O negócio familiar é um dos clássicos do bairro Santa Cecília

Há 37 anos, Xis Moita mantém tradição vendendo mais de 1 mil xis por dia


O negócio familiar é um dos clássicos do bairro Santa Cecília

Manter-se por mais de três décadas em um mesmo ponto com bons números de vendas diárias é uma meta para quem está começando um negócio. Cleumar Zambiazi, 52 anos, é um dos empreendedores que pode celebrar esse feito. No entanto, talvez, o nome não o apresente da forma correta, já que é muito mais conhecido como o Alemão do Moita, lancheria de Porto Alegre que está no bairro Santa Cecília desde 1986.
Manter-se por mais de três décadas em um mesmo ponto com bons números de vendas diárias é uma meta para quem está começando um negócio. Cleumar Zambiazi, 52 anos, é um dos empreendedores que pode celebrar esse feito. No entanto, talvez, o nome não o apresente da forma correta, já que é muito mais conhecido como o Alemão do Moita, lancheria de Porto Alegre que está no bairro Santa Cecília desde 1986.
Conhecido pelo seu xis, o Moita é, segundo o empreendedor, um dos mais antigos de Porto Alegre no ramo, já que outros pontos tradicionais da mesma época fecharam as portas, especialmente durante a pandemia. Cleumar conta que o negócio começou comandado pelos seus pais, Sétimo e Lourdes Zambiazi quando ele tinha apenas 14 anos. A marca, Moita, já existia há poucos anos no bairro e a família, vinda de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, comprou o ponto. "Quando compramos, era um trailer pequeno, duas mesas, quatro cadeiras, um freezer para tudo, que hoje já nem pode mais", lembra sobre o início. Quando foi adquirir o terreno onde hoje fica a lancheria, o Alemão do Moita contou com a ajuda de outro empreendedor célebre da cidade: Ivo José Salton, fundador da Lancheria do Parque. "O primeiro prato de arroz e feijão que comi em Porto Alegre foi na Lancheria do Parque. O Ivo é meu padrinho. Quando fui comprar o terreno aqui, o dono disse que antes ia fazer só uma ligação. Ele disse que o cara tinha falado para ele que se eu não pagasse o terreno, ele pagaria para mim. E esse cara era o Ivo da Lancheria do Parque, o coração dele é do tamanho de um trem", conta sobre o apoio.

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ARQUIVO PESSOAL/REPRODUÇÃO/JC
De lá para cá, muita coisa mudou. A lancheria, agora, conta com um espaço de dois andares no número 2800 da avenida Ipiranga e cativa clientes há 37 anos. Vendendo cerca de 1 mil lanches por dia, Alemão orgulha-se de contar com a preferência diária de muitas pessoas. "Tem um cara do Centro que pede todos os dias o mesmo lanche", diverte-se Cleumar, contando que, além dos clientes fiéis, não faltam figurinhas renomadas que são fãs dos lanches do Moita. Entre as histórias marcantes, o Alemão garante que um jogador da dupla Grenal saiu da seca de gols após comer um xis bacon.
Com mais de 20 opções de xis no cardápio, o Moita também conta com outros lanches, como baurus, porções, cachorro-quente e pratos. Para o Alemão, não tem um lanche que mais se destaque na preferência dos clientes. "O carro-chefe é o bolso do cliente. No início do mês, vende só os tops e, no fim, os mais simples", garante o empreendedor, revelando o seu favorito: coração com bacon.
Apesar das opções fixas, para ele não há o que não possa ser resolvido de acordo com o gosto do cliente. Por isso, orgulha-se em contar que domina todas as etapas do negócio, o que facilita na hora de instruir a equipe para entender as demandas da clientela. "Eu sei de tudo aqui. O bacana disso é que 'não pode' e 'não dá' não existe aqui dentro até eu mostrar que dá", garante Cleumar, que faz trocas nos lanches de acordo com o gosto dos clientes.
Hoje, a equipe do Moita é formada por 16 funcionários, e, de acordo com Cleumar, praticamente todos estão há mais de 10 anos no negócio, o que é um orgulho para a família. Além disso, conta com uma central de tele-entrega própria, para garantir agilidade no delivery. Lourdes, 78 anos, matriarca da família, segue na operação comandando a cozinha, enquanto Marines Zambiazi, irmã de Cleumar, fica no salão. Para o empreendedor, esse é um dos diferenciais do Moita e razão para a longevidade do negócio. "Em nenhum momento o Moita está aberto só com os funcionários. O único setor que não tem ninguém da família é nas motos", conta Cleumar.
Há mais de trinta anos na região, Cleumar conta que não vê muitas mudanças no bairro ao longo deste período. No entanto, a percepção não é negativa. "Não troco esse bairro. É muito cômodo, tem tudo por aqui. Moro a duas quadras, não pego carro para nada. Sempre procuro dentro do bairro primeiro o que preciso. Todos (empreendedores do bairro) são clientes do Moita, e eu sou cliente deles. Em termos de comércio mudou pouco. Fecharam poucos lugares, e agora está começando a abrir novos, como o Sotaque. É um bairro que tem tudo perto, tem o Zaffari, posto de saúde, as avenidas que ligam com tudo. O único bairro que ganha em termos de logística é o Santana", percebe.

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TÂNIA MEINERZ/JC
Para o futuro, o Alemão do Moita não faz muitos planos. Mas, no presente, garante: o Moita é sinônimo de vida. "Não me vejo hoje fora do Moita, não sei fazer mais nada a não ser isso. O Moita é tudo, mudou minha vida em todos os sentidos", emociona-se Cleumar.

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