A marca surgiu em 2010 e, no seu auge, contou com unidades em Canoas, Porto Alegre e uma fábrica para produção própria

Após crise de burnout, Bruna Trufas reduz operação e aumenta faturamento da marca


A marca surgiu em 2010 e, no seu auge, contou com unidades em Canoas, Porto Alegre e uma fábrica para produção própria

Confeitaria enxuta. Esse foi o formato adotado por Bruna Tossi Longarai, empreendedora à frente da marca de doces Bruna Trufas, depois de ser diagnosticada com doença de Crohn e enfrentar uma crise de burnout. A marca surgiu em 2010 e, no seu auge, contou com unidades em Canoas, Porto Alegre e uma fábrica para produção própria. No ano passado, Bruna optou por enxugar as operações e, hoje, atua com um delivery, localizado na garagem de casa, além de oferecer cursos de confeitaria e mentoria personalizada.
Confeitaria enxuta. Esse foi o formato adotado por Bruna Tossi Longarai, empreendedora à frente da marca de doces Bruna Trufas, depois de ser diagnosticada com doença de Crohn e enfrentar uma crise de burnout. A marca surgiu em 2010 e, no seu auge, contou com unidades em Canoas, Porto Alegre e uma fábrica para produção própria. No ano passado, Bruna optou por enxugar as operações e, hoje, atua com um delivery, localizado na garagem de casa, além de oferecer cursos de confeitaria e mentoria personalizada.
Quando começou a sua trajetória no ramo da confeitaria, Bruna vendia trufas na universidade. Em pouco tempo, já faturava cerca de R$ 500,00 por dia, mas, com o aumento da demanda, os doces passaram a tomar conta da sua rotina. Sentindo que já havia encontrado sua vocação, ela desistiu da faculdade para focar 100% no negócio. "Além das trufas, eu estudava, fazia estágio e trabalhava. Sempre me preocupei muito em dar orgulho para a minha família, me preocupava com o que as pessoas iriam pensar, então desistir da faculdade de Direito na Pucrs, com bolsa integral, para vender trufa na rua, foi uma decisão louca, muito difícil", admite a empreendedora.
Após um ano, Bruna abriu a primeira loja da marca em Porto Alegre. Pouco tempo depois, surgiu a segunda unidade, desta vez, em sua cidade natal, Canoas. Mas, apesar do crescimento operacional, o faturamento do negócio não parecia compensar o trabalho. "Parece bobo hoje, mas, na época, não sabia que precisava ter um controle financeiro, que precisava cuidar isso e aquilo, ter colaboradores com funções bem definidas", reconhece a empreendedora, que, no mesmo ano, recebeu o diagnóstico da doença de Crohn, enquanto estava grávida da sua primeira filha. "A doença foi me incapacitando e, pela primeira vez, tive de me permitir ficar doente, permitir cuidar de mim mesma. Essa é uma das coisas que mais prego para as minhas alunas. A última coisa que as confeiteiras fazem - principalmente as que são mães - é olhar para si mesmas. Então, hoje, prego muito que, para poder cuidar da empresa, precisa cuidar de si mesma, porque a empresa não existe sem um CPF", aconselha.

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TÂNIA MEINERZ/JC
Em 2018, Bruna decidiu passar mais tempo perto da família e, para isso, fechou a loja e o delivery da Capital e passou a operar apenas no espaço de Canoas. "No primeiro dia, já vendeu mais do que com as duas lojas de Porto Alegre juntas, atribuo isso pelo fato de estar mais perto do negócio, aprender a delegar e ao delivery", compreende. Em três meses com uma só operação, o faturamento da marca passou de R$15 mil para R$ 75 mil. "Foi surreal, mergulhei mesmo no negócio, com muita entrega, e começou a render financeiramente, mesmo sendo um lugar pequeno, o pessoal ia muito, fazia fila", lembra.
Dias antes do início da pandemia de Covid-19, em 2020, Bruna abriu mais dois espaços na Capital, e, pouco depois do anúncio do isolamento social, descobriu que estava grávida do segundo filho. Durante o período de reclusão, teve de lidar com o fato de que, por conta da doença de Crohn, não poderia mais comer os doces que produzia. "A doença foi agravando e foi muito difícil de aceitar isso, que era o meu negócio, mas eu não poderia comer. E não era comercial falar que eu não comia meus próprios doces. Foi quando vi pessoas com a doença, que por me verem comendo, pensavam que poderiam comer também e passavam mal, que começou a bater nos meus valores. Nesse momento, não dava mais para não falar", admite Bruna, que, na mesma época, começou a sentir os sintomas do burnout.

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"Demorei para procurar um psiquiatra, acho que é bem comum. Todo mundo pensa que é coisa de louco, vai tomar remédio como se fosse a pior coisa do mundo, mas, quando procurei e comecei a ajustar a medicação, finalmente foi me trazendo mais qualidade de vida. Mas, ao mesmo tempo, vi que não aguentava mais essa rotina", confessa a empreendedora, que, na época, estava com três lojas, contemplando Canoas e Porto Alegre, e uma fábrica. "Estava tudo estruturado, tinha um faturamento expressivo, mas estava muito infeliz, não aguentava mais aquela estrutura, mas o que eu iria fazer com o meu ego? Todo mundo me elogiava, que eu vim do zero para três lojas e uma fábrica, mas, dentro de casa, não conseguia levantar da cama. Além do trabalho, também sou mãe, tenho dois filhos, uma enteada, sou uma pessoa, tenho vida social. Foi quando comecei a pesquisar e encontrei a confeitaria enxuta", rememora.

Em 2022, Bruna registrou a marca Confeitaria Enxuta e adotou o modelo de trabalho para si. Após participar de um evento em São Paulo, a empreendedora teve certeza de que precisava desacelerar o ritmo. "Lá, eu era famosa, as pessoas só me viam pela internet, então chegavam e tiravam fotos, diziam que queriam ser igual a mim, e eu sabendo o quanto estava doente. Liguei chorando para o meu marido e falei que não aguentava mais", conta. Dias depois, iniciou o processo de fechar as lojas, reduzir pessoal e, cada vez mais, se encaminhar para um modelo de negócio enxuto. Hoje, a empreendedora realiza as produções do delivery, que atende a Capital e Canoas, em uma cozinha na garagem de casa, com o auxílio de duas funcionárias, e conta com um estúdio no segundo andar, espaço que utiliza para gravar vídeos de receitas, cursos e mentorias. "Se eu não tivesse a trajetória que tenho, mas estivesse aqui, na garagem de casa, fazendo doce e vendendo para caramba, as pessoas iriam falar para abrir um espaço físico. É muito cultural, também é uma questão de status, mas precisei parar de pensar no que os outros iriam achar e organizar a minha vida", reflete sobre a decisão.
Nos cursos de confeitaria e de planejamento de negócios, Bruna compartilha sua trajetória e oferece o apoio profissional que não teve quando começou no ramo. "Passei na pele todas as etapas que se pode imaginar: vender na rua, para o cliente final, ter loja, ter delivery, ter uma estrutura gigantesca, trabalhar de casa, ter fábrica, tudo mesmo. Mas vi que era muito mais simples do que eu pensava. Muitas alunas acham que não, que é muito difícil ganhar dinheiro assim, mas tem histórias incríveis, de mulheres que saíram do fundo do poço, que se tornaram independentes financeiramente, que conseguiram matricular o filho em uma escola particular, que mudaram de vida", orgulha-se.
Mais informações sobre os cursos e pedidos no Instagram @brunatrufas.