Em meio a muitas dificuldades, a arte foi a salvação da gaúcha, que, atualmente, consegue fazer dessa paixão a sua principal fonte de renda. O desenho sempre fez parte da vida de Audrey Ashanti, 37 anos, formada em design pela ESPM POA, com pós-graduação em Moda e Marketing. Com poucas oportunidades na área de formação, a veia do empreendedorismo falou mais alto e, em 2018, ela abriu o próprio negócio.
"Nunca achei que ia conseguir viver dos meus desenhos, até que minha mãe sugeriu que eu começasse a criar estampas para trabalhar com a minha arte, que é o que eu amo fazer", conta a empreendedora, que seguiu o conselho e desenvolveu algumas peças de roupas com a sua identidade. Depois de vender todo o estoque, ela entendeu que existia um novo caminho para seguir, então criou a Ashanti.
A empreendedora trabalhou com a criação e venda de peças de roupas durante um tempo, até que uma amiga pediu para que ela pintasse uma parede branca que tinha em casa. "Nem sabia que caneta tinha que usar, mas fui atrás e fiz o desenho, que ficou muito bonito, achei legal, mas não acreditei muito no início, continuei com as roupas, fazendo feira e desenhando, até que a minha dentista quis me contratar para pintar a casa dela, eu não sabia nem quanto cobrar, ela até me pagou a mais porque eu pedi um valor muito baixo", afirma.
Audrey precisou parar com os negócios por conta da pandemia e da doença da mãe, um período que, para a empreendedora, foi muito difícil e doloroso. "Minha mãe já tinha uma doença pulmonar, mas ficou bem pior, então tive que parar totalmente de trabalhar. Até que ela faleceu, fiquei pouco tempo parada com o luto, peguei aquela dor e decidi que ia seguir em frente, porque minha mãe me incentivava muito, em tudo, acho importante falar dela porque tudo que eu sou, a coragem, a garra, é tudo incentivo dela, ela até me disse assim 'quando esse ciclo acabar, tu vai ter muito trabalho, não vai nem sofrer', mal sabe ela que eu sofro todo dia um pouquinho, mas realmente aconteceu isso, meu trabalho de parede começou a bombar", comenta.
O negócio expandiu e a pouco mais de um ano, Audrey tem se dedicado a pintura de paredes, mas ainda continua fazendo algumas peças de roupa. "É meu principal foco, é um trabalho gostoso de fazer, tem um bom retorno e é arte pura, muitas vezes eu peço referência e a pessoa me deixa livre. Esse retorno é importante, principalmente para mim que sou uma mulher negra. Por isso que virei empreendedora, porque tive muitos acessos negados, e trabalhar com arte te dá liberdade para se expressar", afirma a artista.
Audrey também recebe encomendas personalizadas de outros itens, e todo o contato é feito através do seu Instagram (@ashan.ti_).