Apostando no público que frequenta os grandes centros acadêmicos, empreendedores comandam negócios que cativam universitários

Da tradição à novidade, negócios apostam no movimento das universidades em Porto Alegre


Apostando no público que frequenta os grandes centros acadêmicos, empreendedores comandam negócios que cativam universitários

Universidades são locais de fomento de sonhos e novas oportunidades, que não ficam restritas apenas a estudantes. Negócios situados no entorno dos principais centros acadêmicos de Porto Alegre encontram uma comunidade fiel e um ambiente pujante para crescer. Um desses espaços é o Xirú Beer, bar localizado na avenida João Pessoa, nº 147, esquina com a rua Antônio Guimarães, que, desde 2005, é fielmente frequentado pelos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Comandado pelos irmãos Marciano e Cassiano Martinelli, o empreendimento se tornou parte do dia a dia dos alunos do campus central da universidade.
Universidades são locais de fomento de sonhos e novas oportunidades, que não ficam restritas apenas a estudantes. Negócios situados no entorno dos principais centros acadêmicos de Porto Alegre encontram uma comunidade fiel e um ambiente pujante para crescer. Um desses espaços é o Xirú Beer, bar localizado na avenida João Pessoa, nº 147, esquina com a rua Antônio Guimarães, que, desde 2005, é fielmente frequentado pelos alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Comandado pelos irmãos Marciano e Cassiano Martinelli, o empreendimento se tornou parte do dia a dia dos alunos do campus central da universidade.
O Xirú abre cedo, e, desde às 8h, está pronto para atender os alunos da universidade federal. O foco do negócio são as comidas de boteco, como pastel e batata frita - segundo Marciano, o bar produz uma média de 150 pastéis por dia -, e, claro, a cerveja. Além disso, é disponibilizado um buffet na hora do almoço.
Marciano adquiriu a operação através de seu antigo chefe, Antônio Saraiva. Ele era dono do antigo Bar do Antônio, que era localizado no interior da Ufrgs, e do Bar da Tia Ione, que ficava dentro do Colégio de Aplicação, quando a escola ainda era sediada no campus centro. Antônio tinha outros bares espalhados pela cidade e, quando resolveu se aposentar, vendeu o seu melhor ponto para Marciano, seu funcionário de longa data.
Assim, junto de seu irmão Cassiano, o empreendedor desembolsou uma quantia de R$ 80 mil, parcelados em 40 vezes, para adquirir o empreendimento, que, na época, chamava-se Antonio's Bar. Marciano acredita que a ação foi um agradecimento de seu antigo chefe, que veio a falecer no ano passado.
Ao fim das parcelas, os irmãos alteraram o nome para Xirú Beer - uma gíria gaudéria que quer dizer amigo, companheiro -, mas mantiveram os mesmos funcionários da antiga operação. Hoje, o Xirú conta com quatro funcionários, divididos em garçons e cozinheiros. As funcionárias que comandam a cozinha trabalham lá desde a época do Antônio, o que faz com que o bar tenha uma atmosfera bem familiar.

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Mas, apesar disso, o que mais chama a atenção no Xirú não são os produtos ali oferecidos, mas sim o sentimento de amizade e camaradagem que foi criado com os alunos ao longo dos anos. "Aqui, todo mundo é xirú ou xirúa", explica Marciano, rindo.
Ao entrar no bar, é possível perceber inúmeras fotos de turmas de formandos espalhadas pelas paredes. São as turmas que homenagearam o empreendimento em seus discursos de formatura. "Já é tradição vir aqui para tirar foto de toga", conta o dono do Xirú.
Marciano lembra de todos os rostos eternizados nas paredes de seu bar com muito carinho. "Aqui tem a primeira indígena a se formar em Farmácia na Ufrgs. Tem outro que é procurador do Estado. Essa aqui foi a primeira turma a colocar uma placa no bar", conta ele com orgulho, mostrando as fotos. Nas paredes do bar, também existem histórias tristes, como o caso do aluno que faleceu na semana de sua formatura e, hoje, possui um espaço especial na parede do Xirú.
Essa proximidade com os alunos proporciona aos donos relatos engraçados. Marciano conta que a enfermeira que fez a cesárea de seu primeiro filho o reconheceu durante o parto. Outra história inusitada lembrada pelo empreendedor aconteceu recentemente, quando um cliente saiu do bar sem pagar, mas esqueceu seus documentos. "Fui no Palácio da Polícia e a pessoa que me atendeu é formada na Economia e a delegada formada no Direito aqui da Ufrgs. Quando ela me viu, falou 'E ai, Xirú, veio trazer um cafezinho para gente?' ", conta o empreendedor. Até mesmo o slogan do bar surgiu por conta da boa relação com os alunos. A fachada diz "Xirú Beer, o bar dos sábios", e Marciano conta que ouviu a frase pela primeira vez em um discurso de formatura de uma turma de Relações Internacionais. Essa troca entre empreendedor e aluno é uma característica única de um bar que existe em função de uma universidade. Ali, são criadas amizades, romances e memórias, tudo isso eternizado por fotos nas paredes do Xirú Beer.

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Estudante da Ufrgs cria marca de brownies e vende 300 unidades por dia no RU

O Brownie do Zé, como ficou conhecido, já faturou cerca de R$ 2 mil num único dia

O que era para ser só mais uma efemeridade na vida de José Laurito, 23 anos, acabou virando uma efeméride. O estudante da Ufrgs, em maio do ano passado, decidiu pegar em utensílios de cozinha para revolucionar sua realidade financeira, com a venda de brownies. Foi vencido pela primeira fornada - e, por pouco, não desistiu.
Hoje, além de ter restabelecido a sua situação econômica, José tem a presença celebrada por alunos da Ufrgs. O Brownie do Zé, como ficou conhecido, já faturou cerca de R$ 2 mil num único dia.
"O Brownie do Zé não só está construindo uma identidade própria, mas também a minha identidade como alguém corajoso, sempre quis me ver assim", diz José.
Essa realidade, contudo, em nada se parece com aquela quando o estudante ainda mantinha-se voltado unicamente à Fisioterapia. "Estava num dos momentos mais desafiadores da minha vida. Com mudanças na lei, fiquei sem Tri Escolar e sem bolsa auxílio. Também me assumi para a minha família nesse período. Estava um pouco sozinho", lembra.
Apesar das adversidades, José precisava dar continuidade aos estudos. Vestiu-se com uma dólmã - que usa não só na cozinha, mas também no processo de venda - e foi aventurar-se no empreendedorismo. Os brownies, inicialmente, eram uma consequência da busca pelo sustento.Com o tempo, tornaram-se a causa de todo o processo.
"Tem muita oportunidade que cerca a universidade. Quando tu consegues te conectar com o cliente e usar esse espaço para crescer uma empresa, tem muito potencial", percebe José.
E esse vínculo com o ambiente universitário, de fato, alterou os rumos do negócio. Durante o último semestre da Ufrgs, um grupo de estudantes do curso de Relações Públicas voluntariou-se para dar uma nova identidade digital para o Brownie do Zé.
"Estar ali tentando, com o coração aberto, cativou muita gente. A minha trajetória, que se assemelha a de muitos estudantes, aproximou muito o contato. Trazer um pouco de diversão durante o período de venda também", conta José sobre os conhecimentos empreendedores adquiridos durante o período. "Aprendi que vale muito ter um produto que chame a atenção visualmente, mesmo que demore mais para fazer uma decoração que se diferencie", garante.
Esses aprendizados geram, inclusive, ideias para o futuro do Brownie do Zé. O empreendedor à frente da marca planeja ampliar os pontos de venda, levando, quem sabe, o carrinho às feiras que acontecem na Redenção. Outra possibilidade é fechar parcerias com lojas revendedoras. "O objetivo é conseguir formalizar a empresa sem perder o aspecto artesanal dos brownies", planeja José.
São mais de 15 sabores de brownies, com opções veganas, sem glúten e sem lactose. O mais pedido, no entanto, é o de stikadinho. Os valores dos itens partem de R$ 4,00. As vendas presenciais ocorrem, principalmente, no Restaurante Universitário do Campus da Saúde da Ufrgs, na rua Ramiro Barcellos, nº 2500. Encomendas podem ser feitas pelo Instagram (@brownie.do.ze).
Em breve, a opção de brownie com sorvete deve ser adicionada ao cardápio. Apesar de estar entrando no último semestre da faculdade, José não planeja encerrar as atividades. "Consegui encontrar um realização profissional nesse dia a dia de venda", afirma.
 

Casal de empreendedores assume operação do Russo, tradicional bar no entorno da Pucrs

Reformado pelo casal de empreendedores Juliana Morás e Leonardo Pereira, o Russo Bar e Tabacaria conquista os estudantes com bom preço e um ambiente acolhedor

Localizado na avenida Bento Gonçalves, nº 418, nos arredores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), o Russo Bar e Tabacaria é comandado pelo jovem casal de empreendedores Juliana Morás e Leonardo Pereira desde 2020. O bar oferece petiscos, cerveja e drinks em um ambiente acolhedor, que faz com que seus clientes se sintam em casa.
O Russo é - junto do Maza Bar - um dos principais e mais tradicionais bares frequentados pelos alunos da Pucrs. Apesar disso, no início da pandemia, o local foi colocado à venda. Foi assim que a oportunidade de assumir a operação apareceu na vida do casal.
Juliana é formada em Gastronomia e sempre trabalhou na cozinha. Com a pandemia, decidiu que gostaria de ter seu próprio negócio. Quando o casal soube que o bar estava à venda, percebeu que não poderia deixar a oportunidade passar.
"Eu e meus irmãos estudamos na Pucrs e eles frequentavam o Russo antigamente. Era no meio da pandemia, e eu e meu namorado estávamos precisando investir e sair dos nossos empregos, foi aí que apareceu a oportunidade", lembra Juliana.
A empreendedora conta que as negociações com o antigo dono - conhecido como Russo - foram rápidas. O casal ganhou a sua confiança por dois motivos: eles já conheciam o bar e eram jovens. Assim, seriam capazes de revitalizar a operação sem fazer com que ela perdesse sua essência. E foi o que a dupla fez. Após uma série de reformas, no fim de 2020, o bar estava pronto para abrir as portas. Por conta da pandemia, o empreendimento sobreviveu trabalhando por delivery e vendendo almoço para os funcionários da Pucrs e região, até a volta das aulas presenciais.
A principal mudança na operação foi nos produtos oferecidos. O cardápio foi completamente reformulado, com a adição de pizzas artesanais - carro-chefe do negócio -, porções e drinks. Tudo isso, segundo os empreendedores, com um preço acessível para agradar seu público jovem. Além das comidas de boteco, o Russo Bar também oferece salgados, como pão de queijo e empanadas. "A grande sacada é que somos uma equipe de pessoas jovens, então, entendemos as necessidades do nosso público", conta Juliana.
O empreendimento atualmente conta com três funcionários fixos. Juliana comanda a cozinha, Leonardo fica no balcão. Adir, um amigo do casal, auxilia no balcão e faz os drinks. Em dias de maior movimento, os empreendedores acabam pedindo ajuda para amigos e familiares. Isso traz um ambiente caseiro e acolhedor para o negócio.
É notável a relação de amizade dos funcionários com a clientela. Juliana descreve Leonardo como "quase psicólogo" de alguns clientes, tamanha a proximidade do empreendedor com os frequentadores do bar. "Conhecemos quase todo mundo por nome. Quando chega um cliente novo, reconhecemos na hora. Às vezes estou conversando com o Adir e a Ju, e o pessoal interage. Esse é o nosso diferencial, é um ambiente que realmente parece que estamos em casa", explica Leonardo, lembrando um episódio do ilustre cliente do bar, conhecido como Chapéu."O Russo nos falou dele. No dia que abrimos, o Chapéu foi o primeiro a entrar. Ele trabalhava na Pucrs e usa um chapeuzinho. Ele vem aqui para o bar, pega uma cerveja, se senta e dorme. Tem vezes que o Chapéu chega, dorme e vai embora à meia-noite", conta o casal, aos risos. A dupla valoriza muito a boa relação com a clientela, e o sentimento parece ser recíproco.
"Já cansamos de esperar meia hora ali na frente o Uber do cliente. Não fechamos o bar e deixamos as pessoas. Temos esse cuidado", conta Leonardo.