Dina Prates, CEO- Founder da startup UJAMAATECH e Sócia-fundadora Espaço IEP

O empreendedorismo negro cresceu cerca de 22% nos últimos 10 anos, conforme o Sebrae

O desafio do acesso ao crédito para empreendedores negros no Brasil

Dina Prates, CEO- Founder da startup UJAMAATECH e Sócia-fundadora Espaço IEP

O empreendedorismo negro cresceu cerca de 22% nos últimos 10 anos, conforme o Sebrae

Atualmente, os empreendedores negros e negras brasileiros representam mais de 51%, conforme dados do Sebrae. Essa presença não é recente; sua potência financeira e experiência com o comércio cruzam o Atlântico e têm raízes no continente africano. Por isso, é fundamental resgatar a presença das Ganhadeiras nos mercados dos grandes centros antigos - mulheres negras que movimentaram significativos recursos financeiros para garantir sustento e uma mínima autonomia econômica para a comunidade negra.
O empreendedorismo negro cresceu cerca de 22% nos últimos 10 anos, conforme o Sebrae. No entanto, a desigualdade histórica ainda se perpetua, refletindo diretamente no desenvolvimento financeiro dos negócios gerenciados e criados por pessoas negras. Questões como acesso ao crédito, desenvolvimento de negócios, acesso a oportunidades no mercado e problemas com vendas são fatores que permeiam a realidade de muitos negócios. O crédito é um dos principais instrumentos para impulsionar negócios. Ele viabiliza investimentos em infraestrutura, estoques, contratação de funcionários, capital de giro e aumento da capacidade produtiva. Também fornece um impulso emergencial para situações de crise, como a enfrentada por empreendedores gaúchos que ainda estão se recuperando das enchentes.
O estudo realizado pelo Instituto Feira Preta, em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e a Consultoria Plano CDE, aponta que, em média, os empreendedores negros têm um percentual maior de pedidos de crédito recusados em relação aos empreendedores brancos.
Entre os principais desafios está a análise de crédito das instituições financeiras, que muitas vezes utilizam critérios excludentes, sem considerar alternativas ou programas de inclusão. A ausência de garantias reais, como imóveis ou veículos, além dos problemas com comprovação de endereço - já que um percentual grande dos negócios fica em regiões periféricas - são fatores agravantes. Para além de todos os aspectos estruturais, as pessoas negras enfrentam o racismo velado do sistema bancário, que, através de avaliações subjetivas das gerências, julgam a potência financeira de muitos negócios por um viés racial.
A solução para esse cenário passa por iniciativas que democratizem o crédito. A criação de políticas institucionais em bancos públicos e privados que revejam os critérios de análise, priorizando ferramentas que valorizem o potencial dos negócios e busquem alternativas para a redução do risco de crédito, é fundamental.
Enquanto as políticas não chegam, aconselha-se aos empreendedores negros que se preparem para atender às necessidades do negócio:
1 - Defina a finalidade do crédito: pagar dívidas, investir em estoque ou garantir capital de giro?
2 - Determine o valor necessário e planeje o prazo de pagamento.
3 - Organize documentos, como faturamento dos últimos meses e restrições de crédito, para agilizar análises.
4 - Considere alternativas como cooperativas de crédito, fintechs ou o Programa Acredita do Governo Federal.
O acesso ao crédito não é apenas uma questão econômica, mas também de justiça social.
 UJAMAATECH/DIVULGAÇÃO/JC
Dina Prates, CEO- Founder da startup UJAMAATECH e Sócia-fundadora do Espaço IEP
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