espaço, ele disse que ia dar certo, um brasileiro com um gringo, italiano, daí surgiu o nome", explica. O empreendimento abre as portas de segunda-feira a sábado, das 7h às 12h e das 14h30min às 20h30min.
Empreendedora comanda primeira papelaria do bairro Rubem Berta e celebra crescimento do negócio
Mari Costa é o nome por trás da papelaria João e Maria, que desde 2020 funciona no Rubem Berta Foto: Tânia Meinerz/JC
Localizada na avenida Adelino Ferreira Jardim, nº 565, no bairro Rubem Berta, a Papelaria João e Maria é, segundo Mari Costa, empreendedora por trás do negócio, um dos únicos estabelecimentos focados em produtos de papelaria na região. Oferecendo materiais escolares, xerox e até mesmo jogos pedagógicos, o empreendimento caiu no gosto dos moradores. Mari orgulha-se em comandar um ambiente acolhedor onde todos são bem-vindos.
A papelaria nasceu em agosto de 2020, quando Mari percebeu que não havia um negócio dedicado exclusivamente aos materiais escolares no bairro. A empreendedora é mãe e moradora do Rubem Berta há mais de 30 anos, portanto, sabendo da dificuldade de conseguir produtos de papelaria na região, resolveu agir. "Na função de papelaria tínhamos que ir para fora, para o Centro, Alvorada, Assis Brasil. Tinha uma carência bem grande de negócios focados em papelaria aqui no bairro", explica Mari.
Inicialmente, o empreendimento era mais enxuto e contava apenas com uma prateleira, que abrigava uma máquina de xerox e alguns itens básicos como lápis, borracha e caneta. Com o tempo, Mari passou a ouvir os pedidos dos clientes e ir atrás dos produtos requisitados. Assim, a variedade foi crescendo, e a clientela também."A criançada perguntava 'Tia, tem isso? Tia, tem aquilo?' Respondia que não tinha, mas que iria atrás. Assim foi crescendo, o pessoal foi comprando e a vitrine hoje está cheia", lembra.
Atualmente, a Papelaria João e Maria oferece materiais escolares, como mochilas, cadernos e estojos dos mais variados personagens infantis, inúmeros tipos de canetas, borrachas e lápis de cor, tecidos e até mesmo materiais pedagógicos. A variedade de produtos é tanta que a atual sede está ficando pequena, e Mari já pensa em mudar de ponto - mas, claro, sem deixar o Rubem Berta.
De tanto ouvir pedidos de seus clientes, ela passou a entender o mercado e teve a iniciativa de dar ideias de produtos para seus fornecedores. Foi assim que a Tris, empresa de materiais escolares, lançou nacionalmente a linha de produtos do Naruto - desenho animado japonês muito popular entre os clientes do negócio.
"Essa linha só existe por causa da Mari. Ela chamou a empresa e deu a ideia", conta Álvaro Saraiva, marido da empreendedora, enquanto aponta orgulhosamente para materiais envelopados com a temática.
Essa iniciativa de ouvir seus consumidores fez com que os funcionários da papelaria criassem um vínculo único com os clientes, algo que, segundo ela, é um dos grandes diferenciais da João e Maria. "Tratamos todos igualmente. Temos muita empatia. Às vezes, tem gente que vem aqui e nem quer comprar nada, só quer conversar", conta Mari.
A proximidade e cuidado com seus clientes é apenas o reflexo do amor que Mari tem pelo bairro Rubem Berta, região que, para muitos, destaca-se pelos índices de violência. Mas, para ela, o destaque são as oportunidades que a região oferece. "Empreender aqui não é difícil. É um bairro muito grande, onde as pessoas são muito conectadas", reflete Mari. A Papelaria João e Maria funciona de segunda-feira a sábado, das 8h às 19h. Para mais informações, entre em contato pelo WhatsApp (51) 98467-8640.
Clínica de saúde e bem-estar para mulheres conquista clientela na zona norte de Porto Alegre
Patrícia Brasil é a responsável pela Physic, clínica integrativa de saúde e bem-estar exclusiva para mulheres Foto: Tânia Meinerz/JC
Acreditando no potencial do Rubem Berta e com a missão de oferecer serviços de qualidade para os moradores do entorno, Patrícia Brasil comanda, desde 2021, a clínica de saúde integrativa para mulheres Physic. Com foco no bem-estar, o espaço, que fica na rua Alberto Rangel, nº 466, conta com serviços multidisciplinares, como yoga, tratamento para dores crônicas, atendimento nutricional e psicológico. "É tudo voltado para saúde. Não trabalhamos com nenhuma linha voltada à estética, nem para nada que não seja a qualidade de vida", explica a empreendedora.
Patrícia conta que o desejo de empreender no bairro veio quando, após sua graduação em Educação Física e especialização em lesões e dores crônicas, começou a trabalhar em outras regiões da Capital. "Trabalhei muito tempo no Moinhos de Vento, no Menino Deus, nos bairros mais nobres, mas sempre tive a sensação de que devia alguma coisa para o Rubem Berta, porque todo mundo tinha que sair daqui para ter esse atendimento", lembra a empreendedora. E foi na casa onde passou boa parte da vida que encontrou o caminho para começar a tocar o negócio. "Eu saí de casa, meu irmão também, e a casa foi ficando vazia. Vi uma oportunidade de usar o espaço de uma forma que pudesse contribuir para todo mundo na região. Comecei sozinha em 2013, com atendimentos mais individuais. Pós-pandemia, abri CNPJ e trouxe todo mundo junto", conta sobre o atual modelo de negócio.
Hoje, a Physic conta com diversos serviços de saúde, todos exclusivos para mulheres. A escolha, explica Patrícia, tem como objetivo tornar o espaço mais acolhedor. "As mulheres têm uma tendência a querer cuidar mais da saúde. As pacientes que têm dores crônicas, que precisam um atendimento psicológico, nutricional, muitas vezes estão mais fragilizadas, e vi nisso um público que precisa de mais acolhimento, mais cuidado, um ambiente mais confortável onde possa expor essa vulnerabilidade. Por isso usamos o livre de padrões na parede, porque é um ambiente onde as mulheres podem se libertar, se sentirem acolhidas e confortáveis, trazendo suas dores, traumas", garante Patrícia sobre a operação. Os serviços funcionam com hora marcada de forma individual ou em grupos, como na yoga, e os valores variam de acordo com a modalidade, ficando entre R$ 100,00 a R$ 250,00.
Para Patrícia, um dos aspectos que auxilia quem empreende na região é a escassez de serviços de qualidade que, segundo ela, ainda impera no bairro. "Quando as pessoas conhecem o serviço, elas têm muita gente para indicar. É um bairro com poucas referências de saúde", percebe a empreendedora, destacando a rede de apoio que construiu com outras mulheres que comandam negócios no bairro. "Nós vamos tentando trocar contatos, experiências, se ajudar em datas comemorativas para fazermos alguma divulgação juntas. Vamos fazendo uma rede de apoio em que uma vai indicando a outra", conta, ressaltando que essa nova geração de empreendedoras têm trazido um novo olhar para o bairro. "Todas nós somos as primeiras da família a empreender assim e aqui. É um olhar muito diferenciado de qualidade de serviço. Tentamos nos especializar o máximo possível para crescer, porque, estando aqui, tem que ter um diferencial. Se for um profissional comum, não se destaca. Para uma pessoa da região da avenida Assis Brasil vir até aqui, tem que ter um diferencial muito grande. Temos esse desafio de trazer mais qualidade do que quem está num bairro mais nobre, porque não temos o diferencial da localização, então precisamos ganhar em todo resto", avalia.
Além da parceria com empreendedoras, Patrícia prioriza profissionais do bairro para compor os serviços da Physic. "Todas são de menos de 1 Km, todo mundo é de perto. Prezamos muito por manter as pessoas por aqui", afirma Patrícia. Para ela, um dos principais desafios de empreender na região é quebrar estigmas negativos que o bairro carrega. "Sinto uma necessidade de conseguir quebrar essa má visão da região, de que as pessoas daqui não são tão boas, que tu vais ser assaltado. Porto Alegre é insegura em todos os lugares. Sinto que posso fazer ainda mais para as pessoas entenderem que tu podes ter qualidade em qualquer lugar. Sinto que falta a região aparecer mais para o lado bom, porque todas as notícias são horríveis. Todas as partes ruins aparecem muito, e tudo que tem de bom fica em segundo plano. Isso dá uma desmotivada", lamenta.
No entanto, apesar das dificuldades, o clima na Physic é de muita fé no potencial do Rubem Berta. Para potencializar ainda mais o desenvolvimento da região, o foco de Patrícia, para o futuro, são os eventos fechados aos fins de semana, modalidade de serviço que começou neste mês.
Churrascaria vende 300 espetos por dia no bairro Rubem Berta
Paula Silva Ferreira, sócia da empresa Família da Brasa. Bairro Rubem Berta. GE Foto: Tânia Meinerz/JC
É parte das raízes gaúchas juntar a família para assar um churrasco. A Família da Brasa segue a tradição, mas como um negócio. Desde 1992 no número 45 da avenida Adelino Ferreira Jardim, no bairro Rubem Berta, a churrascaria aposta na comercialização de carnes assadas para levar.
Quem está à frente do negócio hoje é Paula Silva Ferreira, 31 anos. O surgimento da Família da Brasa, no entanto, está relacionado a suas gerações anteriores. Os tios João e Valdeci Tomaz foram os responsáveis por iniciar as atividades, no bairro Rubem Berta, em 1992.
Posteriormente, Araci e Glenio Ferreira, pais de Paula, entraram no negócio. A churrascaria esteve no endereço até o início dos anos 2000, quando os sócios decidiram vender o ponto para outra empresa de carnes. A situação levou a Família da Brasa a novos espaços na Zona Norte de Porto Alegre. Em 2002, a churrascaria abriu no bairro Sarandi, mais especificamente na avenida Assis Brasil, nº 6342, onde permanece até hoje.
Mas a chama do Rubem Berta continuava acesa. Em 2019, a Família da Brasa regressou ao exato ponto em que operava no início de sua história. A unidade da churrascaria no Rubem Berta vende, em média, 300 espetos por dia. Para Paula, esse número está relacionado à enorme população do bairro, que, com cerca de 75 mil moradores, é considerado o mais populoso de Porto Alegre. "Essa nossa região é como se fosse um centrinho, então, passa muita gente", entende a empreendedora sobre as vantagens do endereço.
Os desafios, contudo, também fazem parte da operação. "Existem algumas dificuldades aqui, não podemos negar. Uma delas é a questão da violência. O Rubem Berta é um bairro conhecido por isso", diz ela. Para combater essas adversidades, a Família da Brasa possui um horário de funcionamento mais restrito se comparado a outros negócios. A operação acontece de sexta-feira a domingo, das 10h às 15h.
A churrascaria, além disso, enfrenta problemas relacionados ao espaço físico. Há muita fumaça, o carvão costuma se espalhar, e isso exige cuidados específicos com a loja. "É um tipo de negócio que temos que estar sempre reformando, tem bastante desgaste", compreende a proprietária da Família da Brasa. Neste ano, inclusive, o negócio passou por mudanças. "Mexemos no layout, sempre tentando atualizar. Ainda têm mais algumas coisas que queremos fazer."
Pensando nesses próximos passos da churrascaria, Paula coloca em foco a sucessão familiar, com o objetivo de trazer novas diretrizes à gestão do negócio. "Meus pais estão me passando esse bastão. Eles já querem ir se afastando da operação, até pela questão da idade. Temos que fazer essa transição de uma maneira segura e estável para que o negócio permaneça crescendo", planeja a sócia sobre o processo de transferência de comando.
Fora do âmbito administrativo, a churrascaria oferece carnes para levar ou para entrega em domicílio. Os pedidos devem ser feitos pelo iFood ou WhatsApp (51) 3341-8289. O delivery ocorre para endereços que estejam num raio de até 8 quilômetros do ponto.
A Família da Brasa oferece cortes de gado, frango e porco, além de acompanhamentos para churrasco, como arroz, batata frita e massa. Entre os itens mais pedidos, destaca-se a costela bovina. Vendida em porção de 800g, a opção custa R$ 39,90. Em relação às carnes brancas, a sobrecoxa conta com a fidelidade da clientela. A alternativa é comercializada em seis unidades e precificada em R$ 28,90.
O churrasco da Família da Brasa também está disponível para eventos. Há mais de 30 anos no mercado, o negócio aposta, desde o ano passado, em um novo braço da operação. "Já estamos com alguns eventos fechados para o fim do ano. Temos como objetivo nos especializar ainda mais nesse segmento para oferecermos outras opções além do churrasco", destaca Paula.
Com mais de 30 opções de à la minuta, boteco é ponto clássico do Rubem Berta
Morador do bairro há 35 anos, Leandro Santos da Rosa abriu o Buteco du Chef há cinco anos Foto: Tânia Meinerz/JC
Foi de olho no potencial que a grande população do Rubem Berta oferece para os negócios que Leandro Santos da Rosa, 41 anos, começou a empreender. Desde 2018, ele comanda o Buteco du Chef, operação que fica no número 203 da rua Professora Amy Herve Ramires. O foco do negócio, hoje, está no almoço, oferecendo mais de 30 opções de pratos que variam entre massas, à la minutas e lanches.
No entanto, o amor de Leandro pela cozinha veio muito antes de comandar o próprio negócio. Morador do Rubem Berta há 35 anos, ele conta que foi ainda na adolescência que começou a trabalhar dentro da cozinha. "A partir dos 14 anos, comecei como auxiliar de cozinha com o meu tio. Peguei gosto pela comida. Trabalhei até os 20 e poucos anos com comida e depois fui para uma outra empreitada: trabalhar em shopping, como gestor de um loja. Fiquei sete anos nessa empresa e fiz faculdade de Administração", lembra. Quando a empresa em que trabalhava faliu, Leandro recebeu um conselho de sua esposa, que foi o pontapé inicial para o negócio. "Ela falou que estava na hora de colocar o que eu sabia na teoria em prática. Começamos com um espaço pequeno, com quatro ou cinco mesas, abríamos à noite, que hoje já não abrimos mais", conta sobre o início do negócio.
Quando começou a operar, o empreendedor conta que lutou para quebrar alguns estereótipos da região. "O bairro carecia de um ambiente assim, porque é mais classe baixa, então, todo mundo achava que não deveria ter um bar como o nosso. Ouvi de muita gente que estava no lugar errado. Mas estou no lugar certo, porque tem público para todo mundo", percebe o empreendedor, que planeja uma novidade para o bairro em breve. "Para o verão, vamos colocar um parklet na frente. Vai ser o primeiro parklet da Zona Norte autorizado pela EPTC. Em novembro, começamos a função", revela Leandro.
Agora, o Buteco du Chef opera exclusivamente durante o dia. Ao longo da semana, o funcionamento é das 11h às 18h, com foco no almoço. O grande contingente populacional do bairro contribui para que o negócio opte por esse horário de atendimento, garante Leandro. "Tem muita gente, é uma cidade. Temos uma visibilidade boa dentro do bairro, somos referência no à la carte. Trabalhamos com mais de 30 tipos de à la minuta diversificadas", destaca. Os pratos partem de R$ 15,90 chegando a R$ 40,90, com opções de peixe, picanha, porco, chuleta e entrecot. Todas as carnes podem ser servidas grelhadas, aceboladas, à milanesa ou à parmegiana. Além dos pratos, o cardápio conta com opções de xis, cachorro-quente e petiscos. "Nosso selo de lanche é que ele não é feito com pão de massinha, como a maioria no bairro. Xis, cachorro quente, bauru, todos com são com pão d'água", explica.
Durante a pandemia, o negócio aderiu ao delivery, modalidade que foi bem recebida pela clientela. Hoje, entre a tele-entrega e o consumo no local, Leandro vende cerca de 100 almoços nos dias de semana - número que passa de 170 aos fins de semana, quando o negócio opera das 11h às 16h.
O empreendedor conta que o principal desafio de manter um negócio no Rubem Berta é enfrentar os estigmas que a região carrega. "O desafio é pelo retrospecto negativo que tem o bairro. Criminalidade, assaltos, essa é uma luta constante. São as adversidades. Um dos motivos de não abrir à noite também foi esse", pondera Leandro. No entanto, o empreendedor enxerga no bairro muitos pontos positivos. Entre eles, a boa relação da comunidade. "Aqui no bairro, tanto a vizinhança quanto o comércio em geral são bem unidos", diz ele, que troca experiências e informações de segurança com quem comanda outras operações na região.
Morador do bairro há mais 30 anos, Leandro destaca que a região conta com diversos atrativos para quem ainda não conhece essa região da Zona Norte. "O bairro Rubem Berta, como qualquer outro, tem seus pontos positivos. A Praça México, o Parque Chico Mendes, que é uma referência e está sendo reformado, onde construíram uma pista de skate. Tem festival de música, de dança, muitas coisas culturais. Fora os botecos e os bares. Tem bastante coisa bem atrativa no bairro", garante o empreendedor.
Com foco nas tortas, empreendedora aposta no Rubem Berta para consolidar marca
Priscilla Moraes Goulart comanda a Imperatriz Tortas Foto: Tânia Meinerz/JC
Uma história de sobrevivência. É assim que Priscilla Moraes Goulart Turski define a sua trajetória empreendedora. Desde 2020, ela comanda a Imperatriz Tortas na rua Alberto, nº 166, no bairro Rubem Berta.
Após passar anos apenas sonhando em abrir o próprio negócio, foi em março de 2020, uma semana antes do início da pandemia, que Priscilla deu o primeiro passo e entrou como sócia no negócio, onde, até então, trabalhava como funcionária. "Quando fechou tudo, vários fornecedores começaram a entrar em contato querendo saber se eu estava assumindo a empresa, porque tinha dívida aqui, dívida lá. Assumi uma empresa falida, em plena pandemia e sem experiência empreendendo", admite sobre o início do negócio, que não foi nada como o esperado.
"Tiveram dias em que, ao mesmo tempo que eu queria que entrassem pedidos para poder faturar, não tinha dinheiro para comprar matéria-prima. Precisava priorizar os que pagassem à vista para entregar, pegar o dinheiro e ir comprar mais material para ter como fazer os outros pedidos", revela a empreendedora. Hoje, três anos depois, o cenário mudou. Mas, para isso, algumas atitudes foram necessárias, como a mudança de endereço da empresa de Cachoeirinha para o Rubem Berta, bairro onde Priscilla vive desde que nasceu.
Quando assumiu o negócio, o foco da marca era a venda de tortas para mercados, mas, com o tempo, Priscilla tem feito o esforço de direcionar as vendas diretamente para o consumidor final. "Sempre vivi aqui, então conheço todo mundo. Sempre frequentei a igreja com a minha mãe. Meu filho frequenta a escola aqui, rolam os aniversários dos coleguinhas, todas as mães me conhecem, então, todo mundo me liga, pede as tortas. São esses laços que fortalecem e me fazem continuar", afirma.
Para Priscilla, a relação de parceria entre os empreendedores é uma característica marcante do Rubem Berta. "Tem uma doceria aqui na rua de trás, tem uma doceira ótima aqui na avenida Mário Quintana, se eu não posso, se estou com a agenda cheia, indico sem problema nenhum, acho que tem espaço para todo mundo. Se tem espaço para o número de farmácias que está abrindo, tem espaço para todas as confeiteiras do bairro", brinca Priscilla, entre risos. "Empreender, para mim, é dar as mãos. É muito difícil e, sozinha, mais desafiador ainda, então é importante essa união", define.
Hoje, ela é responsável por toda a produção da marca, colocando, literalmente, a mão na massa. "Já sabia tudo sobre a temperagem, receitas, toda a teoria, mas tinha muito medo da prática. Porém, quando assumi, tive que fazer, fui aprendendo tudo", conta Priscilla.
A Imperatriz Tortas ainda realiza pedidos para mercados, mas não pretende expandir a cartela de clientes desse formato. O foco, agora, é o consumidor final. "Vamos continuar com esses clientes que nos trouxeram até aqui, mas, para o futuro, o plano é focar mais em festas, em pessoas físicas", afirma. Um dos objetivos da empreendedora é abrir uma loja apenas para venda de itens à pronta-entrega. Priscilla ainda não sabe quando, mas já tem certeza do endereço.
"Muita gente fala em se mudar, abrir no Moinhos de Vento, mas eu não. Não pretendo sair daqui. Digo que quero abrir ali na Cohab, onde tem gente que faz festa, aniversário, encomenda aqueles bolos tipo colchão, um lugar com bastante fluxo de crianças", considera a empreendedora.
Recentemente, a marca também passou a vender docinhos e salgadinhos, no intuito de oferecer a festa completa para a clientela. São vários tamanhos de tortas e os valores variam de acordo com o sabor. A Imperatriz Tortas opera de segunda a sábado. Encomendas podem ser feitas pelo Instagram (@imperatriztortas) ou diretamente pelo WhatsApp (51) 99396-6790.