Hoje, o ecossistema gaúcho está voltado para iniciativas e negócios mais digitalizados, rápidos e inovadores

"Estamos em outro patamar de empreendedorismo", diz especialista


Hoje, o ecossistema gaúcho está voltado para iniciativas e negócios mais digitalizados, rápidos e inovadores

Com o passar do tempo, surgem novos modelos de negócios, os processos se transformam e, o que era tendência antes, já não é mais. Observar o ecossistema de que se faz parte e realizar uma análise de mercado, vez que outra, é imprescindível para qualquer negócio. Mas, para isso, é importante compreender o que compõe um ecossistema.
Com o passar do tempo, surgem novos modelos de negócios, os processos se transformam e, o que era tendência antes, já não é mais. Observar o ecossistema de que se faz parte e realizar uma análise de mercado, vez que outra, é imprescindível para qualquer negócio. Mas, para isso, é importante compreender o que compõe um ecossistema.
Quando se fala em empreendedorismo, são duas as frentes mais importantes. A primeira é o empreendedor, é claro, pois, sem ele, nada é feito. Em seguida, deve-se levar em conta o ambiente no qual esse empreendedor está inserido. "Precisamos ter bons empreendedores, pessoas qualificadas e olhando para o mercado, e um ambiente que proporcione esse empreendedorismo. De nada adianta um bom empreendedor se o ambiente ao redor dele é ruim", garante Paulo Bruscato, gerente da regional metropolitana do Sebrae-RS.
Quando a primeira edição do GeraçãoE circulou nas bancas de Porto Alegre, em agosto de 2015, o cenário empreendedor era de crescimento e grandes expectativas. "Nós atendemos cerca de 1 milhão de empresas por ano no Sebrae e, sob essa ótica, o empreendedorismo vinha numa crescente. Entre 2015 e meados de 2019, o ambiente empreendedor estava melhorando e o empreendedor também", afirma Paulo. Porém, o que não estava na agenda e pegou todo o mercado de surpresa foi a pandemia de Covid-19.
Ao contrário do que se poderia esperar frente a um novo vírus, o empreendedorismo não diminuiu no Estado, muito pelo contrário. "A pandemia trouxe elementos como o aumento no número de MEIs e empreendedores individuais. Muitas pessoas foram demitidas, então o empreendedorismo por necessidade cresceu muito", declara Paulo. Com o aumento do empreendedorismo por necessidade, o mercado sofreu um abalo estrutural, visto que, quando negócios surgem nesse formato, tendem a ser menos sustentáveis. "O empreendedorismo deve surgir a partir de uma oportunidade, esse é o caminho natural. Quando acontece por necessidade, o empreendedor abre um negócio para poder sobreviver e, depois, vê o que faz. Isso remete a menos planejamento e modelos de negócios mais abruptos", pondera Paulo.
Durante o período de isolamento social, a estratégia adotada pelo Sebrae para traçar um panorama do ecossistema empreendedor foi a realização de pesquisas de mercado em grandes quantidades. A instituição realizava, a cada 15 dias, levantamentos com empreendedores e com negócios locais, buscando entender o cenário. Os resultados mostraram que, conforme o tempo passava, o mercado acelerava cada vez mais. "A inovação passou a estar no centro das estratégias de negócios, porque há de ser rápido e aproveitar as oportunidades de forma rápida em virtude da sobrevivência que a pandemia imputou", reflete o especialista.
Uma das grandes mudanças no mercado, de acordo com Paulo, foi a busca de novos empreendedores por desenvolver e aprimorar habilidades de gestão. O que, inclusive, sucedeu em um aumento do fomento ao empreendedorismo por parte do poder público.

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"Começou a se trabalhar com políticas de encadeamentos produtivos, compras públicas, iniciativas que injetam recursos na mão do microempreendedor e criam um ambiente favorável para o empreendedor", descreve Paulo, que enxerga o movimento de mercado pós pandemia como uma espécie de solavanco ao empreendedorismo. "Foi um crescimento ético muito grande durante a pandemia, da capacidade empreendedora e do ambiente empreendedor. E, depois, uma saída de pandemia com um mercado pujante, mas demandando outro modelo de negócio", afirma.
Atualmente, o cenário empreendedor no Estado está voltado para iniciativas e negócios mais digitalizados, rápidos e inovadores.
"Estamos em outro patamar de empreendedorismo. O empreendedor que hoje não trabalha de forma inovativa, olhando para questões digitais, para processos de produção de forma mais rápida, pode abrir e morrer logo em seguida", enfatiza Paulo.

Quatro habilidades para manter a competitividade do negócio

Comportamento empreendedor

Cada vez mais, quem empreende deve trabalhar com um planejamento flexível. Traçar objetivos e metas é importante para o dia a dia de uma operação, mas dosar o planejamento com a ousadia é o segredo para o sucesso. "Precisa ser persistente, porque o mercado tem concorrência, mas não pode ser insistente. Precisa ter flexibilidade para mudar as estratégias", afirma Paulo.

Modelos de negócios e cálculo de risco

"À medida em que se trabalha o comportamento empreendedor, precisa culminar com um investimento em modelo de negócios, porque o mercado está cada vez mais exigente e requer um atendimento de cliente inovativo", destaca o especialista. Mesmo varejos que, por anos, trabalharam apenas na calçada, não devem ficar de fora das plataformas digitais.

Gestão

Para empreendimentos mais robustos, que envolvem muitos colaboradores, Paulo reforça o básico: é preciso ter uma boa gestão de pessoas e um bom relacionamento com clientes.
"No investimento de gestão, esse empreendedor precisa se orientar por dados. Hoje, sem indicadores e sem dados, ele acaba sendo muito empírico e o mercado respeita cada vez menos o empirismo", ressalta o especialista.

Inovação

Por mais tradicional que o negócio seja, ele não sobrevive sem inovação. Isto é, internalizar práticas inovadoras com foco no setor em que se está inserido é primordial. "Tu precisas ser rápido para testar e produzir experiências diferentes para o teu cliente. Isso pode ser por novas tecnologias e novos processos que sustentem a entrega para o cliente, como é no modelo de startup, que vem rompendo dimensões competitivas de negócio da noite para o dia e, em poucos meses, muda o modelo de negócio do varejo", destaca.