Uma das primeiras constatações de quem chega na Lomba do Pinheiro, na Zona Leste de Porto Alegre, é que o bairro parece uma cidade. A percepção não está longe da realidade, já que, conforme dados da prefeitura, cerca de 62.315 pessoas habitam a região. O local abriga 4,42% da população da capital gaúcha, com área de 50,65 km², ou seja, representa 10,64% da extensão do município. Em meio a tanta gente, obviamente, há diversas histórias de empreendedorismo.
O noticiário recorrente sobre a região, no entanto, divulga outro assunto: violência. Os serviços de carros por aplicativo, por exemplo, circulam com restrições no bairro. Só aceitam passageiros nos postos de saúde ou da Brigada Militar.
É comum ver ambulantes oferecendo aos comerciantes canetas que identificam notas falsas. Alguns fornecedores se negam a trabalhar com empresas com CEP no Pinheiro. Porém, nada disso impede que os sonhadores prosperem.
A visita da equipe do GeraçãoE na Lomba do Pinheiro, para a estreia de uma série que falará sobre os negócios de bairro de Porto Alegre, gerou comoção. Os moradores relatam que pouco são ouvidos por esse ângulo positivo. As narrativas de sucesso acabam ignoradas em meio ao volume de notícias tristes.
Bastou uma manhã para comprovar a luta do povo do Pinheiro. São diversos personagens, mas neste conteúdo os leitores conhecerão alguns clássicos, como o barbeiro Cirilo, o barbudo do pão de queijo, a mulher do sapato e Keké, que pode ser ele ou ela.
Uma boa leitura e que sirva para, principalmente, quebrar preconceitos.
A origem comercial do bairro
Vinícius Mitto, professor e arquivista que apresenta uma série sobre a história dos bairros de Porto Alegre no @cartaotri e no @bahguri.rs, contou ao GE sobre a origem da Lomba do Pinheiro:
A região onde está o bairro Lomba do Pinheiro era área de chácaras e sítios de famílias de origem portuguesa, porém, a existência de moradores remonta à época das sesmarias. A principal área rural era a Fazenda Boqueirão, de propriedade dos irmãos Antero e Afonso Lourenço Mariante, em meados de 1820. A única herdeira de Afonso, Rafaela, se casou com João de Oliveira Remião. Nomes conhecidos e homenageados na região. Com o passar dos anos, foi sendo desenvolvida a produção de hortifrutigranjeiros, com especial destaque a frutas e legumes que eram comercializados na área central de Porto Alegre. Também existia a produção de leite, por meio de tambos. Com o aumento populacional no bairro, já no século 20, por meio de invasões e desenvolvimento de vilas, o comércio e os serviços também se popularizaram.
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