Atender às demandas dos nichos de mercado é uma estratégia na hora de empreender. Negócios voltados ao veganismo têm ganhado espaço entre os gaúchos

Negócios buscam democratizar o acesso ao veganismo em Porto Alegre


Atender às demandas dos nichos de mercado é uma estratégia na hora de empreender. Negócios voltados ao veganismo têm ganhado espaço entre os gaúchos

O mercado de itens vegetarianos e veganos tem despertado, cada vez mais, interesse nos consumidores. Nesse contexto, novos negócios surgem buscando atender a demanda de pessoas que não consomem produtos de origem animal. Com o objetivo de aproximar e democratizar o acesso a produtos veganos, Maxtey Dias, 40 anos, criou a distribuidora Flor de Abril, em 2022, com 164 produtos no catálogo, entre chocolates, camarão empanado e dadinho de tapiocas - todos sem uso de insumos de origem animal. "Democratizar indústrias 100% vegetais, levando cada vez mais perto dos consumidores, fazendo com que eles conheçam esses produtos e se alimentem de uma forma bem melhor", pontua o empreendedor sobre o objetivo da marca.
O mercado de itens vegetarianos e veganos tem despertado, cada vez mais, interesse nos consumidores. Nesse contexto, novos negócios surgem buscando atender a demanda de pessoas que não consomem produtos de origem animal. Com o objetivo de aproximar e democratizar o acesso a produtos veganos, Maxtey Dias, 40 anos, criou a distribuidora Flor de Abril, em 2022, com 164 produtos no catálogo, entre chocolates, camarão empanado e dadinho de tapiocas - todos sem uso de insumos de origem animal. "Democratizar indústrias 100% vegetais, levando cada vez mais perto dos consumidores, fazendo com que eles conheçam esses produtos e se alimentem de uma forma bem melhor", pontua o empreendedor sobre o objetivo da marca.
Maxtey entrou na área em 2017 e resolveu abrir o seu próprio negócio por enxergar um grande potencial no mercado, fazendo a conexão entre indústria e parceiros. "Existe uma lacuna e dificuldade muito grande em linkar a indústria e os parceiros, que são as lojas de produtos plant based", enxerga Maxtey sobre uma das dificuldades do mercado.

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O empreendedor conta que o Brasil é um país com um grande número de pessoas que se consideram flexitarianas, ou seja, pessoas que não são veganas, mas, por opção de saúde, bem-estar ou mesmo por mudança de hábitos alimentares, acabam consumindo esses produtos vegetais.
"A pessoa não come produtos de origem animal por diversos motivos. Não é só para o vegano, é para a pessoa que é intolerante à lactose, intolerante à glúten", pondera Max. Além dos veganos, pessoas com alguma restrição alimentar também são contempladas por esse mercado, o que, segundo Maxtey, torna ainda mais urgente a necessidade de trazer esses produtos para o Estado de forma acessível.
A pandemia da Covid-19 foi um fator determinante para o crescimento do nicho, já que as pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde, ressalta Maxtey, que na hora da seleção de produtos, prioriza os rótulos limpos (clean label).
Oferecer um treinamento para as empresas, sobre características e benefícios sobre os produtos, faz parte dos princípios da Flor de Abril.
Todos os itens no catálogo da distribuidora são de fora do Rio Grande do Sul e, segundo o empreendedor, o distanciamento é uma das principais dificuldades do mercado, justamente o que a distribuidora espera resolver.

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"A indústria não consegue chegar aqui, mesmo tendo uma grande demanda", afirma Maxtey, contextualizando que os valores mínimos e as quantidades são impasses determinantes.
O negócio, que teve um investimento de R$ 100 mil, conta com quatro pessoas na equipe. "Esse mercado mundial pode chegar a 160 bilhões de dólares até 2030. E está quase batendo na porta. Quem estiver nesse mercado e for amadurecendo, em poucos anos, estará passando por algo muito bacana", projeta o empreendedor.
Atendendo clientes de Porto Alegre, Região Metropolitana e Serra gaúcha, o pedido mínimo da distribuidora é R$ 350,00, apenas feitos para outras empresas. Entre os principais clientes estão minimercados veganos, restaurantes e até açougues. Como carro-chefe, está o chocolate Super Vegan, que, segundo Maxtey, é o queridinho da clientela. Os dadinhos de tapioca e o camarão empanado também são destaques no catálogo.
Os pedidos podem ser feitos pelo Instagram (@flordeabrildistribuidora), e-mail [email protected] ou pelo telefone (51) 99895-6282.
 

Irmãos criam mercado online de produtos veganos

A marca conta com mais de 120 itens no catálogo, que vão desde produtos congelados até petiscos veganos para pets

Foi da união de uma causa em que acredita com a vontade pulsante de empreender que o jovem Édson Vargas, 21 anos, criou o Mercado Bergamota, e-commerce de produtos veganos em 2022. O mercado opera na zona norte da Capital e conta com mais de 120 itens veganos no cardápio.
A dificuldade em encontrar produtos veganos no mercado e a vontade de tomar as próprias decisões no trabalho foram os principais motivos que levaram Édson ao empreendedorismo. Há quase sete meses, ele comanda, ao lado da irmã Giovanna, o Mercado Bergamota.
Apesar de muito feliz em ter tirado o sonho do papel, o empreendedor admite que a experiência está sendo mais desafiadora do que esperava. "Os três primeiros meses, principalmente, foram muito difíceis. No fechamento de caixa, por exemplo, às vezes, faltava dinheiro, ou sobrava dinheiro, e a gente não sabia da onde tinha saído aquilo, porque era uma falta de experiência, aprendemos fazendo", conta, entre risos. O investimento inicial do negócio foi de R$ 15 mil, e a previsão para obter retorno é após dois anos de operação.
O objetivo dos irmãos é transformar o Berga, como foi carinhosamente apelidado pela dupla, em um mercado popular, de bairro e com preços acessíveis. "Entre os nossos mais de 120 itens, pelo menos 80 são produtos que já se encontram no mercado, mas que não se sabe se é ou não vegano, e nós fazemos essa curadoria, de ir atrás de todos os ingredientes. Então, são produtos normais, que já se vê em outros mercados", pontua.
O estoque ocupa quatro espaços na casa da família, com uma geladeira e freezer dedicada apenas para o mercado, e conta com itens congelados, perecíveis e até snacks veganos para pets. "Me empolgo com a diferença que o Berga pode fazer no dia a dia de um vegano. Sempre pedimos feedback para quem compra, e as pessoas comentam que têm muita opção, que o catálogo é bem extenso, e isso é o que queríamos oferecer. É muito legal ter esse retorno", compartilha Édson.

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O plano é, ainda neste ano, abrir o espaço físico do mercado, na Zona Norte, perto de onde moram. "Vai ser um mercado convencional de bairro, com arroz, feijão, azeite. Fico imaginando quem não é vegano entrando no mercado e comprando as coisas para uma refeição, vai levar o que tem ali, um creme de leite vegetal, e pode nem se dar conta", pensa. Outra meta, de acordo com o empreendedor, é criar uma relação com a comunidade. "Como um estabelecimento de bairro, acho que devemos alguma coisa para a região porque, querendo ou não, a maior parte dos nossos clientes vai vir do bairro. Pretendemos abrir aqui na rua, enxergamos potencial, e isso é por conta das pessoas que estão aqui, então acredito que precisamos retribuir de alguma forma", ressalta.
Atualmente, o mercado atua com retirada no local, tele-entrega e pontos de retirada, que podem ser consultados no Instagram (@mercadobergamota). As vendas são feitas para Porto Alegre e região metropolitana.
 

"Produtos de nicho são uma tendência que veio para ficar", diz especialista

Estar focado em um público e em suas necessidades, podendo resolver os problemas e trabalhar em cima de uma causa específica, é um dos pontos positivos ao optar por um negócio de nicho

Os empreendedores que desejam apostar em um negócio de nicho precisam estar atentos às tendências do mercado, de acordo com Francine Danigno, gestora de Projetos de Alimentos e Bebidas do Sebrae-RS. Segundo Francine, avaliar a proposta de valor desse negócio relacionado a clientela é um dos primeiros passos que devem ser traçados nesse meio. "Temos que falar do propósito desse negócio. Quando o empresário vai abrir um empreendimento, ele já tem um foco, um objetivo, e esse propósito tem tudo a ver com o consumidor que vai adquirir esse produto", avalia a especialista.
Estar focado em um público e em suas necessidades, podendo resolver os problemas e trabalhar em cima de uma causa específica, é um dos pontos positivos ao optar por um negócio de nicho, afirma Francine. "Os produtos de nicho são uma tendência que veio para ficar. Cada vez vamos ver mais consumidores buscando produtos específicos e que atendam suas necessidades, sendo de saúde ou prazer", pondera.
A consciência coletiva da importância de cuidar da saúde para viver mais e melhor é um viés que leva a essas mudanças. "Nós tivemos um passado onde consumimos muitos industrializados e, consequentemente, as pessoas ficaram mais doentes e com problemas de saúde. Isso aumentou a possibilidade de termos no mercado produtos para quem tem restrições e precisa cuidar da saúde, porque já está doente", destaca Francine.

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Estudar o mercado antes de empreender é essencial, garante a especialista. No entanto, apostar em um segmento pouco explorado e sem muitas referências pode ser desafiador. Nesse caso, mirar em megatendências é a dica da especialista. "Quando se quer explorar um mercado novo, que ainda não foi muito explorado, precisa-se olhar para as megatendências no mundo hoje. Se vamos falar de alimentação, olhamos quais são as tendências e o que vamos ver nos próximos 25 anos", aponta. "É preciso entender o que disso tudo faz sentido para aquele empreendedor, aí sim colocar energia para planejar algo que faça sentido para ambos: o futuro do ramo e para aquela pessoa", acrescenta Francine.
Mesmo que muitos negócios nasçam para atender necessidades de um grupo específico, para a gestora de projetos do Sebrae-RS, as operações tradicionais também precisam se adaptar. "Os negócios tradicionais precisarão se adaptar ou eles vão correr o risco de não serem a opção daquela família ou grupo de amigos, porque um deles pode ser vegetariano ou ter alguma restrição, e acaba perdendo todo aquele grupo de clientes", ressalta, pontuando que atender essas demandas não é uma tarefa exclusiva de quem se identifica com a causa. "Isso não quer dizer que uma pessoa que não tem aquela restrição não possa entender o rigor e o cuidado de como o processo precisa ser feito. Por que o empresário tomou a decisão de colocar esse negócio? Certamente ele quer resolver o problema dessas pessoas, mesmo não sendo o seu", aponta.