Não tem como falar sobre empreendedorismo na Lomba do Pinheiro, na Zona Leste de Porto Alegre, sem mencionar um dos negócios que simbolizam o bairro, o Jardim da Paz, que funciona desde 1980. O local é o único cemitério-parque da cidade, inspiração que veio do mercado norte-americano e europeu.
Administrado por um grupo de engenheiros, o empreendimento já fez mais de 55 mil sepultamentos. Embora seja a opção mais procurada por moradores da Zona Leste, há famílias de outras regiões da Capital e de fora da cidade que compram jazigos no espaço de 20 hectares.
Gerci Perrone Fernandes, diretor do Jardim da Paz, diz que 90% dos 70 funcionários são moradores do Pinheiro. "Geramos receita para os comerciantes do entorno", afirma ele, sobre o fato de empregar pessoas que também consomem por ali.
O bairro foi escolhido para receber o cemitério, conforme Gerci, que é funcionário da empresa há 30 anos, entre outros motivos, pela sua semelhança com a paisagem serrana. Para superar os desafios de lidar com perdas, Gerci aposta na sensibilidade.
"Enxergamos os clientes, atendemos da classe A a E. Damos o mesmo atendimento a todos", garante.
Entre as ações mais marcantes do cemitério com a comunidade porto-alegrense está a chuva de pétalas do Dia dos Finados, que Gerci considera muito simbólica. Além disso, são promovidas palestras bimestrais com foco em superação do luto e são realizadas ações sociais na própria Lomba do Pinheiro.
Embora no passado tenham se criado alguns tabus em torno dos cemitérios, Gerci conta que o Jardim da Paz atrai público em busca de lazer. Aos fins de semana, segundo ele, é comum ver pessoas tomando chimarrão em meio às plantas e flores.
O executivo revela, ainda, que a pandemia, diferentemente do que muitas pessoas pensam, prejudicou o ramo de cemitérios. "Os custos aumentaram muito. A construção dos jazigos exige ferro e cimento, que ficaram muito caros", comenta, listando ainda gastos com aparatos de proteção, como máscaras, botinas e macacões.