Remodelados, negócios tradicionais de gastronomia da Capital voltam ao mercado de olho não só no público fiel, mas em novos consumidores

Negócios tradicionais de Porto Alegre apostam em vínculo afetivo com a clientela e retornam ao mercado


Remodelados, negócios tradicionais de gastronomia da Capital voltam ao mercado de olho não só no público fiel, mas em novos consumidores

Até aqueles que nunca saem de moda precisam se reinventar frente às mudanças do mercado. Após 11 anos de portas fechadas, o Joe's, que desde 1960 era ponto de encontros e bons lanches na rua Ramiro Barcelos, está de volta. A lancheria, agora, opera em formato de delivery. Conhecido por ter o melhor milk shake da cidade e pela sua marcante mostarda, que não ficava de fora dos pedidos, o negócio reabriu em outubro de 2022, com adaptações, o que Luis Filipe Veiga da Costa, nome por trás do negócio, chama de "mudanças do mercado".
Até aqueles que nunca saem de moda precisam se reinventar frente às mudanças do mercado. Após 11 anos de portas fechadas, o Joe's, que desde 1960 era ponto de encontros e bons lanches na rua Ramiro Barcelos, está de volta. A lancheria, agora, opera em formato de delivery. Conhecido por ter o melhor milk shake da cidade e pela sua marcante mostarda, que não ficava de fora dos pedidos, o negócio reabriu em outubro de 2022, com adaptações, o que Luis Filipe Veiga da Costa, nome por trás do negócio, chama de "mudanças do mercado".
A história do Joe's começou com três amigos que amavam fast-food e queriam trazer o formato para a capital gaúcha. A cidade, amante das churrasqueiras e da erva-mate, ainda não era acostumada com os lanches rápidos, que, na época, já faziam sucesso nas cidades norte-americanas. A aposta dos sócios foi certeira, já que, até hoje, o nome da operação é lembrado como um ponto de encontro de gerações. Em seu auge, o negócio chegou a ter três unidades em Porto Alegre, conta Luis Filipe. O pai do atual proprietário, Luizinho Martins da Costa, era gerente do Joe's na época. Por volta de 1970, quando os sócios queriam fechar o empreendimento, Luizinho resolveu tomar a frente da operação.
Além de figuras públicas e políticos famosos que, na época, frequentavam o Joe's, o proprietário conta que o negócio foi um ponto onde casais e família foram formadas. "O Joe's ficava aberto até de madrugada, então o pessoal saía da aula e ia ali comer. Era um ponto de encontro e até formação de casais", expõe Luis Filipe. Mesmo com o sucesso e o carinho da clientela ao longo dos anos, a operação fechou as portas em 2011. "A verdade é que o Joe's foi engolido pelo mercado", afirma. Segundo o proprietário, além das dificuldades financeiras e da alta no aluguel, a mudança nos hábitos de consumo foi um dos principais motivos que levou ao encerramento das atividades.
O número de lancherias aumentou, a dinâmica da cidade e as necessidades da clientela mudaram, e, assim, o negócio não conseguiu se atualizar na velocidade necessária. "Ele era um fast-food de 1960 que foi se adaptando, mas chegou uma hora que a velocidade ficou menor do que o público demandava", pondera.
No final de 2022, o antigo clássico da Ramiro Barcelos voltou a operar, só que, agora, é entregue direto na casa dos clientes. E foi através de um apelo da própria clientela que o proprietário tomou a decisão de voltar ao trabalho, de uma maneira adaptada ao mercado atual. "Sentia um carinho afetivo muito grande pelo Joe's, então, quando procuramos reabrir o negócio no formato de delivery, o objetivo era esse, resgatar a afetividade no mercado", avalia o empreendedor.
Ao formatar a volta do negócio, a equipe chegou ao consenso que o delivery seria a melhor opção para o momento. No entanto, os planos não param por aí. "O modo de consumo atual é esse, o cliente quer receber em casa. Mas o nosso plano de negócio nos possibilita explorar a marca de diversas maneiras. Mas vamos passo a passo, o mercado e o público que demandam como isso vai acontecer", explica.
O cardápio passou por algumas adaptações, mas o proprietário afirma que os clássicos e a qualidade que consolidaram o sucesso do Joe's não poderiam ficar de fora.
O equilíbrio entre estar atento às novidades do mercado e da nova geração e não perder a essência que fez o negócio conquistar espaço é a aposta de Luis Filipe para trazer de volta o público que já era cliente do Joe's e atrair uma nova clientela. Com um investimento de cerca de R$ 300 mil para essa nova formatação, a lancheria conta com cinco pessoas na equipe de produção. Segundo o proprietário, o milk shake segue sendo um dos queridinhos da clientela, assim como o bauru de filé mignon e os cheeseburgers. O negócio funciona diariamente das 17h às 23h45min pelo iFood.
No horizonte do Joe's, a meta principal é cada vez crescer mais e se reestabelecer no mercado. Além disso, existe o plano de abrir uma sede física, dependendo da aceitação e da resposta do público. No entanto, o futuro ponto não será na Ramiro Barcelos. "Queremos uma região que nos coloque perto dos clientes. O Joe's é berço do Moinhos de Vento, talvez dentro de um shopping. Mas depende muito do custo e é preciso avaliar o mercado e os números", pontua o proprietário, que não descarta a possibilidade de franquear a marca.
A famosa mostarda do Joe's, que, hoje, também está presente no delivery, era um item que atraía a clientela ao estabelecimento, conta Luis. O produto, que é feito de forma artesanal, poderá ir à venda no comércio.
"É uma mostarda caseira, sem componentes químicos, passada de pai para filho desde 1960. E, futuramente, existe uma possibilidade de colocarmos à venda em casas comerciais, como em mercados", revela o empreendedor sobre planos futuros. 
 

Bar clássico aposta no chope cremoso para atrair antiga e nova clientela

Em 2022, o bar voltou ao mercado inspirado na antiga unidade da avenida Benjamin Constant

Com novos sócios e em novo endereço, o clássico bar Lilliput agora ocupa o número 651 da rua Vasco da Gama, no bairro Rio Branco. Mas o famoso chope que levava a clientela diariamente ao estabelecimento, continua igual: cremoso e com um sabor único. Além disso, as cores amarelas e a gravata característica da marca seguem como identidade visual do negócio. O chef Cléber Nascimento e Diogo Chamun são os nomes por trás da operação, que funciona de terça-feira a domingo.
"O Lilliput é dos anos 1940, lá na Otávio Rocha. Depois de um tempo, chegou até a ser do meu avô", conta Diogo, lembrando, inclusive, que viveu o sucesso do Lilliput como cliente, na época que a marca chegou a ter sete unidades espalhadas pela Capital. Diogo revela que o objetivo inicial era abrir um bar pequeno e aconchegante para receber os amigos, mas, segundo o empreendedor, quando a ideia de colocar a marca Lilliput surgiu, tudo tomou uma proporção maior. "O Lilliput sempre foi muito forte, tem cliente que vem aqui, chora e relembra momentos", afirma.
A última unidade da marca teve as portas fechadas em 2010. Em 2022, o bar voltou ao mercado inspirado na antiga unidade da avenida Benjamin Constant.
Agora, contando com dois andares - sendo um considerado mais calmo e clássico, atraindo os clientes antigos, e o segundo andar um espaço mais moderno e com música ao vivo - o empreendimento teve um investimento de R$ 500 mil, e tem como objetivo trazer os clientes antigos e chamar a atenção de novos. "Esse nosso público antigo é muito importante, mas também queremos um público novo. E isso já está acontecendo, estamos conseguindo alcançar essa renovação", avalia Cléber.
Durante entrevista para o GeraçãoE, duas antigas clientes entraram no estabelecimento. "Quero saber se o chope é tirado como era antes. Se sim, nós vamos tomar de joelhos", disse uma delas. O tal chope que as clientes fiéis estavam falando, é tirado por Mário Francisco Gonçalves, primeiro funcionário da história do Lilliput e responsável pela criação do método de tiragem da bebida. "Faz 33 anos que eu guardo esse segredo", brinca Mário. Após tomarem um chope por cortesia da casa para relembrar os velhos tempos, as clientes afirmaram que a bebida seguia fielmente como era anos atrás.
"Esse método de tirar foi o Mário que desenvolveu, ele tem três cores. Já viajei para vários lugares do mundo, eu nunca tinha tomado um chope igual o dele, o sabor, cremosidade, textura, é tudo diferente", destaca Cléber sobre as bebidas que partem de R$ 10,90. Diogo conta que mesmo o bar sendo de origem noturna, o estabelecimento vende mais comidas do que bebidas.
O empreendedor atribui isso a entrada de Cléber à sociedade em março de 2023. O cardápio do espaço conta com opções de aperitivos, sanduíches, pizzas e diversos pratos. O bolinho à Lilliput é um dos mais pedidos do estabelecimento, junto com o filé à xadrez e o sanduíche aberto, contam os sócios.
Futuras novas unidades em Porto Alegre, no Litoral ou na Serra estão nos planos da dupla, no entanto, com tudo no seu tempo. "Nós queremos deixar aqui superorganizado, com os processos todos certos e a clientela segura. Então, sim, vamos olhar para essas possibilidades", garante Diogo.
 

Operando há 38 anos, bar do bairro Rio Branco passa por reformulação de marca

Agora, com fachada amarela e novo logo, o público encontra mesas de boteco e uma decoração que homenageia a história do negócio e do bairro

Desde 1985 de portas abertas no bairro Rio Branco, o Pippo's Bar, comandado por Salete e Rodrigo Gris Seibt, mãe e filho, passou por uma reformulação de marca e mudança de espaço em 2023. Conhecido pela cerveja sempre gelada, o estabelecimento foi atingido pelas mudanças do mercado, demandas do público e transformações da região, e, assim, precisou pensar em novas estratégias.
O Pippo's começou como uma sorveteria e foi comprada pelo pai de Rodrigo, José Seibt, que tocou o empreendimento em sociedade com o irmão por uma década. Em 2012, com o falecimento de José, Rodrigo tomou a frente do negócio com a mãe. "Tivemos um período bom, mas a loja já estava defasada, o local não estava mais legal", lembra Rodrigo. De 1985 até antes das mudanças que aconteceram em 2023, o estabelecimento funcionava na loja ao lado da que está operando hoje, no número 906 da avenida Protásio Alves.
Agora, com fachada amarela e novo logo, o público encontra mesas de boteco e uma decoração que homenageia a história do negócio e do bairro. As fotos dos anos 1980 e 1990 mostram um pouco da atmosfera da época: amigos e família reunidos para jantar e tomar cerveja.
Rodrigo destaca que algumas mudanças do mercado motivaram a reformulação do negócio. "Houve uma grande mudança do comportamento do consumidor. Hoje, a cada esquina, tem um restaurante, a concorrência é acirrada, então é preciso se destacar de alguma maneira", enxerga. "Tinha uma época que a gente não precisava divulgar para ter clientela, era só abrir as portas de manhã", acrescenta Salete.
No entanto, sair do bairro nunca foi uma opção, mesmo com as dificuldades. "O Rio Branco está começando a ser boêmio. Muitos bares novos como o El Aguante, o Sotaque. Isso é bom para trazer gente para o bairro e nos fez investir na loja", avalia. Com um investimento de cerca de R$ 300 mil, o espaço funciona diariamente das 8h às 22h30min, exceto por segunda-feira, quando encerra as atividades por volta das 18h.
O Pippo's trabalha com café da manhã, buffet livre e, à noite, tem petiscos e hambúrgueres. "Nós temos os nossos clientes fiéis que vem há mais de 20 anos aqui. Quando o cliente é tão fiel assim, passa a ser amigo", conta Rodrigo.