Quem investe na Bolsa de Valores está sempre em busca de empresas cujas ações sigam a curva ascendente, para que o dinheiro investido se valorize. A SLC Agrícola, de Horizontina, tem se enquadrado nessa descrição, fazendo a alegria de quem aposta na marca.
As pessoas que compraram uma fatia do negócio gaúcho no dia 30 de março de 2021 por R$ 38,99 poderiam vendê-la por R$ 46,80 em 25 de março deste ano. No dia 7, chegou a R$ 53,59. As variações representam altos rendimentos, caso a quantia aplicada seja volumosa.
Frederico Logemann, 40 anos, head de inovação e estratégia da SLC Agrícola, acredita que o feito se deve a decisões que vêm sendo tomadas por sua família desde a fundação da empresa, em 1945. “A ação andou um pouco de lado, mas de quatro ou cinco anos para cá, deu uma boa tracionada. O negócio valia R$ 1 bilhão, depois passou para R$ 3 bilhões e agora está em R$ 11 bilhões”, detalha o empreendedor.
A explicação, segundo Frederico, são as três fases que a organização passou, sendo a primeira iniciada na fundação até a abertura de capital, em 2007. “Foi a fase de construir o modelo de negócio, de operar grandes fazendas no cerrado. Quando abrimos o capital, tínhamos sete fazendas e plantávamos 120 mil hectares”, lembra.
Depois, entrou na fase 2, de levantar dinheiro e comprar mais terras. A SLC começou a sair do Centro Oeste e do Maranhão e foi para a Bahia e para o Piauí. O modelo de negócio constituía-se na compra de terras brutas e conversão. “Era um processo longo, gerou caixa negativo durante um tempo, mas estávamos plantando a fase 3”, sintetiza.
Passado certo tempo, a empresa começou a crescer em áreas já desenvolvidas e a arrendar outras. Há cinco anos, quando a ação começou a tracionar, já estava com 400 mil hectares próprios e arrendados. “O lucro da empresa chegou a R$ 1 bilhão no ano passado pela primeira vez. Achamos um bom alinhamento estratégico e boas oportunidades de crescimento, espremendo a laranja, focando em eficiência e nem tanto em crescimento de hectares”, interpreta Frederico, que fez uma palestra no Instituto de Estudos Empresariais (IEE).
A SLC é uma organização gaúcha que fez vários investimentos e desinvestimentos ao longo de sua história. O executivo considera a avaliação do que deve continuar no negócio muito importante. Ele cita, por exemplo, a venda da Ferramentas Gerais, da SLC Alimentos e da fábrica de máquinas para a John Deere, em 2009. “Voltamos para o foco do agro”, expõe Frederico. Atualmente, a SLC Agrícola, que produz soja, milho e algodão, investe em inovação, área que fica sob os cuidados de Frederico. Tanto que foi lançada a marca Horizonte SLC, para empacotar todas as iniciativas.
O projeto engloba a central de inteligência agrícola (CIA), que controla uma série de indicadores digitais, como apontamento de pragas por tablet na lavoura; o Agro Exponencial, programa de conexão com startups; o Ideias e Resultados, onde é feito o acompanhamento da evolução dos projetos; o Comitê de Inovação, criado para gerir esses programas; a SLC Digital Labs, que foi criada há três anos para desenvolver softwares dentro de casa; e a SLC Ventures, braço de investimento em startups.
“O Horizonte SLC é uma convocação para o ecossistema que já existe em torno da SLC, com startups, intraempreendedores, associações de classe, universidades, aceleradoras e fundos. É uma provocação para todos os agentes”, acredita.