A vasta e diversificada culinária da Ásia, continente mais extenso e populoso do mundo, tem despertado cada vez mais interesse nos brasileiros. Com isso, asiáticos que vieram para o Brasil empreendem trazendo um pedaço da sua cultura. Esse é o caso de Li Mei Yun e Zhou Rong Hua, conhecidos como Lígia e Cláudio, que se mudaram de Xangai, na China, para o Rio Grande do Sul em 1987, e inauguraram o You Yi, tradução de felicidade em português, um restaurante de comida típica chinesa.
Segundo Lígia, a imigração ocorreu devido às poucas oportunidades oferecidas no país de origem. Com apenas 25 anos, o casal resolveu buscar novas possibilidades em outro continente. "No início, foi bastante assustador. Viemos de um lugar onde o regime é comunista, diferente do Brasil. Na época, não tínhamos nenhum conhecimento", lembra.
Após três anos morando em terras brasileiras, em 1991, a dupla abriu seu negócio na rua Cândido Silveira, nº 242, no bairro Auxiliadora, em Porto Alegre. Sem falar português, todas as fichas de Li e Zhou foram apostadas no seu vasto conhecimento da gastronomia chinesa. Formado em gastronomia em Xangai, onde trabalhou por 13 anos em restaurante, o proprietário é também o chef de cozinha. Para a alegria do casal, as receitas autênticas foram aprovadas pelo paladar gaúcho.
O restaurante, que completou 31 anos, oferece mais de 60 opções, todas a la carte. Sob o olhar de Cláudio, os pratos são produzidos de acordo com as receitas milenares trazidas da China. "Não podemos perder a origem, então tentamos interferir o mínimo possível da proposta original", explica a sócia. No cardápio, é possível escolher refeições vegetarianas e veganas, sopas, carnes, peixes, massas, risotos, doces, chás e bebidas típicas.
A China tem uma das cozinhas mais proeminentes do mundo e o casal, que se empenha para entregar qualidade, conquistou diversos prêmios. Entre eles, o da revista Veja de Melhor da Cidade na categoria chinês, e uma indicação da mesma revista para Melhor Chef em 2008.
No Instagram (@youyi.poa), o restaurante iniciou um movimento para que seu público conheça a cultura chinesa para além da gastronomia. A curadoria é feita com dicas de filmes e documentários da China continental e de Hong Kong, Taiwan e Macau. "Queremos despertar o interesse dos jovens em nos conhecer. Temos clientes muito antigos, mas, hoje em dia, a maioria busca apenas pela culinária japonesa", conta Ligia.
Atualmente, o empreendimento familiar conta com 10 funcionários na equipe, além das duas filhas do casal que também comandam a operação.
O You Yi abre de segunda a sexta-feira, das 11h às 14h e das 18h às 23h, e aos fins de semana opera das 11h às 15h e 18h às 23h.
Nesses 31 anos, Li Mei afirma que passou por diversas dificuldades de adaptação, mas se orgulha do que conquistou. "Nossas conquistas surgiram através da nossa esperança. É preciso acreditar em si mesmo. Temos um bom produto, então precisamos pensar que vamos alcançar o sucesso. Me orgulho do nosso trabalho, pois não foi fácil", diz.
Depois do Litoral, restaurante tailandês abre unidade na Capital
Com um grupo de oito sócios, o Asiana, restaurante especializado na culinária asiática, foi inaugurado na praia de Atlântida em dezembro de 2020. Após colher bons frutos no Litoral, o empreendimento abriu as portas na rua Dinarte Ribeiro, nº 148, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. E, neste mês de julho, a operação completa um ano.
Victor Jongh é o chef responsável pela gastronomia do espaço e, também, um dos sócios. Com uma trajetória de 19 anos no segmento, o proprietário cria pratos tentando manter a autenticidade da culinária tailandesa.
Segundo o chef, o Asiana oferece comida asiática de verdade. "Todos os temperos, as massas e os farináceos são importados das regiões da Tailândia. Tentamos ter essa proximidade com pequenos produtores de orgânicos. Esse cuidado e trabalho, que a gente vem desenvolvendo, é talvez o grande segredo do sucesso do restaurante", pondera.
O Asiana tem novidades no cardápio motivadas por pedidos de clientes e pelas inspirações trazidas diretamente da Tailândia. Em março, os sócios Jocelito Laste e Tommy Zimmermann estiveram no país da Ásia, e suas percepções foram traduzidas e convertidas em pratos desenvolvidos pelo chef Victor Jongh. A Tailândia é uma inspiração permanente para o chef Victor, e ele deverá viajar à Ásia no final do ano.
Esta imersão na cultura e nos hábitos foi fundamental para que o sócio pudesse aprofundar seus conhecimentos gastronômicos.
Entre as novidades, estão o Kao Moo Dang, que é barriga de porco cozida com five spices e arroz jasmim. Nas sobremesas, os destaques são o Khao Niao Mamuang, arroz cozido no leite de coco com manga, e o Itim Kati, sorvete de coco artesanal servido na fruta.
A ideia é manter a base do cardápio, mas incluir novos pratos para diversificá-lo ainda mais.
"Eu posso dizer que são releituras com um toque brasileiro. Através do meu curso de gastronomia no Senai, em 2003, me especializei na culinária asiática e, hoje, posso criar estes pratos", conta.
De acordo com Victor, sua motivação para continuar empreendendo com comida asiática no Brasil é o apreço pela culinária. "Tenho paixão e amor. É o que nos move para trabalhar e empreender. É preciso ser muito apaixonado porque é um mercado difícil e competitivo", explica.
O Asiana abre de segunda a sábado, das 19h à meia-noite. O espaço é amplo e cosmopolita, com capacidade para 160 lugares e com decoração aconchegante de cores quentes que inspiram um clima intimista. Idealizado pela família Trajano, o local de 600 metros quadrados desperta uma experiência sensorial.
Para o futuro, Victor e os sócios projetam expandir para a modalidade delivery e, possivelmente abrir novas operações do Asiana, sempre mantendo a tradição da culinária asiática. "Afinal, a comida é uma coisa de artesão", compara o chef.
Culinária japonesa quente é aposta de restaurante na Cidade Baixa
Abrir um restaurante de comida japonesa nunca esteve nos planos do tradutor Edison Issamu Nishiyama. Filho de japoneses, o paulista morou por mais de 20 anos no Japão, onde trabalhou como operador de máquina e, por mais de 10 anos, como tradutor de japonês para português. Ao retornar para o Brasil, Edison veio para Porto Alegre em busca de novas vivências.
E foi na Capital, ao participar do Festival do Japão, evento que exalta a cultura japonesa, que seu interesse pelo empreendedorismo aflorou. "Eu tinha uma máquina que produzia Takoyaki, os famosos bolinhos de polvo. Com ela, recebi uma grande demanda e percebi que poderia abrir um negócio", lembra o intérprete.
Inaugurado em outubro de 2016, o Yuu Japan Gastrobar é um restaurante especializado em culinária japonesa quente. Segundo Edison, sua intenção era inovar e trabalhar com pratos tradicionais, conhecidos como comida de rua no Japão, pois não são tão conhecidos em solo gaúcho. Os famosos Takoyaki não são fritos, mas grelhados de forma com que sejam crocantes por fora e cremosos por dentro. Junto do carro-chefe, o menu degustação é servido com pratos tradicionais.
Além da gastronomia, a operação também foi pensada de forma criativa e que atraísse o público. No espaço do Yuu, há a possibilidade de cantar em um karaokê. Diferente do estilo japonês, fechado em cabines, o do restaurante é aberto para o público sob reserva. Esporadicamente, no Instagram (@yuugastrobar), são divulgadas datas para os concursos de karaokê, que já estão na terceira edição.
O ponto, localizado na rua Joaquim Nabuco, nº 381, na Cidade Baixa, foi escolhido pelo proprietário por ser democrático. "Por mais que a localização não seja propícia para restaurantes, resolvi abrir mesmo assim. Buscamos pela democratização do espaço", explica.
Durante a pandemia, o restaurante foi fortemente afetado por ter que operar apenas em delivery. Apesar das dificuldades, Edison conta que continua empreendendo por teimosia e por acreditar no seu público. "Eu faço meu trabalho porque gosto. O que mais me motiva é a satisfação dos clientes. Receber um feedback é maravilhoso.Somos persistentes. Afinal, Yuu é o ideograma que tem a conotação de coragem, força, e também é o ideograma do meu nome em japonês que é Issamu", afirma.
