Estratégias voltadas para a usabilidade são fundamentais para diferentes gerações de consumidores

Processos simplificados são palavras-chave para conquistar todos os públicos, afirma especialista


Estratégias voltadas para a usabilidade são fundamentais para diferentes gerações de consumidores

Não são todos os segmentos que dão a atenção e o olhar devido ao público 60+, comenta Clécio Araújo, professor de marketing na Pucrs e um dos responsáveis pelo desenvolvimento e coleta da pesquisa Os gaúchos e o Consumo. Mas se tem um ensinamento que fica após a publicação da amostra feita com exclusividade para o Jornal do Comércio é que traçar estratégias voltadas ao público mais velho pode ser uma grande adição aos negócios.
Não são todos os segmentos que dão a atenção e o olhar devido ao público 60+, comenta Clécio Araújo, professor de marketing na Pucrs e um dos responsáveis pelo desenvolvimento e coleta da pesquisa Os gaúchos e o Consumo. Mas se tem um ensinamento que fica após a publicação da amostra feita com exclusividade para o Jornal do Comércio é que traçar estratégias voltadas ao público mais velho pode ser uma grande adição aos negócios.
É claro que, quando se fala em público, é extremamente importante que empreendedores e empreendedoras tenham um alvo traçado e saibam, com clareza, com quem desejam se comunicar. Mas não é porque uma marca é voltada para o público jovem que ela não pode se beneficiar dos consumidores mais velhos. Estes devem estar no cronograma, ou, pelo menos, no radar nos negócios, já que, nos últimos anos, a população com mais de 60 anos tem crescido no Rio Grande do Sul.
Nos últimos 10 anos, o índice que mede o envelhecimento da população do Estado apresentou crescimento de 74%. Um estudo realizado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), revela que, em 2010, para cada 100 pessoas com até 15 anos de idade, viviam 43 habitantes com mais de 65 anos no Estado, ao passo que, em 2021, essa proporção passou a ser de 75, e a estimativa é que, nos próximos anos, alcance a média de 207.

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"Chamamos esse conceito de silver economy, ou, traduzindo, economia prateada. É um termo que se refere às pessoas com mais de 50, 60 anos, público também conhecido como baby boomers", define Clécio. De acordo com o especialista, essa geração pode ser considerada mais realista e revolucionária, o que se traduz no modo de consumo, que, consequentemente, ocorre de forma mais ideológica.
Em contrapartida, o jovem adulto, público com idade que varia entre 18 e 30 anos, mesmo que fadado a ser a menor parte da população nos próximos anos, é um consumidor assíduo, intenso e, por vezes, impulsivo, o que também requer um olhar estratégico das marcas. "Eles se consideram quase que proprietários das marcas, então vão dar opiniões, vão falar tudo de forma muito intensa, já que eles têm pouca tolerância para problemas ou ineficiência", considera o professor.
Mas, seja qual for a faixa etária, existem algumas estratégias que ambos os públicos valorizam, como a simplicidade. "Ser fácil e simples na hora de se comunicar é fundamental para as duas gerações. Atender bem o cliente, seja qual for a faixa etária, também é essencial, a diferença, nesse caso, se dará pelo meio de comunicação utilizado", afirma Clécio. Enquanto o público 60+ prefere meios de comunicação de massa, como jornais e revistas, o público jovem, em sua grande maioria, exige um direcionamento individual, realizado com base em coleta de dados.

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Outro fator muito importante para estabelecer uma conexão, segundo o especialista, é o feedback. "Os varejistas precisam solicitar feedbacks constantes, realizar pesquisas com diferentes tipos de públicos para entender como podem suprir melhor suas necessidades", ressalta.
 

Entendendo a economia prateada

Uma das grandes vantagens do público 60 para o comércio, de acordo com o especialista, é a exigência que a esta geração tem por itens de mais qualidade. "Eles costumam ter uma vida financeira estabelecida, então tem uma renda mais sólida, são casados, alguns avôs e avós, que preferem pagar mais caro por algo melhor", afirma Clécio.
Mas o que é uma vantagem a ser explorada pelos comerciantes, também pode ser um desafio, já que os produtos criados com foco nessa geração devem ter uma qualidade superior e apresentarem fácil usabilidade. "Eles esperam conveniência, facilidade, isso é muito relevante", reforça. Nesse caso, uma dica que pode auxiliar empreendedores e empreendedoras que buscam alcançar o público 60 é o design. Tanto quando se fala em produtos, como na comunicação, utilizar fontes grandes e fáceis, com cores fortes e contrastantes pode fazer a diferença na hora de alcançar essa geração.
"Eles não nasceram com a internet, ajudaram a criá-la, mas não acompanharam a evolução tão rapidamente, é importante lembrar disso", pontua o professor.
O que pode ser o ponto principal para se estabelecer uma boa relação com esse público é acabar com os estereótipos. "As marcas devem esquecer aquela imagem tradicional do vovô e da vovó. Pessoas com 60 anos, hoje, são jovens, atletas, bem condicionados e também usam as redes de forma regular", reforça o professor.
Seja no e-commerce ou na loja física, ter um fluxo de venda fácil e rápido também é importante para o consumo do público 60 . "Deve ser um processo simples. Se online, com o menor número possível de cliques. Primeiro tu compras e depois realizas o pagamento, de um jeito fácil e com cadastro simples, nada muito engenhoso", descreve Clécio.

Jovens querem experiências relevantes em lojas físicas

Com idades entre 18 e 30 anos, o público jovem adulto é formado por nativos digitais, o que resulta em um consumo muito mais voltado ao digital. "Eles não percebem a diferença entre o online e offline, para eles o mundo é o mesmo. São pessoas que querem ver o produto no site, experimentar na loja e depois comprar pelo e-commerce", descreve Clécio.
Por ter uma relação tão forte com o meio online, o jovem adulto valoriza muito mais a experiência digital do que a presencial, afirma o especialista. "Se ele pode comprar pela internet ao invés de se deslocar até o shopping para comprar o mesmo produto e ter a mesma experiência, ele vai preferir o online", garante o professor. Para fazer com que esse público vá até a loja física, a dica é oferecer uma experiência mais relevante. "O provador, por exemplo, não é mais apenas para experimentar roupas, mas, sim, para tirar foto, mandar para um amigo, compartilhar experiências", define. Oferecer experiências omnicanal, oportunizando que o cliente compre em casa e retire na loja, ou vice-versa, é um grande atrativo para o público mais jovem.