Em 2009, Fábio Carvalho decidiu que alugaria um carrinho ambulante para vender água de coco no Parque Moinhos de Vento, mais conhecido como Parcão. Na época, a escolha, como ele conta, até parecia um pouco inusitada: os frequentadores do parque não tinham a cultura de consumir a água do fruto. Passados 14 anos, a percepção que fica é que a aposta no Coco do Parcão deu certo.
Na última quinta-feira, Fábio, em parceria com a filha Nicole Carvalho, inaugurou a Tiny Café, nova cafeteria no ponto ao lado do carrinho na avenida 24 de Outubro.
A decisão de expandir o negócio no Moinhos de Vento tem em vista o processo de renovação do bairro e do próprio Parcão. “As melhorias no parque geram um retorno para nós”, entende Fábio.
LEIA TAMBÉM > 10 restaurantes para conhecer no Moinhos de Vento
E essa relação com o segundo parque mais antigo de Porto Alegre – só ficando atrás da Redenção – é o que complementa a experiência do empreendedor. “Se fosse do outro lado da rua não seria legal”, acredita o proprietário do negócio, destacando as vantagens de fazer parte de um dos cartões-postais do Moinhos de Vento. “É uma ligação de comércio de rua. Tu crias muitas amizades aqui”, completa. Mas os laços não estão restritos às interações humanas: os pets também gostam de uma água de coco e são clientes fiéis da operação. “Faz bem para eles. As rações ressecam o intestino do animal, e a bebida ajuda a hidratar”, diz Fábio. Ringo Starr – não o baterista dos Beatles, mas, sim, um cão morador do bairro Moinhos de Vento – prova isso. A cena ocorreu durante a entrevista. O cachorro encravou as patas na frente do Coco do Parcão, na rua 24 de Outubro, nº 697. A tutora do pet logo entendeu que não sairia dali sem uma água de coco. Dito e feito: os dois se renderam à tentação.
Para adquirirem esse sabor tão amado pelos clientes, os cocos, mesmo que sejam finalizados no Moinhos de Vento, são colhidos em um lugar bem longe dali. É de uma plantação de coqueiros no Espírito Santo que vem o coco vendido no Parcão. Vindas de terras capixabas, as frutas são encaminhadas para um depósito refrigerado na zona norte de Porto Alegre e, posteriormente, levados ao Parcão em um tuk-tuk, um triciclo motorizado que transporta até 150 cocos. No parque, acontece a extração da água do coco, comercializada em copos e garrafas, que custam R$ 10,00 e R$ 15,00, respectivamente. O Coco do Parcão está aberto todos os dias, das 7h45min às 19h. Outra opção disponível é o leite de coco verde. “O leite de coco normal, tu não consegues tomar. É mais utilizado na cozinha. Já o leite de coco verde, tu consegues usar na culinária e para beber”, explica Fábio, que, no verão, estima vender mais de 5 mil cocos por mês. Os produtos também são comercializados no iFood. A casca que sobra do processo de extração das iguarias do fruto é transformada em fibra. O item é muito utilizado em diversos setores econômicos em função de suas características de durabilidade, rigidez, impermeabilidade e resistência.
LEIA TAMBÉM > Desde 1970 no Moinhos de Vento, Xuvisko é referência em rodízio de pizzas em Porto Alegre
Expansão dentro do Moinhos
Os procedimentos, como afirma Fábio, são trabalhosos, mas é perceptível a gratificação que ele sente pela caminhada. “Amo fazer isso. Gosto de conversar, de atender, não estou pelo dinheiro”, diz o empreendedor, que planeja expandir a marca e comercializar os produtos também em mercados da região. E foi pensando neste perspectiva de ampliar os horizontes do negócio, sem deixar de lado o bairro, que Fábio e Nicole deram vida ao Tiny Café.
O cardápio da cafeteria conta com opções que unem os sabores do coco e do café, como o café com leite de coco verde e o café gelado com água de coco, pensado para os dias mais quentes. Outras alternativas mais tradicionais, como café expresso, pão de queijo e chocolate quente, também compõe o menu. O novo quiosque está localizado praticamente ao lado do Coco do Parcão. Os quiosques, aliás, são muito parecidos para respeitar as normas da região. “Tem que ser móvel, a cor tem que ser verde, tem uma série de restrições. Tem que ter força para manter o serviço de ambulante”, comenta Fábio, sobre os pilares de sustentação dos negócios do Parque Moinhos de Vento.