Carlos Drummond de Andrade, na obra A Rosa do Povo, disse que “A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede”. O escritor acreditava no poder da literatura e na importância da arte na vida das pessoas, e são essas ideias que ele compartilha com os empreendedores Camila Konrath, Nathalia Schelini, Alfredo Obino e Vinicius Riskalla, sócios da Livraria Paralelo 30, espaço dedicado à exposição da cultura.

Alfredo e Vinicius começaram o negócio juntos, vendendo, de maneira online, livros do acervo pessoal da dupla, Nathalia e Camila entraram logo em seguida, também colaborando com suas bibliotecas próprias. Ainda no início, os amigos tiveram a oportunidade de comprar a coleção de livros de uma pessoa que estava se desfazendo, o que impulsionou ainda mais as vendas em marketplaces. “Cada um tem uma área de atuação diferente, experiências com livros e livrarias, então decidimos fazer isso a partir do desapego dos nossos acervos pessoais”, explica Vinicius, e Nathalia complementa, falando que saiu de São Paulo para morar em Porto Alegre e teve uma experiência de três anos trabalhando com livros.

No final de 2019, os amigos procuravam novos acervos, fazendo uma curadoria especial, que focava no estilo de literatura consumida por todos. Por conta das vendas serem online, a livraria conseguiu não só se manter, como crescer no período da pandemia, um momento que, segundo os sócios, foi muito delicado para a cultura no Brasil. “Inicialmente foi uma ideia pensada para o mercado online, trabalhávamos com os marketplaces, com as redes sociais, mas no futuro tínhamos a vontade de ter um espaço físico, e isso foi acontecendo”, comenta Nathalia. Com a flexibilização da pandemia, os amigos começaram a participar de feiras, o que, de acordo com Alfredo, ajudou no contato com o público.

Sobre o nome do negócio, Camila explica que surgiu por conta das experiências que cada um dos amigos tem com as ruas de Porto Alegre. “A Nathalia veio de São Paulo para morar aqui, cada um morou em uma região diferente da cidade, cada um tem uma história diferente para contar sobre a cidade e a gente percebeu isso na hora de criar o nome, chegamos nesse que é a latitude, a linha, o paralelo da cidade, e o paralelo 30 cria muitos mosaicos na nossa cabeça”, define a sócia. O objetivo do grupo é que o negócio seja uma livraria de porta de rua, e que, apesar de possuírem uma curadoria bem direcionada, querem conversar com o maior público possível.

Em dezembro de 2022, a Livraria Paralelo 30 abre as portas em um espaço físico, na rua Vieira Castro, nº 48. Com estantes cheias de histórias e um espaço que, em breve, vai comportar shows, saraus, exposições artísticas e oficinas, o principal objetivo dos sócios é fazer com que o empreendimento ajude a difundir a cultura na Capital. “Em breve vamos abrir o café aqui, então vai ter esse espaço legal, tem o andar de cima também que é o próximo passo que vamos dar, aí vamos poder oferecer essas oficinais, alguns shows, atividades culturais mesmo”, comenta Alfredo. Camila relembra como foi a abertura da livraria, com vários eventos ao longo do dia, e também conta que já fizeram uma roda de leitura com uma autora que estava lançando um livro. “É muito legal ver as pessoas vindo para uma atividade, para as infantis que oferecemos de manhã, aí voltam para ver a autora e acabam ficando para o show, queremos fazer mais coisas do tipo, por isso estamos organizando tudo para nos próximos meses já ter esse espaço”, explica a sócia.

A livraria funciona de terça à sexta-feira, das 10h às 19h, nos sábados das 8h30min às 19h e nos domingos das 11h às 17h, mas o grupo afirma que está sentindo o clima do público e os horários podem sofrer alterações, mas todas as informações de funcionamento e de eventos são divulgadas no Instagram (@livrariaparalelo30).