Eternizar arte, sonhos e elementos especiais na pele através da tatuagem já é comum há muito tempo. No entanto, o que, em algum momento, não foi visto como uma profissão, agora, virou fonte de renda e um trabalho buscado por muitos artistas. É nesse contexto que tatuadores entraram na profissão e, alguns, como o Peter Kleguer, 41 anos, construíram sua carreira junto do próprio cenário da tatuagem no Brasil, muitas vezes buscando referências em outros países, aprendendo sozinho ou contando com o apoio de tatuadores próximos.
Peter é proprietário do estúdio Hands Down Tattoo, localizado na rua 24 de Outubro, n° 1301, e da marca de equipamentos para tatuagem Hammerworks, negócios que gerencia com sua esposa Kelly Kaiser. Sua trajetória nesse universo começou em 2002. Ele conta que foram inúmeras mudanças de lá para cá, inclusive no acesso a equipamentos, que era difícil no início de sua carreira. Hoje, as informações distribuídas na internet e a velocidade das compras online, resultam em um considerável aumento no número de tatuadores.
Peter trabalhou anos fora do Brasil, quando morou na Espanha, Inglaterra e na Suíça. Após retornar para o País, ele encontrou a necessidade de ter um espaço próprio. "Resolvemos ter esse espaço nosso para trazer a bagagem que adquirimos fora e em outros estúdios. Queríamos ter o nosso estúdio com a nossa cara. Por isso, veio o Hands Down", explica.
Hoje, o estúdio conta com mais sete tatuadores, além de Peter, cada um com seu estilo próprio. Ele conta que muitos clientes tatuam com vários tatuadores do estúdio, já que cada um possui especialidades diferentes. "Não temos rivalidade ou aquele medo do outro roubar o cliente. Adoramos quando um cliente sai daqui e vai parar ali, ou inverso", garante. Ivy Saruzi é especialista em black work e tatua no estúdio há cinco anos. Segundo ela, o espaço é sua segunda casa, o que contribui para um bom trabalho. "Observar o trabalho do outro faz com que tu observes o teu e melhore", pontua. O proprietário destaca a importância na qualidade e segurança em todo processo da tatuagem, desde o equipamento até a hora de tatuar. "A tattoo é algo que fica para o resto da vida. Hoje, tu tens a opção de cobrir ou reformar, mas não é a mesma coisa", reforça.
Além do estúdio, Peter começou, em 2016, a Hammerworks, marca própria de equipamentos para tatuagem. A qualidade e a durabilidade são dois dos pilares do negócio, que conta com máquina rotativa, apoio de braço e bancada auxiliar. O primeiro item criado foi a máquina, pensada e desenhada por Peter, diferente do que existia na época no Brasil. Depois, veio o apoio de braço, que, segundo o empreendedor, foi quando a marca teve um grande crescimento. "Comecei a reparar no que nós não tínhamos ainda no Brasil e o apoio de braço foi uma dessas coisas. Antigamente, usava-se aquele apoio de ferro para tirar sangue no hospital", explica sobre as poucas opções da época. Hoje, a marca tem clientes em quase todos os estados brasileiros. Na Capital, o Pink Estúdio e o Cataclisma, cujas histórias são contadas a seguir, estão entre os clientes da marca. Além disso, possui clientes na Inglaterra, Itália, Canadá e Estados Unidos. Peter ressalta a importância do Brasil ter um produto de qualidade reconhecido no mercado internacional. "Eles têm acesso lá, mas é legal saber que, mesmo assim, escolhem o nosso", orgulha-se o tatuador.
Para o futuro, o empreendedor espera expandir a marca com outros produtos. Um dos próximos lançamentos é um refil de caneta que pode ser usado para desenhar na mesma máquina usada para tatuar.