A história do bairro
O Bom Fim teve início no Campo da Várzea e, após a construção da Capela do Senhor do Bonfim na avenida Osvaldo Aranha, ficou conhecido como Campos do Bom Fim. Quatro anos antes da abolição da escravidão no Brasil, Porto Alegre foi considerada uma "cidade livre" e, em virtude disso, a região foi aclamada como Campos da Redenção. Sendo conhecido pela sua comunidade judaica, há registros da chegada de diversas famílias, ainda na década de 1920. Outra característica importante é a área noturna e cultural do Bom Fim, com bares, cafés, lancherias e boates que notabilizou o bairro como point noturno de Porto Alegre, especialmente nas décadas de1970 a 1990.
* Vinícius Mitto é Professor e Arquivista e apresenta uma série sobre a história dos bairros de Porto Alegre no Instagram @cartaotri e no seu perfil @bahguri.rs.
Lancheria do Parque comemora 40 anos em mesmo ponto no Bom Fim
É em frente à Redenção, bem no meio da Osvaldo Aranha, que está um dos negócios mais icônicos de Porto Alegre. Desde 1982, a Lancheria do Parque ocupa o número 1.086 da avenida que se estende ao longo do Bom Fim. Do suco servido na jarra de liquidificador, os pedidos feitos em alto e bom som atravessando o salão, ao boné vermelho que compõe o uniforme: a Lanchera, como é conhecida, coleciona características que a tornam um espaço único e amado por uma clientela fiel e em constante renovação.
Neumar José Tunetti, 57 anos, conta que começou no negócio ainda adolescente, quando tinha 13 anos, ao lado do tio, Ivo José Salton, 70, fundador da operação. Inicialmente, a família trilhou os cerca de 150 quilômetros que separam Encantado de Porto Alegre para operar um negócio próximo da Rodoviária. Aquela lancheria - que ainda não era a Lanchera, chamada Risotejo - não funcionava aos domingos. O dia era reservado para os jogos de futebol. "Vínhamos na Redenção para jogar. Foi aí que vimos que o Bom Fim era um bairro muito bom, o lugar ideal para colocar uma lancheria e começamos a buscar um ponto para colocar uma loja aqui", lembra Neumar sobre o início do negócio. "Abrimos a Lancheria do Parque em 1982. Na época, as pessoas se perguntavam o que uns italianos iam fazer no meio dos judeus, porque é um bairro tradicional. Mas sempre fomos muito bem acolhidos. É muito bom fazer parte do Bom Fim", garante Neumar.
Ser um negócio familiar é uma característica fundamental da Lancheria do Parque. Passados os primeiros anos, o negócio se tornou uma cooperativa com os funcionários mais antigos. "Colocamos esses garçons mais antigos como sócios, virou uma cooperativa. Criamos um laço de amizade muito grande", conta Neumar.
Outro ponto que identifica a Lanchera é o sistema de atendimento - ou a ausência dele. Se os negócios adotam comandas eletrônicas e QRcodes, as cerca de 2 mil pessoas que passam por lá diariamente são atendidas na base do grito, mas com muita gentileza, garante o empreendedor. O garçom, diretamente da mesa, comunica o pedido em voz alta para a pessoa que comanda a chapa ou está preparando os sucos e é assim que a banda toca. "Nós tivemos funcionários que não aguentaram trabalhar um dia aqui. Depois que acostuma, é natural. Se não gritar, não é a Lancheria", diverte-se Neumar.
Estar há 40 anos em um mesmo ponto torna o negócio uma testemunha das mudanças do bairro. "Quando nós começamos, o bairro era boêmio, muitas bandas foram criadas aqui. O Nei Lisboa, o Bebeto Alves, o Alemão Ronaldo, toda essa turma vivia aqui. Pegamos os punks, os darks, os boêmios e, agora, estamos vivendo a geração saúde. Antigamente, era mais cerveja e trago, hoje é mais suco", compara Neumar, revelando que, há 10 anos, gastava cerca de 1 tonelada de açúcar por mês e, agora, pouco passa dos 100 quilos.
Neumar José Tunetti, 57 anos, conta que começou no negócio ainda adolescente, quando tinha 13 anos, ao lado do tio, Ivo José Salton, 70, fundador da operação. Inicialmente, a família trilhou os cerca de 150 quilômetros que separam Encantado de Porto Alegre para operar um negócio próximo da Rodoviária. Aquela lancheria - que ainda não era a Lanchera, chamada Risotejo - não funcionava aos domingos. O dia era reservado para os jogos de futebol. "Vínhamos na Redenção para jogar. Foi aí que vimos que o Bom Fim era um bairro muito bom, o lugar ideal para colocar uma lancheria e começamos a buscar um ponto para colocar uma loja aqui", lembra Neumar sobre o início do negócio. "Abrimos a Lancheria do Parque em 1982. Na época, as pessoas se perguntavam o que uns italianos iam fazer no meio dos judeus, porque é um bairro tradicional. Mas sempre fomos muito bem acolhidos. É muito bom fazer parte do Bom Fim", garante Neumar.
Ser um negócio familiar é uma característica fundamental da Lancheria do Parque. Passados os primeiros anos, o negócio se tornou uma cooperativa com os funcionários mais antigos. "Colocamos esses garçons mais antigos como sócios, virou uma cooperativa. Criamos um laço de amizade muito grande", conta Neumar.
Outro ponto que identifica a Lanchera é o sistema de atendimento - ou a ausência dele. Se os negócios adotam comandas eletrônicas e QRcodes, as cerca de 2 mil pessoas que passam por lá diariamente são atendidas na base do grito, mas com muita gentileza, garante o empreendedor. O garçom, diretamente da mesa, comunica o pedido em voz alta para a pessoa que comanda a chapa ou está preparando os sucos e é assim que a banda toca. "Nós tivemos funcionários que não aguentaram trabalhar um dia aqui. Depois que acostuma, é natural. Se não gritar, não é a Lancheria", diverte-se Neumar.
Estar há 40 anos em um mesmo ponto torna o negócio uma testemunha das mudanças do bairro. "Quando nós começamos, o bairro era boêmio, muitas bandas foram criadas aqui. O Nei Lisboa, o Bebeto Alves, o Alemão Ronaldo, toda essa turma vivia aqui. Pegamos os punks, os darks, os boêmios e, agora, estamos vivendo a geração saúde. Antigamente, era mais cerveja e trago, hoje é mais suco", compara Neumar, revelando que, há 10 anos, gastava cerca de 1 tonelada de açúcar por mês e, agora, pouco passa dos 100 quilos.
Apesar das transformações, há uma característica que não muda. O Bom Fim é um bairro acolhedor, e é isso que eles transmitem para os recém-chegados. "Nós fomos muito bem recebidos pelo bairro, e tentamos dar muito suporte para o pessoal. Todo comerciante que chega aqui recebe muita força", afirma.
Durante a pandemia, o espaço ficou fechado por oito meses e desligou todos os funcionários. "Agora, já recontratamos quase todos, só uns cinco que foram para o Interior e preferiram não voltar", conta Neumar, lembrando de um momento que viveu ao lado do tio no período. De portas fechadas, ele via Seu Ivo preparar a Lanchera, mesmo que não fosse receber clientes. "Durante os oito meses que ficamos fechados, eu olhava nas câmeras e, todos os dias de manhã, via ele aqui dentro. Pegava um pano, passava nas mesas e ia embora", emociona-se.
Das tantas histórias que se acumulam ao longo das quatro décadas de um balcão agitado, as mais lembradas por Neumar têm uma característica em comum: a relação de amizade que a equipe construiu e segue construindo diariamente com a clientela. "Já cheguei no aeroporto de São Paulo e uma guria gritou perguntando se ia ter Lancheria por lá. Fui para Paris e uma pessoa estava com o boné da Lancheria do Parque. Tem gente que não mora mais em Porto Alegre e, quando volta, vem do aeroporto direto para cá. São 40 anos, praticamente três gerações, gente que veio com os pais e agora traz os filhos. É gratificante trabalhar assim", diz Neumar, revelando o que não pode faltar no pedido para conhecer de verdade a Lanchera: suco, xis coração e filé a parmegiana.
Durante a pandemia, o espaço ficou fechado por oito meses e desligou todos os funcionários. "Agora, já recontratamos quase todos, só uns cinco que foram para o Interior e preferiram não voltar", conta Neumar, lembrando de um momento que viveu ao lado do tio no período. De portas fechadas, ele via Seu Ivo preparar a Lanchera, mesmo que não fosse receber clientes. "Durante os oito meses que ficamos fechados, eu olhava nas câmeras e, todos os dias de manhã, via ele aqui dentro. Pegava um pano, passava nas mesas e ia embora", emociona-se.
Das tantas histórias que se acumulam ao longo das quatro décadas de um balcão agitado, as mais lembradas por Neumar têm uma característica em comum: a relação de amizade que a equipe construiu e segue construindo diariamente com a clientela. "Já cheguei no aeroporto de São Paulo e uma guria gritou perguntando se ia ter Lancheria por lá. Fui para Paris e uma pessoa estava com o boné da Lancheria do Parque. Tem gente que não mora mais em Porto Alegre e, quando volta, vem do aeroporto direto para cá. São 40 anos, praticamente três gerações, gente que veio com os pais e agora traz os filhos. É gratificante trabalhar assim", diz Neumar, revelando o que não pode faltar no pedido para conhecer de verdade a Lanchera: suco, xis coração e filé a parmegiana.
Bar pretende relembrar os anos de ouro da Osvaldo Aranha
O Osvaldo Bar, espaço localizado na Osvaldo Aranha, n° 784, é o segundo empreendimento, no Bom Fim, dos sócios Cecília Capovilla e Eduardo Etchepare. Com dois anos de operação, o local rememora os momentos de ouro da avenida, entre os anos 80 e 90, quando era povoado por vários bares. Tendo crescido no bairro, os sócios acreditam não ter lugar melhor para empreender em Porto Alegre. "Nós gostamos muito dessa dinâmica de bares, já tivemos outros, inclusive juntos em 2014, que era o Minibar, aqui mesmo no Bom Fim. Fechamos porque queríamos um lugar maior, então alugamos aqui no final de 2019, pouquinho antes da pandemia, quando tudo parou", conta Cecília.
O plano inicialmente era trazer uma pegada mais fechada, de clube, para o bar, mas o movimento e a necessidade lapidaram a ideia e transformaram o Osvaldo em um lugar com cara de boteco de bairro, característica fundamental para a popularidade do local, de acordo com os sócios. "A nossa vida noturna começou no Ocidente, então não tinha como abrir em outro lugar. Nós gostamos e vivemos aqui, nos identificamos. Aqui tem diversidade, pessoas de todos os tipos e que abraçam todas as pessoas", afirma Eduardo.
O plano inicialmente era trazer uma pegada mais fechada, de clube, para o bar, mas o movimento e a necessidade lapidaram a ideia e transformaram o Osvaldo em um lugar com cara de boteco de bairro, característica fundamental para a popularidade do local, de acordo com os sócios. "A nossa vida noturna começou no Ocidente, então não tinha como abrir em outro lugar. Nós gostamos e vivemos aqui, nos identificamos. Aqui tem diversidade, pessoas de todos os tipos e que abraçam todas as pessoas", afirma Eduardo.
Contando com a experiência anteriormente adquirida, os sócios contam que não foi fácil reabrir pós pandemia e que é caro empreender no Bom Fim. "Hoje em dia estamos bem aqui, mas sempre queremos colocar um bar novo, está no sangue", diz Cecília. "Sempre que nos perguntam qual o bar que mais gostamos, sempre dissemos o próximo. Temos uma veia forte de empreendedorismo", diverte-se Eduardo.
Funcionando de quarta a sexta-feira, das 18h à meia noite, e sábado, das 19h à meia noite, o bar traz diferentes DJ's diariamente, apostando em uma forte relação com a música. Sobre a interação com outros empreendedores do bairro, os sócios contam que é próxima e amistosa. "Estamos em um processo de reformas agora, queremos dar uma repaginada, tentar adicionar mais do plano original", afirma Cecília.
Desde 1980, bar Ocidente é palco para a cultura de Porto Alegre
O casarão na esquina da Osvaldo Aranha com a João Telles abriga um dos negócios mais clássicos de Porto Alegre. Clássico porque não há como chamar o Bar Ocidente de um ponto tradicional da cidade. Desde 1980, o espaço é palco para a cultura porto-alegrense e é tudo, menos tradicional. "Isso está na origem do Ocidente, na liberalidade dos costumes. É a característica básica que sobrou da nossa história toda. Não temos preconceitos para costumes. Se não são ilegais, são permitidos. As pessoas estranham porque eu digo: não dancem nas cadeiras, elas são frágeis, dancem nas mesas que são fortes", diverte-se Fiapo Barth, que está à frente do negócio há 42 anos.
Fiapo lembra que o Ocidente teve início pela inquietação que ele e seu grupo de amigos tinham em relação à noite de Porto Alegre. "Era um grupo de amigos que trabalhava com teatro e gostava muito da vida noturna. Nós nos encontrávamos nos bares do Bom Fim, e achávamos que os bares tinham umas mesmices. Não sabia quando as coisas tinham acontecido, porque as noites eram sempre iguais", rememora sobre a época que foi o estopim para a criação do negócio, que já surgiu para ser no Bom Fim. "Olhamos vários lugares, muitos não nos aceitaram, um grupo de jovens cabeludos. Eu e minha sócia mais atuante passamos de ônibus e vimos que essa casa estava para alugar. Era uma ruína no andar de cima. Quando entrei aqui, vi que esse espaço, tirando os restos de parede, era uma sala toda de janelas maravilhosas de frente para o parque. E aqui estamos", conta Fiapo.
O grupo, lembra, só tinha a experiência de frequentar bares, mas não de gerir um. "Decidimos que íamos abrir uma casa noturna, onde o balcão sustentasse um palco", define Fiapo. O espaço abriu as portas em dezembro de 1980 e, para a surpresa do grupo, o público de pronto abraçou a ideia. "Abrimos numa segunda-feira para, até o fim de semana, sabermos pelo menos se mexer aqui dentro. Abrimos às 19h e às 19h30min já não cabia mais uma pessoa aqui dentro", conta.
Fiapo lembra que o Ocidente teve início pela inquietação que ele e seu grupo de amigos tinham em relação à noite de Porto Alegre. "Era um grupo de amigos que trabalhava com teatro e gostava muito da vida noturna. Nós nos encontrávamos nos bares do Bom Fim, e achávamos que os bares tinham umas mesmices. Não sabia quando as coisas tinham acontecido, porque as noites eram sempre iguais", rememora sobre a época que foi o estopim para a criação do negócio, que já surgiu para ser no Bom Fim. "Olhamos vários lugares, muitos não nos aceitaram, um grupo de jovens cabeludos. Eu e minha sócia mais atuante passamos de ônibus e vimos que essa casa estava para alugar. Era uma ruína no andar de cima. Quando entrei aqui, vi que esse espaço, tirando os restos de parede, era uma sala toda de janelas maravilhosas de frente para o parque. E aqui estamos", conta Fiapo.
O grupo, lembra, só tinha a experiência de frequentar bares, mas não de gerir um. "Decidimos que íamos abrir uma casa noturna, onde o balcão sustentasse um palco", define Fiapo. O espaço abriu as portas em dezembro de 1980 e, para a surpresa do grupo, o público de pronto abraçou a ideia. "Abrimos numa segunda-feira para, até o fim de semana, sabermos pelo menos se mexer aqui dentro. Abrimos às 19h e às 19h30min já não cabia mais uma pessoa aqui dentro", conta.
De lá para cá, o Ocidente passou por diversas mudanças, tanto físicas quanto em sua estrutura de negócio. Do grupo original, pouco a pouco, os amigos foram saindo para se dedicar a outras carreiras. O primeiro garçom e o primeiro cozinheiro tonaram-se sócios de Fiapo até cerca de 10 anos atrás, quando o empreendedor passou a tocar sozinho o negócio.
O espaço foi palco de diversos shows e recebeu muitas visitas ilustres ao longo dos anos. A presença de Caetano Veloso, revela Fiapo, foi um dos momentos mais marcantes da história do Ocidente. "Nunca imaginei também que, lá nos anos 1980, o Cazuza ia aparecer aqui. Mas também era normal que eles aparecessem. Camisa de Vênus, o pessoal do Legião Urbana. Sempre que as bandas vinham para Porto Alegre, alguém trazia aqui, porque era só o que tinha de irreverente na cidade", diz Fiapo, que ainda enxerga o Ocidente como esse espaço em que a liberdade prevalecesse. "Acredito que a gente continue sendo a única coisa irreverente da cidade. As pessoas levam as coisas com muita seriedade, e a gente se diverte. Nenhum de nós conseguiria sair daqui e trabalhar em um lugar convencional. Tu ficas fascinado por juntar as pessoas, ver os filhos que já estão vindo, já estamos quase nos netos. É bacana, porque continua sendo uma diversão, não é uma coisa tradicional. Fomos mudando dentro do possível", percebe.
A casa, que inicialmente recebia clientes só na sala de cima, foi ampliada com aluguel de todo o prédio. Agora, os cerca de 800 m² recebem clientes tanto para o almoço, com cardápio vegetariano desde o início de sua operação, quanto para as festas e saraus que acontecem à noite. Em breve, a loja que fica na parte debaixo do casarão receberá uma novidade: uma espécie de loja de conveniências para atender os clientes durante a noite. "O Bom Fim carece, depois da meia-noite, de um lugar que tu possas comprar um sanduíche, tomar um café, comprar um cigarro. É um apoio à casa para o momento que as pessoas saírem daqui de madrugada. A ideia é ficar aberto até às 6h nas sextas e sábados", revela Fiapo, que diz estar sem pressa para colocar a novidade na rua.
A casa, que inicialmente recebia clientes só na sala de cima, foi ampliada com aluguel de todo o prédio. Agora, os cerca de 800 m² recebem clientes tanto para o almoço, com cardápio vegetariano desde o início de sua operação, quanto para as festas e saraus que acontecem à noite. Em breve, a loja que fica na parte debaixo do casarão receberá uma novidade: uma espécie de loja de conveniências para atender os clientes durante a noite. "O Bom Fim carece, depois da meia-noite, de um lugar que tu possas comprar um sanduíche, tomar um café, comprar um cigarro. É um apoio à casa para o momento que as pessoas saírem daqui de madrugada. A ideia é ficar aberto até às 6h nas sextas e sábados", revela Fiapo, que diz estar sem pressa para colocar a novidade na rua.
Com uma história que se confunde com a do bairro, o Ocidente e o seu ponto foram palco de diversas mudanças do Bom Fim ao longo dos últimos 40 anos. Fiapo pondera que o bairro, por um lado, é muito parecido com a região que ele colocou um negócio nos anos 1980. Para ele, a principal diferença está no movimento na rua, que, hoje, é mais bem visto pelos moradores. "Hoje, é maravilhosa a nossa relação com o bairro. O Ocidente tem respeito. No começo, a dificuldade foi ter atraído aquela multidão para a esquina, assustou muito as pessoas. Na época, as pessoas não se reuniam na rua em Porto Alegre", lembra Fiapo. Por volta de 1996, a relação conflituosa com a vizinhança levou ao fechamento da operação noturna do Ocidente por dois anos. O período, acredita o empreendedor, foi fundamental para que a comunidade entendesse a importância do negócio para a região. "A esquina virou um ponto de tráfico, não tinham mais táxis na esquina, não tinha ninguém aqui. Todos os moradores que se queixavam do nosso movimento viram que era muito mais seguro e feliz um bairro com pessoas na rua", destaca.
Mantendo sua clientela fiel e atraindo novas pessoas ano após ano, o Ocidente celebra uma relação estreita com o público. Fiapo diz que as maiores críticas ao negócio partem dele mesmo. "É sempre bom ver o carinho que as pessoas têm pela casa. As críticas negativas que tenho da casa são as que eu mesmo faço. Como, por exemplo, com todo movimento que a gente teve procurando ser cultural, não termos alcançado a cultura negra. Temos uma falha gigante em relação a isso", pondera.
Para o próximo ano, o objetivo do negócio é, além da abertura do espaço na parte de baixo, celebrar os 150 anos da casa em que está alocado. Comprar o imóvel, aliás, revela Fiapo, é a grande meta do negócio. Apesar dos planos para o futuro, é preciso olhar para a trajetória trilhada até aqui. Comemorar 42 anos de funcionamento, com uma constante renovação de público, é um marco para poucos negócios. Para Fiapo, o segredo está na identificação. "Tem que ter um amor pela coisa que tu fizeste. Eu fiz e não vou deixar desmanchar, não vou sair pela porta dos fundos. No momento que começa a ter funcionários durante muito tempo, tem uma responsabilidade muito grande. Não dá para dizer assim: não quero mais", afirma.
Cervejaria 4beer abrirá nova operação no Bom Fim com autoatendimento
Seis anos depois da inauguração da primeira unidade no Quarto Distrito, a Cervejaria 4beer, que nasceu da união da cervejaria Diefen e da Polvo Loco, está prestes a inaugurar sua sexta franquia. O bairro que irá receber a nova operação é o Bom Fim. “Escolhemos o bairro por ter essa característica residencial, mas também ser comercial, com uma densidade populacional muito alta, além de que, aqui, os moradores estão sempre caminhando pela rua, passeando”, comenta Rafael Diefenthaler, um dos sócios-fundadores da marca.
A 4beer surgiu em 2016, quando Rafael e seu irmão, Daniel Diefenthaler, com quem já tocava a Cervejaria Diefen desde 2011, foram procurados por Caio de Santi e Cristiano Santos, proprietários da Polvo Loco, que ofereceram uma parceria. “Unimos a fábrica e o bar e abrimos a primeira operação no Quarto Distrito, fomos o primeiro bar a se instalar lá, antes de toda a onda na região”, relembra Rafael.
A 4beer surgiu em 2016, quando Rafael e seu irmão, Daniel Diefenthaler, com quem já tocava a Cervejaria Diefen desde 2011, foram procurados por Caio de Santi e Cristiano Santos, proprietários da Polvo Loco, que ofereceram uma parceria. “Unimos a fábrica e o bar e abrimos a primeira operação no Quarto Distrito, fomos o primeiro bar a se instalar lá, antes de toda a onda na região”, relembra Rafael.
LEIA TAMBÉM > Bar pretende relembrar os anos de ouro da Osvaldo Aranha
Situada na rua General João Telles, nº 237, a nova operação terá um formato um pouco diferente das outras unidades. “Vamos testar aqui a parte de autosserviço de chope. Serão 18 torneiras e o cliente poderá se servir à vontade”, explica, ressaltando que o modelo é novidade, e, por isso, leva outro nome: 4beer X. “É x de experience, para proporcionar essa nova experiência ao cliente de servir sua própria bebida”, diz, ressaltando que, apesar do autosserviço, os funcionários seguirão à disposição do público para ajudar no atendimento.
Além dos 16 sabores de cerveja disponíveis, o espaço contará com drinks clássicos como gin tônica e moscow mule e um refrigerante natural, todos fabricados pela 4beer. Os quitutes oferecidos serão os sabores clássicos de bar, como pizza e empanados, porém com menos opções do que as outras unidades. “Esse modelo terá um cardápio mais enxuto, e também será mais acessível para os interessados em abrir uma franquia”, acrescenta Rafael. O valor para investir em uma nova unidade da rede parte de R$ 180 mil.
Com a inauguração marcada para novembro, o espaço irá operar de terça à domingo, das 12h à meia-noite, e contará com cinco colaboradores, além do franqueado responsável pelo local, Jaime Bulhões. “Estamos felizes, porque já estamos sentindo uma boa recepção durante a obra, as pessoas vêm aqui perguntar o que vai sair e, quando contamos, elas ficam bem felizes”, compartilha Rafael. As outras unidades na rede estão localizadas no Quarto Distrito, Zona Sul, Menino Deus, Bela Vista e Moinho de Vento.
Com a inauguração marcada para novembro, o espaço irá operar de terça à domingo, das 12h à meia-noite, e contará com cinco colaboradores, além do franqueado responsável pelo local, Jaime Bulhões. “Estamos felizes, porque já estamos sentindo uma boa recepção durante a obra, as pessoas vêm aqui perguntar o que vai sair e, quando contamos, elas ficam bem felizes”, compartilha Rafael. As outras unidades na rede estão localizadas no Quarto Distrito, Zona Sul, Menino Deus, Bela Vista e Moinho de Vento.
Com foco no vintage, brechó mira na conexão com o público do Bom Fim
"Nos encontramos por afinidade do negócio." É dessa maneira que Ana Lia Teixeira define o começo da Pandora Brechó, empreendimento voltado para a venda de peças de roupas vintage que funciona há seis anos em Porto Alegre.
O negócio é tocado por três amigas, Ana, Janaina Kiesling Braga e Silva Palmarante. Todas já eram envolvidas com o garimpo de roupas e, em 2017, decidiram se unir para construir o próprio brechó, focando na qualidade das peças e nos preços acessíveis para o público que procura vestimentas retrô. "Queríamos estabelecer o negócio como um espaço colaborativo, porque as três possuem suas peças, mas dividimos o trabalho e as despesas" explica Ana.
Apesar de ter mudado de ponto em 2020, no meio da pandemia, o brechó sempre esteve no Bom Fim, decisão que partiu das sócias pelo bairro ter características que se encaixam com os valores do negócio. "O Bom Fim tem tudo a ver com brechó, o ambiente, as pessoas que circulam, tudo conversa com o tipo de negócio que temos. E também porque moramos aqui, então conhecemos muito bem como funciona o bairro e como são as pessoas", comenta Ana.
O negócio é tocado por três amigas, Ana, Janaina Kiesling Braga e Silva Palmarante. Todas já eram envolvidas com o garimpo de roupas e, em 2017, decidiram se unir para construir o próprio brechó, focando na qualidade das peças e nos preços acessíveis para o público que procura vestimentas retrô. "Queríamos estabelecer o negócio como um espaço colaborativo, porque as três possuem suas peças, mas dividimos o trabalho e as despesas" explica Ana.
Apesar de ter mudado de ponto em 2020, no meio da pandemia, o brechó sempre esteve no Bom Fim, decisão que partiu das sócias pelo bairro ter características que se encaixam com os valores do negócio. "O Bom Fim tem tudo a ver com brechó, o ambiente, as pessoas que circulam, tudo conversa com o tipo de negócio que temos. E também porque moramos aqui, então conhecemos muito bem como funciona o bairro e como são as pessoas", comenta Ana.
Janaina acrescenta que, apesar de receberem muitos clientes que são de outras regiões, a maior parte das pessoas que frequentam a loja com regularidade são do Bom Fim. "Nos fins de semana, vem muita gente de outros lugares, mas, na semana, é basicamente pessoal do bairro, da faculdade, muita gente que vem na Lancheria do Parque também", diz sobre o negócio vizinho.
LEIA TAMBÉM > Espaço de alimentação vegana opera há 10 anos no Bom Fim
A mudança de ponto veio porque as sócias queriam um lugar mais movimentado. Por isso, quando descobriram que o número 1.094 da avenida Osvaldo Aranha estava livre, decidiram mudar de endereço mesmo com as dificuldades enfrentadas pela pandemia. Para elas, continuar no Bom Fim era necessário, mas estar em uma região mais bem localizada, próxima da Redenção e de outros negócios clássicos da região também era essencial. "Conseguimos atravessar a pandemia basicamente porque trocamos de lugar. Se tivéssemos ficado no antigo ponto, as coisas seriam mais difíceis", comenta Ana.
As empreendedoras acreditam no crescimento do setor de brechós em Porto Alegre, o que, na opinião delas, é bom para todos os negócios do segmento. Janaina destaca que o público está começando a ter uma nova visão sobre o negócio, que, antes, segundo ela, era visto com um certo preconceito. "O brechó tem benefícios para todos. A economia circular, a sustentabilidade, tudo isso é importante e nos identificamos muito", afirma Ana. As sócias procuram as roupas garimpando em cidades do interior do Estado e na internet, não aceitam nenhum tipo de troca na própria loja, para seguir com o foco do negócio. "Temos peças específicas. Não são peças que o público no geral tem. O nosso garimpo é muito difícil, são itens complicados de achar, mas são três olhares diferentes, o que é uma vantagem", explica Janaina.
O plano para o futuro é aumentar o tamanho da loja, porque o espaço está sendo um desafio para o negócio, mas ainda sem previsão para acontecer.
Família uruguaia comanda confeitaria no Bom Fim há mais de 40 anos
Reunindo amantes da gastronomia há mais de 40 anos, a Confeitaria Barcelona, comandada hoje pelos irmãos José Luis e Maria José Ayete, já se tornou um ponto tradicional da região. Situado na rua Henrique Dias, nº 94, o negócio formava filas nas ruas do Bom Fim quando abriu, e, de acordo com José, apesar de ter se modernizado, o espaço segue com a mesma essência de quando abriu as portas na década de 1980.
"Abríamos às 9h, e eu ia para a rua às 7h distribuir fichinha, porque já tinha fila. Isso que, naquela época, não tinha café, não tinha mesa, era só serviço de venda", lembra José, que hoje é responsável pela produção da casa. "Até tentei fugir, sou formado em Física, mas acabei voltando e aplicando todo o estudo científico na confeitaria", confessa. A dupla é a quinta geração da família a trabalhar na área, que também foi a aposta de seus familiares em Barcelona.
José comenta que a escolha pelo Bom Fim foi uma estratégia de seu pai, que, quando veio do Uruguai para Porto Alegre, montou uma lancheria na rua General Vitorino, no Centro, e passou a estudar o público gaúcho. "Ele ficou um tempo sondando a região até que disse: é no Bom Fim. Por ser um bairro judeu, tinha essa cultura de se alimentar, de festejar, era um público com uma visão mais cosmopolita e aberta", descreve, afirmando que, na época, o bairro quase não tinha comércio. "Apesar de ser um bairro cultural e eclético, não tinha quase nada, só o Zaffari, então começamos a vender muito bem", lembra.
"Abríamos às 9h, e eu ia para a rua às 7h distribuir fichinha, porque já tinha fila. Isso que, naquela época, não tinha café, não tinha mesa, era só serviço de venda", lembra José, que hoje é responsável pela produção da casa. "Até tentei fugir, sou formado em Física, mas acabei voltando e aplicando todo o estudo científico na confeitaria", confessa. A dupla é a quinta geração da família a trabalhar na área, que também foi a aposta de seus familiares em Barcelona.
José comenta que a escolha pelo Bom Fim foi uma estratégia de seu pai, que, quando veio do Uruguai para Porto Alegre, montou uma lancheria na rua General Vitorino, no Centro, e passou a estudar o público gaúcho. "Ele ficou um tempo sondando a região até que disse: é no Bom Fim. Por ser um bairro judeu, tinha essa cultura de se alimentar, de festejar, era um público com uma visão mais cosmopolita e aberta", descreve, afirmando que, na época, o bairro quase não tinha comércio. "Apesar de ser um bairro cultural e eclético, não tinha quase nada, só o Zaffari, então começamos a vender muito bem", lembra.
Quando sua mãe faleceu, em 2000, José e sua irmã assumiram a operação. Segundo o empreendedor, um dos pontos altos do negócio foi quando viajou para uma feira de confeitaria na Europa, em 2007, e fez uma grande descoberta.
"Lá era tudo pózinho, congelado, coisa sintetizada que tu nem sabias o que estava comendo. Quando voltei, meu pai me questionou o que eu vi de legal por lá. Respondi que vi uma coisa fantástica, pedindo o caderninho de receitas dele, porque aquele caderno era o fantástico, com todas as receitas de família e outras coisas da cabeça dele. Era aquilo que a gente precisava fazer", ressalta, contando que, a partir daí, o foco do negócio mudou. "Passamos a fazer tudo aqui, nossos molhos, cremes, temperos, para garantir que o sabor sempre será o mesmo, o mais natural possível", expõe.
José afirma que buscou manter-se atualizado no mercado, modernizando quando necessário, mas sempre mantendo a base clássica que os guiava. "Temos muitas coisas novas, que o público jovem demanda, mas também temos o chá clássico servido no bule que as senhoras gostam muito. É uma questão de entender até onde nós podemos ir sem perder a essência", acredita. "Temos clientes que vinham quando eram crianças e, hoje, 40 anos depois, continuam vindo e pedindo a mesma coisa, que pode não ser 100% igual, mas a essência permanece", diz.
"Lá era tudo pózinho, congelado, coisa sintetizada que tu nem sabias o que estava comendo. Quando voltei, meu pai me questionou o que eu vi de legal por lá. Respondi que vi uma coisa fantástica, pedindo o caderninho de receitas dele, porque aquele caderno era o fantástico, com todas as receitas de família e outras coisas da cabeça dele. Era aquilo que a gente precisava fazer", ressalta, contando que, a partir daí, o foco do negócio mudou. "Passamos a fazer tudo aqui, nossos molhos, cremes, temperos, para garantir que o sabor sempre será o mesmo, o mais natural possível", expõe.
José afirma que buscou manter-se atualizado no mercado, modernizando quando necessário, mas sempre mantendo a base clássica que os guiava. "Temos muitas coisas novas, que o público jovem demanda, mas também temos o chá clássico servido no bule que as senhoras gostam muito. É uma questão de entender até onde nós podemos ir sem perder a essência", acredita. "Temos clientes que vinham quando eram crianças e, hoje, 40 anos depois, continuam vindo e pedindo a mesma coisa, que pode não ser 100% igual, mas a essência permanece", diz.
Tendo acompanhado diversas mudanças no bairro, José garante ser ótimo ver novos pontos surgindo. "Deixamos de ser a Barcelona do Bom Fim para ser Bom Fim como um todo. As pessoas imaginam que existe concorrência, mas não, aqui tem comida de todos os estilos, árabe, japonesa, italiana, brasileira, e tudo isso só agrega ao bairro, que está ficando sensacional", acredita. "O público muda muito, mas isso é bom, porque a gente se renova, se modifica e melhora. O bairro nos cobra, então fica mais fácil inovar quando tem um público que te cutuca para isso", enxerga o sócio.
A Barcelona opera de segunda a sábado, das 10h às 19h, e encomendas podem ser solicitadas no WhatsApp pelo número (51) 81128124.
A Barcelona opera de segunda a sábado, das 10h às 19h, e encomendas podem ser solicitadas no WhatsApp pelo número (51) 81128124.
Com foco no público LGBTQIA , bar do Bom Fim aposta na confeitaria
Em uma das pequenas lojinhas que se enfileiram na João Telles, próximo da esquina com a Osvaldo Aranha, está o Bibah, negócio com foco no público LGBTQIA que aposta nos drinks e nos brownies divertidos para atrair a clientela. Aida Peruzzo dos Reis é a proprietária da operação, que é gerenciada por Ricardo Feijó e Arthur dos Reis. O negócio, que ocupa o ponto onde ficava o Josephynas, busca cativar os frequentadores da rua e restabelecer um fluxo de clientes do período pré-pandemia.
Arthur era um dos sócios da antiga operação, que deu lugar ao Bibah no início deste ano. Foi neste processo que Ricardo passou a tocar também o negócio. A dupla conta que a mudança de marca foi natural, já que o bar também estava em um outro momento. "Sentimos que o bar tinha mudado pós-pandemia, já não era mais o mesmo. Já tinha um novo menu, estávamos chamando as drag queens. Sentimos que era o momento de algo mais alegre e divertido", comenta Ricardo sobre a mudança da marca, que foi bem aceita pela clientela já cativa do espaço. "No início, teve um pouco de dificuldade de entender que tinha mudado, mas sabíamos que era uma questão de tempo. Nos primeiros dois meses, foi uma adaptação, mas agora sentimos que as pessoas já abraçaram", celebra Ricardo.
O destaque do cardápio, hoje, são os brownies eróticos, como define a dupla em referências aos doces que imitam partes íntimas. A ideia foi inspirada em confeitarias de São Francisco, nos Estados Unidos, e, segundo os empreendedores, foi muito bem aceita pelo público porto-alegrense. "Pensávamos em como nos diferenciar, e pensamos nessa questão colorida, focada no público LGBTQIA . Cada vez mais, estamos aumentando a produção, vende muito", garante Ricardo, ponderando o projeto dos brownies também faz parte do conceito do negócio, que pretende levar alegria à comunidade LGBTQIA . "É porque a Bibah tem a proposta de trazer alegria e diversão, e também colaborar com a nossa comunidade, fazendo um movimento pela diversidade, inclusão, liberdade para amar e ser quem a gente é. Porque como LGBTS, por muito tempo, e ainda, somos muito reprimidos", pondera.
Arthur era um dos sócios da antiga operação, que deu lugar ao Bibah no início deste ano. Foi neste processo que Ricardo passou a tocar também o negócio. A dupla conta que a mudança de marca foi natural, já que o bar também estava em um outro momento. "Sentimos que o bar tinha mudado pós-pandemia, já não era mais o mesmo. Já tinha um novo menu, estávamos chamando as drag queens. Sentimos que era o momento de algo mais alegre e divertido", comenta Ricardo sobre a mudança da marca, que foi bem aceita pela clientela já cativa do espaço. "No início, teve um pouco de dificuldade de entender que tinha mudado, mas sabíamos que era uma questão de tempo. Nos primeiros dois meses, foi uma adaptação, mas agora sentimos que as pessoas já abraçaram", celebra Ricardo.
O destaque do cardápio, hoje, são os brownies eróticos, como define a dupla em referências aos doces que imitam partes íntimas. A ideia foi inspirada em confeitarias de São Francisco, nos Estados Unidos, e, segundo os empreendedores, foi muito bem aceita pelo público porto-alegrense. "Pensávamos em como nos diferenciar, e pensamos nessa questão colorida, focada no público LGBTQIA . Cada vez mais, estamos aumentando a produção, vende muito", garante Ricardo, ponderando o projeto dos brownies também faz parte do conceito do negócio, que pretende levar alegria à comunidade LGBTQIA . "É porque a Bibah tem a proposta de trazer alegria e diversão, e também colaborar com a nossa comunidade, fazendo um movimento pela diversidade, inclusão, liberdade para amar e ser quem a gente é. Porque como LGBTS, por muito tempo, e ainda, somos muito reprimidos", pondera.
A confeitaria, que surgiu como uma aposta para enfrentar os anos de pandemia, tornou-se uma alternativa para manter o fluxo de vendas mesmo em dias chuvosos, já que o negócio ocupa uma pequena sala e os clientes consomem em mesas dispostas na rua. "Hoje, temos praticamente dois negócios: a confeitaria, que focamos quando o tempo não está tão bom, e o bar, que lota quando o tempo está bom", explica Ricardo.
A dupla percebe que o público do Bom Fim recebe bem a ideia do negócio, mas ressalta que o movimento ainda não retornou ao período pré-pandemia. "Nesse momento, estamos lutando para melhorar a rua para que as pessoas voltem mais a frequentar. É um bairro legal, porque tem bastante movimento do nosso público. Onde as pessoas tem a cabeça mais aberta", pontua. O espaço opera de segunda a quarta, das 11h às 23h, nas quintas, sextas e sábados das 11h às 0h30min e aos domingos das 13h às 21h e está também no iFood para delivery.
A dupla percebe que o público do Bom Fim recebe bem a ideia do negócio, mas ressalta que o movimento ainda não retornou ao período pré-pandemia. "Nesse momento, estamos lutando para melhorar a rua para que as pessoas voltem mais a frequentar. É um bairro legal, porque tem bastante movimento do nosso público. Onde as pessoas tem a cabeça mais aberta", pontua. O espaço opera de segunda a quarta, das 11h às 23h, nas quintas, sextas e sábados das 11h às 0h30min e aos domingos das 13h às 21h e está também no iFood para delivery.
Restaurante especializado em cachorro-quente fideliza clientes no Bom Fim desde 2011
Buscando se diferenciar da gastronomia da época, e fugindo do clássico xis gaúcho, os sócios Estevão Zalazar e Tatiane Cachoeira abriram um espaço dedicado somente ao cachorro-quente. O Pugg Food and Beer, localizado na avenida Osvaldo Aranha, nº 778, está presente no Bom Fim há mais de 10 anos.
O local, que foi nomeado em homenagem ao cachorro de Estevão, ganhou dois novos sócios ao longo dos anos: Cristiano Dias e Francisco Reckziegel, responsáveis pelo turno da noite. Durante o dia, quem comanda a casa - e a cozinha - é a chef Jacqueline Kalkmann, responsável por todas as criações gastronômicas do Pugg.
O local, que foi nomeado em homenagem ao cachorro de Estevão, ganhou dois novos sócios ao longo dos anos: Cristiano Dias e Francisco Reckziegel, responsáveis pelo turno da noite. Durante o dia, quem comanda a casa - e a cozinha - é a chef Jacqueline Kalkmann, responsável por todas as criações gastronômicas do Pugg.
Situado no mesmo ponto desde que abriu, em 2011, o restaurante que, no início, se limitava a servir apenas hotdogs, expandiu o cardápio e, hoje, oferece diversas opções de almoço, hambúrgueres, sanduíches, tábuas e bebidas. De acordo com Jacqueline, a mudança no menu ocorreu devido ao público do bairro se mostrar cada vez mais eclético.
"Nós atendemos desde o executivo até a pessoa que é mais despojada e vive de uma maneira mais tranquila", comenta a chef, explicando que, por conta dos diferentes perfis da clientela, o cardápio vive em constante mudança.
"De dois em dois meses, mais ou menos, tem alguma alteração, buscamos estar sempre inovando para atender as exigências do público", garante, lembrando que os clientes caninos também são muito bem-vindos e sempre recebidos com um pote d'água.
Para Jacqueline, ter um negócio no Bom Fim significa ter liberdade para criar. "As pessoas do bairro são muito diferentes entre si, temos um público vegano muito grande, o pessoal é bem seletivo quanto a isso, então também incorporamos ao nosso cardápio", afirma. Além dos três sabores de salsicha disponíveis: bock, de queijo e com chimichurri, a casa dispõe de duas salsichas veganas: de soja e quinoa com lentilha.
"De dois em dois meses, mais ou menos, tem alguma alteração, buscamos estar sempre inovando para atender as exigências do público", garante, lembrando que os clientes caninos também são muito bem-vindos e sempre recebidos com um pote d'água.
Para Jacqueline, ter um negócio no Bom Fim significa ter liberdade para criar. "As pessoas do bairro são muito diferentes entre si, temos um público vegano muito grande, o pessoal é bem seletivo quanto a isso, então também incorporamos ao nosso cardápio", afirma. Além dos três sabores de salsicha disponíveis: bock, de queijo e com chimichurri, a casa dispõe de duas salsichas veganas: de soja e quinoa com lentilha.
Jacqueline afirma que a melhor forma para descrever a relação entre os empreendimentos do bairro é cooperativismo. "O bar aqui do lado, por exemplo, sempre recebe coisas para nós e nós para eles. É sempre essa relação de ajuda, sem enxergar como concorrência, porque cada um tem seu público, então nos ajudamos muito, como amigos mesmo", considera.
O valor do cachorro-quente varia entre R$ 21,00 e R$ 27,00. O Pugg opera de terça à domingo, das 11h até 14h30min e das 17h30min até meia-noite.
O valor do cachorro-quente varia entre R$ 21,00 e R$ 27,00. O Pugg opera de terça à domingo, das 11h até 14h30min e das 17h30min até meia-noite.
Com duas operações, cervejaria Chosen celebra diversidade do Bom Fim
Um lugar simples e descontraído para aproveitar a noite de Porto Alegre. É dessa forma que Rafael Alba, um dos sócios do Estreito Chosen, define o bar, que opera há quatro anos no Bom Fim.
O negócio começou com a produção de uma cerveja artesanal, feita em casa e pelos sócios, Marcelo Caselli e Ricardo Cioba em 2016. Os amigos tinham a vontade de empreender e produzir uma bebida que gostariam de consumir. Por isso, embarcaram juntos no projeto. Depois de montar a marca e a receita do produto, eles conheceram o Rudolf Langue, que virou o mestre cervejeiro e sócio da empresa. Em 2017, os três já tinham começado a vender os primeiros lotes da cerveja.
Nesse período, os empreendedores iniciaram a pesquisa por locais para usar como centro de distribuição. Os três alugaram o espaço onde hoje fica o Estreito Chosen, na rua Vasco da Gama, nº 542, para usar para esse propósito. Depois de arrumar e limpar o lugar, eles entenderam a possibilidade de transformar o ambiente em um bar. Foi nesse momento que o Rafael entrou na sociedade.
O negócio começou com a produção de uma cerveja artesanal, feita em casa e pelos sócios, Marcelo Caselli e Ricardo Cioba em 2016. Os amigos tinham a vontade de empreender e produzir uma bebida que gostariam de consumir. Por isso, embarcaram juntos no projeto. Depois de montar a marca e a receita do produto, eles conheceram o Rudolf Langue, que virou o mestre cervejeiro e sócio da empresa. Em 2017, os três já tinham começado a vender os primeiros lotes da cerveja.
Nesse período, os empreendedores iniciaram a pesquisa por locais para usar como centro de distribuição. Os três alugaram o espaço onde hoje fica o Estreito Chosen, na rua Vasco da Gama, nº 542, para usar para esse propósito. Depois de arrumar e limpar o lugar, eles entenderam a possibilidade de transformar o ambiente em um bar. Foi nesse momento que o Rafael entrou na sociedade.
LEIA TAMBÉM > Bar pretende relembrar os anos de ouro da Osvaldo Aranha
"Brincamos que abrimos no último momento que dava para abrir um bar do jeito que fizemos, foi tudo bem simples, estávamos com uns trocados no bolso e foi assim que surgiu", explica Rafael sobre a abertura do espaço em 2018.
Ele conta que foi uma surpresa ver o bar fazendo sucesso na região logo na inauguração. Em 2019, os sócios abriram outro braço da Chosen, uma loja na rua João Telles, nº 529. Lá, são comercializadas as cervejas da marca e outros itens, como peças de roupas e bolsas personalizadas.
Com duas operações no Bom Fim, Rafael diz que a melhor coisa do bairro é a circulação.
"É um bairro agradável, tu consegues resolver qualquer coisa meio perto, tem vários negócios parceiros. É um lugar gostoso, uma linha tênue entre a galera mais velha e o pessoal mais novo, mas acho que esse choque de cultura é massa", comenta.
"A relação com os outros empreendedores do Bom Fim é bem boa, a gente gosta de chorar as pitangas um para o outro. O bairro se transformou bastante. Em pouco tempo, muitos negócios surgiram aqui e isso é muito bom", explica o sócio sobre empreender na região.
Com duas operações no Bom Fim, Rafael diz que a melhor coisa do bairro é a circulação.
"É um bairro agradável, tu consegues resolver qualquer coisa meio perto, tem vários negócios parceiros. É um lugar gostoso, uma linha tênue entre a galera mais velha e o pessoal mais novo, mas acho que esse choque de cultura é massa", comenta.
"A relação com os outros empreendedores do Bom Fim é bem boa, a gente gosta de chorar as pitangas um para o outro. O bairro se transformou bastante. Em pouco tempo, muitos negócios surgiram aqui e isso é muito bom", explica o sócio sobre empreender na região.
Espaço de alimentação vegana opera há 10 anos no Bom Fim
Melissa Suarez, Sandra Falers e Mariana Conte, são as mulheres à frente do Raw, espaço de alimentação saudável, à base de plantas, orgânicos, livre de glúten e de laticínios. Nutricionista, chef de cozinha e administradora, respectivamente, elas acreditam na mudança de vida através da comida e utilizam no cardápio do local os ingredientes mais naturais, sazonais e locais possíveis. "Tudo o que fazemos aqui contém o que gostaríamos de usar em casa. Isso significa que sabemos o nome de todos os ingredientes que usamos. Acreditamos no que oferecemos, porque é o que consumimos aqui e o que oferecemos para as nossas famílias", afirma Mariana, gerente da marca.
Operando há 10 anos, na rua Tomaz Flores, n° 144, o Raw surgiu quando Melissa percebeu que tinha muita dificuldade em indicar espaços para os pacientes comerem e comprarem ingredientes naturais de verdade.
"A Melissa também trabalhava com a alimentação de crianças em escolas, a Sandra é pedagoga e sempre se envolveu muito com comida. Então, as duas começaram a sociedade e abriram juntas a Raw em 2002", conta a gerente. "Eu sempre quis ter um negócio com os meus princípios. Tentei levar isso para escolas por muito tempo, mas não tinha como ter controle dos ingredientes usados. Então eu tomei como verdade que só iria ser feliz se eu tivesse uma coisa minha", lembra Melissa.
Operando há 10 anos, na rua Tomaz Flores, n° 144, o Raw surgiu quando Melissa percebeu que tinha muita dificuldade em indicar espaços para os pacientes comerem e comprarem ingredientes naturais de verdade.
"A Melissa também trabalhava com a alimentação de crianças em escolas, a Sandra é pedagoga e sempre se envolveu muito com comida. Então, as duas começaram a sociedade e abriram juntas a Raw em 2002", conta a gerente. "Eu sempre quis ter um negócio com os meus princípios. Tentei levar isso para escolas por muito tempo, mas não tinha como ter controle dos ingredientes usados. Então eu tomei como verdade que só iria ser feliz se eu tivesse uma coisa minha", lembra Melissa.
A Raw, que também se posiciona contra o açúcar refinado e alimentos baseados na proteína de soja, funciona como empório, com produtos selecionados como geleias, bebidas gaseificadas, brigadeiro de colher, manteiga probiótica e iogurtes naturais. "Em todos os nossos preparos, não utilizamos óleos refinados, tudo é à base de azeite de oliva. É um modo caro de se manter, mas tudo é visando a saúde", explica Mariana.
O local, que funciona de segunda à sábado, das 9h15min às 19h, sempre teve o almoço como refeição principal e, agora, está abrindo também para o café da tarde nas quintas-feiras.
Apesar de acreditar que o público do Bom Fim compra a ideia de comidas naturais, Mariana conta que, por não estarem na região mais agitada do bairro, o espaço não recebe muitos clientes que estão passando pela rua. "É engraçado porque tem muitas pessoas que vêm, que moram aqui no bairro, e comentam que nunca tinham ouvido falar da Raw antes. Nós recebemos mais pessoas do Rio Branco e do Moinhos de Vento. Como a rua é mais calma, as pessoas precisam estar vindo para a Raw para conhecer", diz a gerente sobre o movimento do local.
O local, que funciona de segunda à sábado, das 9h15min às 19h, sempre teve o almoço como refeição principal e, agora, está abrindo também para o café da tarde nas quintas-feiras.
Apesar de acreditar que o público do Bom Fim compra a ideia de comidas naturais, Mariana conta que, por não estarem na região mais agitada do bairro, o espaço não recebe muitos clientes que estão passando pela rua. "É engraçado porque tem muitas pessoas que vêm, que moram aqui no bairro, e comentam que nunca tinham ouvido falar da Raw antes. Nós recebemos mais pessoas do Rio Branco e do Moinhos de Vento. Como a rua é mais calma, as pessoas precisam estar vindo para a Raw para conhecer", diz a gerente sobre o movimento do local.