A ascensão feminina no mercado de trabalho está entre os grandes movimentos sociais e econômicos dos últimos tempos. É fato: o cenário mudou. Nós, mulheres, estamos conquistando cada vez mais oportunidades profissionais. Ganhamos voz, ganhamos vez. Mas, mesmo com esse avanço, ainda estamos longe de atingir a igualdade plena de direitos, sobretudo quando falamos de remuneração e acesso a cargos de liderança.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), as mulheres hoje ocupam apenas 16% das posições nos conselhos de administração das empresas. Se olharmos para os cargos de CEO, então, esse número é ainda menor. Agora, por que esses índices seguem tão baixos se esse assunto é discutido há tanto tempo? Por se tratar de uma temática relevante e que pressupõe mudanças de comportamento em toda a organização, percebemos que ela ainda está muito restrita ao discurso. Está na hora das lideranças assumirem maior protagonismo e definirem ações e métricas para acompanhar as mudanças. Afinal, uma realidade só se transforma quando nos movimentamos.
Muitas empresas mantêm práticas e códigos de conduta, muitas vezes não escritos, que favorecem estilos de liderança tradicionalmente masculinos. Portanto, é preciso trazer mais diversidade para as esferas de comando e investir em equidade e inclusão. Adotar medidas concretas para a promoção da equidade de gênero — com a garantia de equidade salarial, programas de mentoria e treinamentos específicos para mulheres e para os líderes— é um passo determinante para essa construção.
Muito importante atuar no combate aos vieses inconscientes. É o caso da maternidade, por exemplo, em que a mulher é erroneamente percebida como menos comprometida com um emprego ou profissão por ter filhos. Para mudar essa visão distorcida, além da conscientização, temos de reforçar a transparência nos processos de contratação e promoção, implementando rotinas de avaliação e feedback mais objetivas e baseadas em dados e evidências.
Há uma certeza: mudar dá trabalho. Exige tempo, recursos e muita determinação. No entanto, não são poucos os estudos que nos mostram os benefícios de uma organização mais diversa e inclusiva, com espaço aberto para o protagonismo feminino. As empresas - e a sociedade como um todo - só têm a ganhar ao criar um ambiente comprometido, de fato, com a diversidade, equidade e inclusão.