Buffet, petiscos e culinária indiana: o entorno da Redenção reúne uma grande diversidade de negócios vegetarianos e veganos

Saiba onde fica o polo gastronômico vegetariano de Porto Alegre


Buffet, petiscos e culinária indiana: o entorno da Redenção reúne uma grande diversidade de negócios vegetarianos e veganos

Ocupar um mesmo espaço há mais de 30 anos, conquistando novos clientes e fidelizando antigos, não é uma missão fácil para quem está à frente de um negócio. Esse é o feito que os sócios André, Tiago, Beto e Pedro Flores, que comandam o Prato Verde, celebram. O restaurante surgiu em 1991 e foi um dos primeiros vegetarianos de Porto Alegre. Hoje, servindo mais de 10 mil almoços por mês, o negócio busca constante adaptação, entendendo as novas tendências e demandas da clientela.
Ocupar um mesmo espaço há mais de 30 anos, conquistando novos clientes e fidelizando antigos, não é uma missão fácil para quem está à frente de um negócio. Esse é o feito que os sócios André, Tiago, Beto e Pedro Flores, que comandam o Prato Verde, celebram. O restaurante surgiu em 1991 e foi um dos primeiros vegetarianos de Porto Alegre. Hoje, servindo mais de 10 mil almoços por mês, o negócio busca constante adaptação, entendendo as novas tendências e demandas da clientela.

Os irmãos Tiago e Tarcísio, já falecido, foram os responsáveis por iniciar a trajetória do negócio. Tiago Costa Flores, filho do fundador, conta que a ideia partiu do pai durante uma viagem a Curitiba. "Ele é maestro, foi fazer uma viagem para Curitiba, viu um restaurante vegetariano e se interessou. Estava começando uma cultura. Foi um insight de empreendedorismo, de algo que não tinha em Porto Alegre e que poderia crescer. E foi mesmo, hoje vemos a quantidade de restaurantes vegetarianos e veganos que a cidade tem", avalia Tiago, que hoje é consultor no negócio.

O ponto no bairro Farroupilha foi, mesmo na época, escolhido de forma estratégica. Pela proximidade com o Brique da Redenção e pela grande circulação de pessoas, os sócios encontraram no número 42 da rua Santa Terezinha, dentro da igreja que dá nome à rua, o ponto ideal. "Quando abriu, em 1991, era só um salão. O segundo foi escavado. A escolha do ponto foi determinante, ter esse charme de ser embaixo de uma igreja, com vista para o jardim, e o Brique da Redenção, que no domingo tem aquele monte de gente, a Feira Ecológica também tomou um corpo maior. A escolha do local é pela força que era o Brique da Redenção como uma parte cultural da cidade", conta Tiago, que segue acreditando no potencial da Redenção para fomentar os negócios do entorno. "É das melhores regiões que temos na cidade. É muito bom estar aqui, caminhar nas ruas arborizadas, ter um cafezinho para tomar, essa facilidade de fazer tudo caminhando, se tornou um polo de restaurantes", percebe.

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Com buffet livre vegetariano e, nas quintas, totalmente vegano, o Prato Verde é um negócio essencialmente familiar. Pais, filhos, tios, sobrinhos: a mesma passagem de tempo das gerações à frente da operação é percebida nas famílias dos clientes que frequentam o espaço. "Muitos clientes dizem que lembram de mim pequeno, correndo por aqui. O restaurante tinha dois anos quando nasci, então realmente cresci aqui dentro. E é um ponto de encontro das famílias, de reunião, para comemorar aniversários. Por outro lado, ver uma nova geração de clientes é muito legal. Há oito anos, quando cheguei, via umas mulheres grávidas, e, hoje, vejo as crianças correndo, conhecemos pelo nome. Ser um ambiente familiar é bem agregador", garante André.

Estar há 30 anos em um mesmo ponto é ser testemunha das transformações de uma região. Tiago e André contam que, ao longo desse período, o entorno mudou muito e percebem de forma positiva a chegada de outros restaurantes na região, que se tornou um polo de espaços vegetarianos em Porto Alegre. "A concorrência faz a gente sair da zona de conforto, fez com que a gente caprichasse com mais receitas, inovasse. Temos comida brasileira, mexicana, árabe, italiano, hambúrguer, pizza. É difícil encontrar a diversidade de pratos que a gente tem. Não fosse a concorrência, talvez tivéssemos ficado acomodados", acredita Tiago. E inovar, percebem, é uma das chaves para operar por tanto tempo. "Vemos que a sazonalidade influencia. Às vezes, a gente vê que dá uma baixada, que está faltando trazer uma novidade, um prato diferente, mais opções fit, mais sem glúten. Temos que nos adaptar às tendências que rolam e sempre buscamos uma qualidade de produto maior. Agora, com a marca já consolidada, o desafio é manter o alto padrão", completa André.

Pós-pandemia, o foco do restaurante tem sido aprimorar o serviço de delivery, com inclusão de mais pratos sem glúten e veganos. "O desafio é fazer essa tendência do glúten free e do veganismo com preço acessível", pondera Tiago. A modalidade ganhou força na pandemia e segue sendo uma aposta da operação. "Com o trabalho híbrido, vemos que muita gente segue preferindo comer em casa, então temos que nos adequar a um tipo de produto", diz André. No entanto, fazer essas mudanças em um negócio consolidado exige cautela. "Quando se tem um negócio de muitos anos, qualquer mudança é sensível. Tu tens um padrão há muito tempo, se queres mudar, vai haver uma resistência. É sempre um desafio manter a tradição e inovar", pondera Tiago que, apesar de manter os olhos focados na renovação, enxerga como um dos principais objetivos do negócio a continuidade do que já fazem hoje. "O que desejo é que a gente possa seguir sendo esse ambiente aberto a todos os públicos, sem restrição", afirma.

O Prato Verde opera de segunda à sexta-feira, das 11h às 14h30min, com buffet livre por R$ 29,50. Aos fins de semana, funciona até às 15h e o almoço custa R$ 34,00 no sábado e
R$ 36,00 no domingo.

Culinária indiana é foco de restaurante vegetariano desde 1997

Perto de completar três décadas de operação, o Restaurante Govinda já é um clássico para amantes da culinária vegetariana em Porto Alegre. Fundado por Mariciana Balbinot em 1997, o espaço tem como foco a culinária indiana e é baseado na filosofia de vida hare krishna, movimento que Roberta Balbinot, filha de Mariciana e, hoje, nome à frente da operação, é adepta desde os dois anos de idade.

"Foi minha mãe que fez do Govinda o que ele é hoje. Cresci aqui dentro, sempre ajudando em tudo e, desde 2016, sou eu quem está à frente do negócio", conta Roberta. Há sete anos, ela comanda o restaurante ao lado da mãe, com quem ainda divide o comando da cozinha. "Ela segue aqui, dividimos a cozinha, cada uma tem seus dias, mas as questões mais administrativas seguem comigo", explica.

Desde que foi fundado, o Govinda já passou por quatro endereços, todos próximos da região, até chegar ao ponto da avenida José Bonifácio, nº 605, onde está presente há mais de 20 anos. "Sempre foi na volta da Redenção, não sei se foi ao acaso, mas deu super certo, temos o Brique aqui, então domingo é um dia muito bom para o restaurante, sem falar na paisagem", destaca Roberta.

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De acordo com a empreendedora, o objetivo da dupla sempre foi manter um restaurante pequeno e familiar, que, além de homenagear a filosofia de vida da família, também busca oferecer uma alimentação mais saudável e orgânica para a clientela. "Utilizamos óleo de girassol na cozinha, não óleo de soja, usamos sal marinho, açúcar demerara, prezamos muito para que tudo tenha a melhor qualidade e seja o mais saudável possível", ressalta.

Apesar de ter iniciado como um restaurante vegetariano, hoje, quase 100% da produção do negócio é vegana. O único item que ainda leva algum ingrediente de origem animal é a sopa vegetariana, que, de acordo com Roberta, é a queridinha da clientela. "Fomos migrando para o veganismo com o passar dos anos. Hoje, com certeza o carro-chefe da casa é a sopa, o único item que não é vegano, porque vai ricota nela, mas é uma opção que sempre temos congelada aqui. Não pode faltar, seja inverno ou verão", avalia.

Ao longo dos anos, muitos outros negócios vegetarianos e veganos surgiram na região, o que Roberta vê com bons olhos. "Não enxergamos como concorrência. Fico feliz, na verdade, por existir mais opções, porque cada um tem o seu toque, o seu tempero. Apesar de todos serem vegetarianos, sabemos que nossa comida é diferente, e temos uma missão por trás. Tudo aqui é baseado na filosofia e cultura de vida hare krishna, que é propagar o veganismo, puxado para a culinária indiana, com alguns preparos e temperos de lá, mas que adaptamos para o brasileiro", declara.
Alguns anos depois da inauguração do negócio, a tia de Roberta, Marinegi Balbinot, também decidiu apostar no empreendedorismo e na causa vegetariana e vegana e abriu, ao lado do restaurante, a Lancheria Govinda, com opções de lanches orgânicos e sem carne, como salgados, xis, pães e hambúrgueres.

Após a pandemia, Roberta afirma que ela e a mãe pararam de fazer tantos planos para o negócio. "Agora, não planejamos mais nada, vivemos um mês de cada vez e, claro, não queremos que a nossa história termine, então o principal é seguir mantendo o restaurante, com nossa proposta, sem focar apenas no dinheiro, seguir nossa missão", explica.

Restaurante faz sucesso com kit churrasco vegano

Após oito anos trabalhando com gastronomia, Ian Ferreira, 32 anos, foi uma das tantas pessoas que teve seu emprego afetado pela pandemia. Quando o restaurante em que trabalhava fechou as portas, o empreendedorismo surgiu como uma alternativa para continuar trabalhando com o que gostava. Em 2022, abriu, ao lado de Krissie Caetano, 38, o Espaço No Meat, restaurante vegano com foco em produtos artesanais.

O ponto, que ocupa o número 54 da rua Vieira de Castro, no bairro Farroupilha, já era de Krissie desde 2019, quando abriu um bar no local, que, também por conta da pandemia, não durou muito tempo. "Eu e meu antigo sócio não tínhamos mais como manter e chegamos até a colocar o ponto à venda, foi quando pensei no Ian", lembra a sócia, que já conhecia o empreendedor pelos molhos artesanais que ele vendia. "Quando perdi o emprego, tive que me reinventar, então comecei a fazer molhos veganos e artesanais, vendendo para amigos, e fui ganhando visibilidade", lembra sobre a marca (@molhosian), que ainda existe, mas com vendas apenas por encomenda.
Krissie enxerga no bairro uma grande oportunidade para empreender na área. "É uma região que demanda bastante isso, temos uma feirinha orgânica aqui, o próprio Bom Fim, aqui do lado, é um público bastante receptivo a essa culinária", acredita.

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Pela proximidade com a Redenção, que, principalmente aos finais de semana, gera muito movimento, o negócio está sempre captando novos clientes. "A circulação de pessoas aqui é muito grande, então, se não conhece, passa na frente, vê a placa e já tem curiosidade de saber o que é", declara Krissie, ressaltando que o público que já conhece a operação não esquece. "Temos clientes muito fiéis, que pedem delivery todo dia, é uma relação bem legal, além de que é um público diverso, majoritariamente LGBT, mas diverso, vem gente de todas as faixas etárias e estilos", acrescenta Ian.

A única ressalva da dupla sobre a localização é que, por ser um bairro muito comercial, à noite, as quadras ficam vazias e sem iluminação, o que atrapalha na operação noturna. ”Fica quase abandonada, até tentamos fazer esse movimento, colocamos umas luzinhas ali fora para chamar a atenção, mas acho que, talvez, precisa ter mais parceria entre os outros estabelecimentos”, pensa Krissie. Porém, o boom recente de novos negócios abrindo no entorno da Redenção gera esperança na dupla, que vê o momento como positivo para a região. “No início da pandemia, muitos negócios fecharam aqui, então fico muito feliz de ver essa expansão com novos negócios, me motiva porque vai movimentar mais a região. Até a Paralelo 30, livraria aqui do lado, quando abriu, comentou que se motivou por conta da gente, então vejo que um vai motivando o outro, é muito legal”, considera Ian.
Com um cardápio extenso, o No Meat oferece desde lanches rápidos, como sanduíches e pizzas, até pratos mais complexos, como o kit churrasco e a parmegiana, carros-chefes do local, que custam R$ 105,00 e R$ 44,00, respectivamente. O restaurante acomoda cerca de 50 pessoas, entre área interna e externa, com mesas na rua, e opera de quarta a domingo, das 11h às 15h e, à noite, das 18h30min às 22h30min.

Para o futuro, o plano é criar uma espécie de mini mercado no local, com itens, hoje disponíveis no cardápio, para venda e delivery, como molhos e congelados. “Penso em um futuro mercadinho, onde o pessoal vai poder comprar o que consome aqui, ter esses itens à venda para quem quiser consumir em casa”, planeja Ian. Outra ideia da dupla, para longo prazo, é franquear a marca e expandir para outros lugares da Capital e do País.