Canoas, Viamão e Novo Hamburgo são algumas das cidades que compõem a Região Metropolitana de Porto Alegre. Nesses e nos outros municípios, não param de surgir negócios criativos que ganham a fidelidade do público. Depois de colher bons frutos nos seus locais de origem, empreendedores e empreendedoras apostam na Capital na hora de expandir mercado.
Foi com esta perspectiva que Claudia Robinson, proprietária há nove anos da loja de doces CauCakes (@caucakes), de Novo Hamburgo, chegou a Porto Alegre neste mês. A nova unidade da marca fica na rua Dinarte Ribeiro, n° 95, no bairro Moinhos de Vento.
O espaço, pensado para ser instagramável, é todo cor de rosa por dentro e por fora e pretende trazer referências de doces internacionais para a Capital. A inspiração para criar o negócio veio da experiência de Claudia na Austrália. Ela morou no país por três anos e trabalhou em diversas cafeterias por lá. Essa vivência deu origem a CauCakes, que começou em um apartamento JK e, em menos de um ano, migrou para um espaço físico em Novo Hamburgo.
"Fui crescendo e aumentando a loja para servir melhor os clientes", conta Claudia. A ideia de abrir uma unidade em Porto Alegre surgiu em 2018. A empreendedora diz que era um pedido constante de clientes porto-alegrenses. Muitos deles, conta Claudia, iam até Novo Hamburgo apenas para frequentar o espaço, que se consagrou no Vale do Sinos.
"Os clientes vinham de Porto Alegre e outras cidades para conhecer. Não tinham muitas pessoas fazendo a mesma coisa. Sempre tive vontade de ampliar e Porto Alegre seria a próxima cidade. Procurei alguns lugares, mas só no final de dezembro de 2020 que apareceu essa localização. A rua é maravilhosa, e agora está cheia de restaurantes legais, então acredito que seja a localização ideal para a nova loja da CauCakes", expõe.
O espaço abriu as portas no dia 6 de outubro, mas, mesmo antes da data, a empreendedora conta que a expectativa do público era grande, o que acaba tornando a responsabilidade de abrir um negócio ainda maior. "Quando postamos que a marca viria, já foi um sucesso. O pessoal adorou a ideia, a expectativa foi bem grande. Acredito que vá ser um sucesso, mas também tem bastante responsabilidade porque a expectativa do público é bem grande em cima da marca. Há nove anos venho carregando essa responsabilidade e, felizmente, está dando supercerto", celebra a empresária.
A decoração toda cor de rosa, em alusão à identidade visual, tem sido uma experiência a parte para quem visita o local, conta Claudia. O objetivo do ambiente monocromático e com referências de negócios de outros países, segundo ela, é proporcionar uma experiência maior para a clientela.
"Toda a fachada é bem especial, bem como o espaço interno. Queremos que as pessoas entrem e sintam, olhem para o teto, para a loja, e tenham ambientes que tragam algum tipo de vontade para fazer fotos, postar no Instagram. Hoje, a experiência do cliente e as memórias que o ambiente deixa contam muito. Então, apesar de não ser uma loja tão grande, conseguimos fazer com que vários cantinhos ficassem bem legais e instagramáveis para que as pessoas registrem", deseja Claudia.
Linha de doces saudáveis ganha fábrica própria
Aos 19 anos, Maria Eduarda Lemos comemora os resultados de uma trajetória empreendedora iniciada aos 15. À frente da Sou Zero (@souzero), marca de doces saudáveis e inclusivos nascida em Canoas em julho deste ano, ela mudou, na última semana, sua produção para Porto Alegre, expandindo o delivery também para a Capital. A troca de endereço faz parte de um projeto ainda mais ambicioso: tornar-se uma fábrica de doces saudáveis com presença nacional em lojas e mercados especializados.
O processo de tornar a produção de doces um negócio começou na adolescência da empreendedora, que fazia opções tradicionais ainda sem a proposta de produzir itens sem adição de açúcar, lactose e glúten. "Não tinha uma estrutura financeira boa, mas sempre fui de me virar e nunca tive vergonha. Meu namorado, na época, me deu a ideia de vender doces e me ajudou comprando os materiais", lembra Maria, que conquistava cada cliente pessoalmente. "Morava em um condomínio com quatro blocos e vendia de porta em porta. Faturava R$ 200,00 em um dia, o que era muito dinheiro para uma guria de 15 anos. Continuei e comecei a levar mais a sério pelo Instagram", conta.
Fazer fotos, inclusive, era um desafio, segundo Maria, pois não tinha um celular adequado para a produção de conteúdo. Nada que freasse a vontade de levar o negócio em frente. "Os doces começaram a bombar e eu tinha que tirar as fotos. Descobri que uma vizinha tinha um iPhone e ia de tarde na casa dela para fazer as fotos. Depois, comprei um celular que parcelei tanto que estou pagando até hoje", diverte-se.
Quando formalizou o negócio, a primeira empresa a nascer foi a Vício Gourmet, com delivery em Canoas. O carro-chefe da operação, conta Maria, é uma receita criada por ela, chamada Orinho. No entanto, com a pandemia e o surgimento de outros negócios no mesmo formato, Maria sentiu a necessidade de se reinventar. "Vi muita loja de delivery de doce abrindo na pandemia, com pessoas que tinham mais capital que eu para investir, e eu ali fazendo o que dava. Tive um insight que não tinha ninguém fazendo doces saudáveis em Canoas, porque sou intolerante à lactose e sempre procurava e não achava algo bom. Comecei a futricar, ir nas lojas de produtos saudáveis, ver como era. Sabia que queria criar um produto, mas o que eu entendia era de leite condensado e açúcar. Comecei a estudar e fiquei um ano empenhada nisso", conta Maria, que começou a operação da SouZero em julho deste ano por delivery. Os doces em pote são produzidos sem adição de açúcar, lactose e glúten e custam a partir de R$ 22,00.
Em poucos meses, a empreendedora mudou a produção, que era feita em seu apartamento em Canoas, para uma cozinha industrial no bairro São Geraldo, em Porto Alegre. A mudança, revela Maria, faz parte da construção dos próximos passos da marca. Durante uma live sobre empreendedorismo que participou, seu projeto chamou atenção de um escritório de São Paulo, que faz a distribuição de produtos do segmento. "Eles já estavam com uma ideia de aumentar a linha de produtos, viram a proposta dos doces inclusivos e se interessaram em distribuir. Em três meses, tirei a produção da minha casa para virar uma pequena indústria", diz, cheia de trabalho e novas responsabilidades.
Das vendas de porta em porta à filial em ponto movimentado da metrópole
Em 2007, enquanto cursava graduação em Turismo, Caroline Osório, de 38 anos, decidiu começar a vender cupcakes para complementar a renda. Na época, trabalhava na Pucrs, em uma área completamente diferente, e foi lá que conquistou seus primeiros clientes. Algum tempo depois, estava vendendo e divulgando seus produtos em estabelecimentos no centro de Viamão, sua cidade natal. Foi aí que a empreendedora tomou coragem para fazer da grande paixão pela confeitaria a sua profissão. "A demanda de encomendas cresceu tanto que eu já não conseguia sair da cozinha para vender de porta em porta. Decidi me mudar para um espaço maior e mais profissional para poder dar conta. Desde então, o negócio só evoluiu", conta. Atualmente, Caroline possui um ateliê de produção, uma loja com seu nome em Viamão (@lojacarolineosorio), uma loja em Cidreira, que abre durante a temporada, e, há três meses, inaugurou sua primeira unidade em Porto Alegre, na rua Miguel Tostes, nº 579, no Rio Branco.
A empreendedora afirma que a maioria dos seus clientes sempre foram da Grande Porto Alegre, e o pedido para que a loja estivesse centralizada na Capital existia há muito tempo. "Depois de dois anos de loja em Viamão, e com a experiência de ter aberto no Litoral por alguns meses, finalmente, estávamos prontos para ter o nosso local em Porto Alegre. Nosso propósito é nos tornarmos referência na cidade, assim como já somos em Viamão", afirma. Segundo ela, no curto período de tempo em que a loja está funcionando, a demanda vem aumentando, mas o negócio está em processo de maturação. "A escolha por esse espaço foi paixão à primeira vista. Assim que iniciamos a busca, nos apaixonamos pela casa", diz.
Desde que decidiu mudar de carreira, Caroline realizou diversos cursos especializantes na área de confeitaria e gestão de negócios. Ela acredita que esse é um dos principais fatores que influenciam na hora de tirar os seus planos do papel. "A vontade por si só não é suficiente. Eu conseguia vender muito bem enquanto me via como confeiteira, mas a partir do momento que me enxerguei como empresária, minha visão de negócio teve de aflorar. Estudei e ainda estudo muito. Com certeza, foi isso que me fez prosperar", complementa.