Casal de Canoas cria peças de decoração com cascas de ovos

Foi em 2020, ano marcado pela pandemia da Covid-19, que o casal Pâmela Oliveira, 30 anos, e Antonio Garcia, 31, de Canoas, decidiu unir o gosto pela criação com a oportunidade de abrir a própria empresa. Poucos meses depois, a dupla inaugurou a Monterraro, estúdio de design de produtos. “Era tudo o que precisávamos naquele momento, liberdade para criar e executar”, comenta Pâmela sobre o começo do negócio.

Durante mais de um ano, o foco do negócio foi a marcenaria, com a criação de peças e mobiliários feitos de madeira, área que os sócios gostavam, mas não amavam, já que sempre idealizaram trabalhar com designs autorais. “Foi um período de incertezas, muito devido à pandemia ainda, e serviu para irmos capitalizando o negócio”, comenta a sócia. Em 2022, o casal passou a trabalhar cada vez mais com criações autorais e peças de decoração, até que lançaram, no início deste ano, a coleção que viria a ser o xodó da dupla.

Intitulada de Casca, a coleção busca explorar e dar um novo fim a um dos ingredientes mais comuns na mesa do brasileiro: o ovo. “Já tínhamos decidido criar uma peça que unisse, de forma harmônica, a madeira e um outro material. Mas não podia ser qualquer material, tinha que ser algo realmente inusitado, que trouxesse um desafio para o jogo”, afirma Antonio. A inspiração surgiu em uma viagem para o sítio da família, que tem criação de galinhas na cidade de Vale Real.

“Trabalhamos muito com base no que observamos, no que vivemos, a Monterraro é um reflexo das nossas experiências, e para nós é uma coisa natural ir para lá no final de semana e ficar observando, ser parte desse ambiente. Então, na busca por esse material desafiador, surgiu a ideia de ir na casa de ovo, era algo que ligava a nossa experiência e vivência de sítio com o design”, explica Pâmela. Depois do insight, o casal dedicou-se a pesquisas relacionadas à casca de ovo e em descobrir como poderiam desenvolver os itens a partir do material. “Fomos atrás de buscar uma solução, ficamos bastante tempo pesquisando, fazendo teste, até que vimos que era possível, sim, fazer esse trabalho”, destaca.

A madeira, que já fazia parte do dia a dia da operação, continua presente na nova coleção, mas não mais como material principal. A coleção conta com sete peças e inclui luminárias, vasos, esculturas e mesas de apoio, e todas levam nomes que remetem ao insumo. Alguns dos itens chegam a levar mais de 700 cascas de ovos, como é o caso da luminária de mesa clara. “Nós temos contato com fornecedores que trabalham na indústria alimentícia aqui do Estado, então as cascas, que eram descartadas, agora são aproveitadas para fazer isso”, explica Pâmela, que reforça o compromisso do negócio com a sustentabilidade.

“Acho que é muito importante que todos que trabalham com a criação de produtos pensem nos seus processos, nos seus materiais, e busquem sempre alternativas mais sustentáveis, que sejam mais coerentes com a realidade que queremos”, declara.[