Há mais de 10 anos no mercado, a Egalitê, empresa fundada e comandada pelo gaúcho Guilherme Braga, atua no recrutamento e inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O negócio surgiu em 2013, quando Guilherme passou a procurar soluções para enfrentar, o que ele acredita, ser uma visão equivocada do mercado de trabalho com relação a contratar pessoas com deficiência. “As empresas encaram como uma pedra no sapato ter que realizar essa inclusão, mas nós sempre acreditamos que trabalhar a inclusão é uma grande oportunidade e potencialidade que as empresas não aproveitam”, pontua o CEO. “Existem inúmeras pesquisas que comprovam que uma força de trabalho mais diversa gera melhores resultados”, destaca.
Apesar de não ser uma pessoa com deficiência, o empreendedor lembra que o primeiro insight para abrir o negócio foi lá em 2003, quando realizou um intercâmbio para os Estados Unidos e teve a oportunidade de ver de perto a rotina de uma pessoa com deficiência. “A história da Egalitê não é tão óbvia, por assim dizer, eu não tenho ninguém próximo na família que seja uma pessoa com deficiência, mas, nessa oportunidade de fazer o intercâmbio para o interior dos EUA, tive um amigo muito próximo que era cadeirante. Lá, percebi que quando estamos em um ambiente com menos barreiras, a deficiência se torna cada vez menos relevante”, pondera o CEO, que, com o passar dos anos, foi amadurecendo a ideia, que saiu do papel quando descobriu a Lei de Cotas. “Essa lei garante que uma empresa com mais de 100 funcionários deve incluir, pelo menos, de 2% a 5% de pessoas com deficiência no seu quadro de colaboradores. Quando entendi a forma que ela era tratada aqui no Brasil, tive a vontade de iniciar um projeto que promovesse a inclusão, com base na lei”, explica Guilherme.
A empresa segue três pilares: cultura inclusiva, seleção de profissionais e acessibilidade. Além de contar com uma plataforma própria de recrutamento, totalmente acessível para pessoas com deficiência, o negócio realiza um diagnóstico e mapeamento em empresas que buscam inserir uma cultura mais inclusiva na sua organização. “Fazemos treinamentos, capacitações, programas de mentoria, é uma série de recursos para trazer mais informação e mostrar para a empresa como ela pode ser mais aberta à inclusão”, descreve o fundador. O mapeamento vai desde o quadro de colaboradores até questões mais práticas, como barreiras arquitetônicas ou de comunicação. “É importante reforçar que, no recrutamento, por exemplo, o foco é sempre o potencial da pessoa, e não a sua deficiência. Também não cobramos nada dos candidatos, quem paga pelos serviços é a empresa”, declara Guilherme.
Os projetos são completamente personalizados, por isso, os valores podem variar de acordo com a necessidade e demanda de cada organização. “Existem trabalhos muito pontuais, como palestras, e outros que duram anos. Entendemos a necessidade daquele cliente para poder oferecer algo que faça sentido”, define. O CEO destaca, ainda, alguns projetos para o futuro da empresa, como ampliar o número de pessoas com deficiência que trabalham na Egalitê. “Atualmente, cerca de 15% do nosso quadro de colaboradores é de PcDs, mas, para os próximos anos, o objetivo é dobrar essa porcentagem”, prevê. Outro plano futuro é a ampliação da Inclui PCD, feira online de empregos que surgiu durante a pandemia e já gerou mais de 27 mil vagas em suas três edições. “Estamos renovando o projeto para que, neste ano, não aconteça apenas em setembro, mês que tem o dia nacional da pessoa com deficiência. A ideia é que seja uma plataforma para as empresas utilizarem, ao longo de todo ano, e poder se conectar com esses profissionais”, adianta o CEO.
Sobre o cenário da inclusão social no Brasil, Guilherme acredita que ainda há muito para ser feito, principalmente no setor público. “De acordo com o Senso, cerca de 24,9% da população brasileira têm algum tipo de deficiência, é uma parcela muito significativa da nossa sociedade, então, as empresas precisam ter esse olhar mais inclusivo e diverso, até para que consigam pensar em mais produtos e novos serviços que possam atender a todos”, acredita.