O desejo de empreender já fazia parte da vida de Caroline Vieira, 23 anos, e Michelle Maduré, 26, há muito tempo. Mas foi somente no auge da pandemia, em outubro de 2020, que finalmente tiraram o sonho do papel. Como o período era complicado e de muitas dúvidas, a dupla decidiu apostar em algo de baixo custo: um brechó online. E, em menos de dois anos, a Oh Guria, Desapega ganhou sua primeira loja física, localizada no bairro Santa Isabel, em Viamão.
De acordo com Caroline, a época para investir no negócio não poderia ter sido melhor, visto que, em função do isolamento social, muitas pessoas tiveram de mudar radicalmente suas vidas, rotinas e alimentação. "Engordando ou emagrecendo, muitas pessoas praticamente mudaram de corpo. Além de ter roupas no guarda-roupa que já não serviam mais, precisavam comprar novas", declara.
A operação foi tomando forma conforme as amigas iam enxergando a demanda da clientela. O único desejo, de fato, era criar algo que fosse capaz de impactar positivamente a vida de outras mulheres. "A gente não queria fazer só mais uma lojinha, porque isso já tem muito. Começamos a ver essa procura de mulheres querendo vender suas roupas e comprar outras por esse valor mais acessível. Pensamos em montar um brechó, que também pudesse rentabilizá-las", explica.
Pelo menos uma vez por mês, a loja abre uma semana de avaliação, divulgada pelo Instagram @ohguriadesapega, onde são aceitas, no mínimo, 10 peças por mulher. "Como a ideia é gerar renda, duas ou três peças não vão gerar um valor significativo, então estabelecemos um número mínimo, mas se entregarem 500 peças, não tem problema, avaliamos todas", garante Michelle. O pagamento é feito todo dia 15, e as mulheres que desapegarem ganham 35% do valor que a peça for vendida.
O primeiro contato com o empreendedorismo, segundo Michelle, vem sendo uma experiência gratificante. "Já rentabilizamos cerca de 500 mulheres, e temos histórias de pessoas que realmente precisavam desse dinheiro. É muito bom poder ajudar de alguma forma. O que não passa no critério de avaliação para ser vendido na loja, nós doamos pra instituições que ajudam mulheres. Estamos sempre nesse ciclo", afirma.
A dupla ressalta a necessidade de existir espaços que façam esse tipo de curadoria. "Recebemos muitas peças de qualidade aqui e conseguimos ver o quão importante é esse trabalho. São roupas novas, boas, que ainda dá para usar por muito tempo. Também avaliamos muitas roupas de fast fashion, que sabemos que não são sustentáveis, mas fazer essa peça circular já é muito gratificante", garante.