A cidade que há 33 anos é sede do Festival Internacional de Balonismo, evento anual que reúne mais de 300 mil pessoas no litoral gaúcho, já se tornou referência quando o assunto é o esporte. Vivendo uma grande expansão nos últimos anos, Torres é o ponto perfeito para quem sonha em viver de balonismo, como foi o caso de João Vitor Justo e Fábio Lipes, empreendedores com histórias de vida muito diferentes, mas ambos apaixonados pelos voos de balão.
O amor de João pelo balonismo começou cedo. Quando tinha 10 anos, o empreendedor pulou a cerca do Parque do Balonismo durante uma edição do Festival para ver de perto a mágica acontecendo. "Lembro que um argentino me deixou ajudar a equipe dele e ali eu soube que queria fazer isso para o resto da minha vida", conta João. Enquanto isso, Fábio atuou por muitos anos como policial civil, mas foi apenas quando se aposentou que descobriu o gosto pelo balonismo. "Começou como um hobby, fazia de vez em quando e fui gostando. Hoje faço passeios para consultoras financeiras aqui de Torres", conta.
Já João teve de atuar no setor imobiliário durante alguns anos até conseguir, de fato, viver de balão. "Trabalhei oito anos em uma imobiliária para juntar dinheiro e poder me formar como piloto, porque é um custo bem caro, e, quando consegui o investimento, abandonei o trabalho e foquei no balão", lembra o empreendedor sobre o início da sua trajetória.
Hoje, João comanda a João do Balão, empresa que realiza passeios e voos de instrução em Torres e região. "Tenho um time de pilotos que trabalha comigo e oito balões, um leva até 24 pessoas, é um dos maiores do Brasil", garante. Ambos os empreendedores enxergam grande potencial na cidade para investir no balonismo. "É o lugar mais lindo do mundo para se voar, é mágico. Tive um cliente que já voou até na África do Sul e ficou impressionado com a beleza que temos aqui, é uma vista linda, única", descreve João, que enxerga o esporte, atualmente, como carro-chefe de Torres. "Se tu vais para a Capadócia, tu pensas em voar de balão, e Torres está se tornando assim. A importância do balonismo para a economia local é gigantesca, até porque voamos, principalmente, ao nascer do sol, e para a pessoa estar aqui nesse horário ela precisa vir para cidade um dia antes, ficar num hotel, jantar em algum restaurante, então, mesmo que ela não venha para cidade com a intenção de turistar, ela vai acabar fazendo isso", acredita João.
Já Fábio, além de realizar voos para consultoras financeiras, também é proprietário da Voar em Balão, empresa especializada nos balões de special shape, que imitam formas de desenhos e personagens infantis. "Já viajei o mundo todo com eles, tenho um balão de urso que tem uns 30 metros, esse ano levei ele para o Canadá, Estados Unidos e México", compartilha o empreendedor.
Para cada passeio realizado, pelo menos 10 pessoas se envolvem na produção, o que, de acordo com os empreendedores, explica o valor dos voos. "É um trabalho complexo, muitas pessoas se envolvem até o balão estar no ar, então o preço acaba sendo alto, mas é uma experiência para lembrar o resto da vida", declara João. Na João do Balão, os voos levam 45 minutos e o preço pode variar entre R$ 639,00 e R$ 1,9 mil por pessoa, a depender se será em grupo ou exclusivo. "Se a condição climática permitir, voamos todos os dias do ano, e o legal é que, além da pessoa curtir uma vista maravilhosa, ela também recebe uma aula sobre o balonismo, como tudo funciona, é uma baita experiência", ressalta.
Para João, o balão desperta um sentimento mágico em qualquer um, seja criança ou adulto. "Quando eu falo em balão, meu olho brilha, é a coisa que eu amo fazer. Para mim, eu não trabalho, eu me divirto todos os dias", define. Depois de criar seu negócio, o empreendedor partiu para outro sonho, a competição, e chegou a levar o nome de Torres para o Campeonato Mundial de Balonismo de 2022. "Nosso time foi vice-campeão brasileiro em 2021, ganhamos o terceiro lugar no ranking nacional, o que levou a classificação para o mundial, que tem apenas três vagas para brasileiros", conta.
Em setembro do ano passado, João foi à Eslovênia para participar da competição, ficando entre os 100 melhores pilotos de balão do mundo. "O resultado pode não ter sido dos melhores, mas o importante é estar lá, quebrar esse paradigma de pilotos aqui do Sul que achavam impossível estar em um mundial", considera.