Popular e democrático. É assim que o empreendedor Roberto Schroeder define o El Aguante, espaço que abriu com sua companheira, Mariana Vasconcelos, na esquina das ruas Miguel Tostes e Cabral. O negócio pretende retomar a cultura de botequim inspirado em espaços tradicionais do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, além das referências dos bodegones uruguaios e argentinos.
Roberto conta que a trajetória até chegar ao negócio foi longa. Após não ter se encontrado profissionalmente nas áreas que estudou, abriu, com Marina, uma cervejaria artesanal. A produção, que era feita de forma cigana em fábricas de outras marcas, era vendida diretamente para bares. Com a pandemia, o negócio perdeu espaço. "No meio da cerveja artesanal, tinham umas coisas que estavam me incomodando, como lata de R$ 40,00. Cada vez iam para um limite maior para aumentar o valor do custo e que não te entregavam de uma forma tão satisfatória. Fui pegando ranço da coisa e resolvi voltar para o básico, para o original, e abrir um espaço com preço acessível, popular, democrático", explica o empreendedor que abriu as portas no início de junho.
Inspirado nos clássicos botequins, o El Aguante conta com diversas janelas, tornando o espaço bastante aberto, além de um balcão e mesas espalhadas pela rua. A arquitetura do casarão de esquina no bairro Rio Branco foi um diferencial na hora de escolher o ponto, explica Roberto. "Estávamos entre Bom Fim e Centro, mas queria alguma coisa mais tranquila. Queríamos essa coisa das janelas bem abertas, para ser um lugar que não precise pedir licença para entrar. Ser de fácil acesso. Nunca gostamos daquela coisa de porta fechada", diz o empreendedor.
Para manter a proposta de ser um espaço acessível, o cardápio é composto por insumos que, comumente, têm menores preços. "Nosso prato mais caro da casa é R$ 12,90, que é o sanduíche de pernil e linguiça acebolada na cachaça. Quisemos voltar para as coisas simples. Usamos moela, rabada. A ideia é conseguir fazer um cardápio simples, então optamos por usar insumos que são de um custo benefício bom, tanto para a gente quanto para o cliente final", garante Roberto, revelando que a escolha acabou se tornando um atrativo. "No fim das contas, não era o nosso objetivo, mas se tornou um diferencial da casa. Não se encontra em Porto Alegre moela, rabada. A linha de cachaças, que achei que seria uma parte mais decorativa da casa por pensar que o gaúcho não tem tanto costume de tomar, é o que mais está vendendo", completa.
Operando de terça a sexta-feira, das 17h às 23h45min, e aos sábados das 12h às 23h45min, o negócio passou a abrir também no domingo por uma demanda da clientela, hoje composta, acredita Roberto, por moradores do bairro. "A vizinhança estava carente. Decidimos colocar almoço no domingo, por exemplo, por causa deles. Todo mundo perguntava se abriria domingo, porque tudo fecha, tem um boato de que não vale a pena abrir, mas lotou, tivemos até que dispensar porque não tinha mais almoço", conta. Os almoços são servidos aos fins de semana, com um prato fixo a cada semana, e custa R$ 25,00.
Uma das alegrias neste primeiro mês de operação, revela Roberto, tem sido ver a bancada funcionando, com pessoas indo sozinhas até o espaço e criando laços por lá. "Achei que, no começo, ia penar um pouco por não saber atender, mas estou gostando de tudo. Tem muita gente que já está voltando, clientes que estão virando amigos. E é muito legal ver a bancada funcionando. Teve um dia que chegou um mineiro, sentou sozinho, ficamos conversando, e, quando saí para atender na rua, já estava conversando e se tornou amigo do cara que sentou ao lado", comemora Roberto.