"É um espaço para ouvir e contar histórias, celebrar Porto Alegre, valorizar e enaltecer nossos artistas locais e os sabores típicos daqui", sintetiza o empreendedor Lucas Eibs, 29 anos, que uniu sua paixão por arte urbana e por cafeterias para abrir a Porto Farrô. O local, que conta com grafites e intervenções artísticas em sua composição, fica a uma quadra do Parque da Redenção e reúne cafeteria, galeria de arte e coworking no mesmo endereço.
Trabalhando com produção de eventos há 10 anos, Lucas colocou em prática o sonho antigo de ter uma cafeteria em função da chegada da pandemia. "Fazia eventos para 5 mil pessoas, 10 mil pessoas, que estão totalmente inviáveis. Sempre tive um sonho de ter uma cafeteria, mas era um plano muito surreal. Nunca tinha tempo e verba para fazer. Quando começou a pandemia, todos meus projetos foram suspensos, e aí comecei a ver que eu tinha tempo. Dinheiro nunca se tem sobrando, mas foi possível projetar", conta Lucas, que contou com um sócio investidor para abrir as portas do número 156 da rua Vieira de Castro, no bairro Farroupilha.
A escolha do endereço era uma das premissas do negócio, que desejava se instalar no entorno da Redenção por acreditar que ali circula um público que se interessa por arte urbana e por café especial, dois pilares do projeto. "Buscamos pontos que fossem ao redor da Redenção. Inclusive, o nosso nome é uma mistura de Porto Alegre e Farroupilha, fazendo uma alusão ao bairro e ao parque", explica Lucas, que trouxe para o negócio o interesse por arte. "Gosto bastante de arte urbana, de andar pelas ruas, visualizar e fotografar grafites, ver intervenções urbanas. Queria uma cafeteria que tivesse uma pegada de arte. Durante o processo, fui afunilando o conceito de arte para arte urbana, por ver também oportunidade por não ter algo nesse nicho. Tenho contato com artistas da cidade, como o Celopax, que é um grafiteiro bem conhecido, o Xadalu, que é um artista indígena de renome internacional, então comecei a ver nisso um ciclo se formando", pontua.
O espaço abriu as portas em junho, sem divulgação, para azeitar a operação antes de receber muitos clientes. Mesmo assim, Lucas conta, orgulhoso, que já no primeiro fim de semana de funcionamento foi surpreendido por muito movimento. "A ideia inicial era abrir no início do ano, mas por conta da pandemia, que piorou bastante na virado do ano, achamos que não era prudente abrir naquele momento. Fomos jogando mais para frente. O movimento foi bem maior do que a gente esperava por não ter divulgação, estamos muito contentes com o andamento até aqui. O retorno tem sido super espontâneo e rápido, sinal que estamos um indo no caminho certo e com as pessoas certas", celebra.
Além da cafeteria, a casa de cinco ambientes conta com um espaço de coworking e com uma galeria de arte, com a proposta de receber diferentes artistas periodicamente. "Temos obras fixas de artistas convidados. A fachada é do Jackson Brum, dentro temos telas do Xadalu, do Celopax, do Trampo, que é um dos primeiros grafiteiros do Brasil. Juntamos nomes que agregariam ao conceito. Na parte de cima, temos uma galeria de arte que, atualmente, está com as obras do Celopax, e que a gente imagina que ela mude com o tempo. A ideia é que o Celopax seja um artista fixo e que traga outros convidados, para ter essa oxigenação", explica Lucas.
A proposta de valorizar a arte local também passa pelo cardápio, que foi desenvolvido pelas chefs Fabiana Sasi, Tati Forster e Ju Corrêa, propondo releituras de pratos típicos daqui. Entre os destaques, conta Lucas, está a cheesecake de ambrosia. "Pensamos em convidar mulheres da gastronomia de Porto Alegre que trouxessem referências de sabores típicos daqui e transformassem isso em uma receita descolada, mas alguma coisa afetiva", pontua.
Com investimento inicial de R$ 300 mil e projeção de retorno de três anos, o negócio vislumbra, no futuro, fomentar a arte de outras maneiras. "Por conta da pandemia, não estamos fazendo grandes eventos, mas a ideia é utilizar a casa para eventos relacionados à arte e à cultura", revela Lucas, que se diz contente com a nova empreitada empreendedora. "Sempre trabalhei com atendimento, do meu primeiro emprego até agora. Tudo parte do relacionamento, então essa troca não foi uma novidade para mim, porque já empreendia na área de eventos. Mas o astral do café é diferente. Sempre falamos que o café une e reúne, conseguimos conhecer pessoas, ouvir histórias, compartilhar as nossas, e isso acontece de forma espontânea. Às vezes, esquecemos que é um negócio. É um ambiente muito acolhedor para quem chega e para a gente", afirma.
O café Porto Farrô (@cafeportofarro) funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 19h.