Gabriela Alcântara, Gerente de comunicação corporativa da Critério

Ninguém esperava que, em pleno mês de maio, viveríamos em um cenário de guerra

Gestão de crise em empresas: é possível planejar o imprevisível?

Gabriela Alcântara

Ninguém esperava que, em pleno mês de maio, viveríamos em um cenário de guerra

No Rio Grande do Sul, a chuva mudou os planos e afetou os rumos de praticamente todos os setores produtivos. Das empresas ao poder público, foi necessário refazer a rota, avaliar danos, elencar prioridades e, principalmente, projetar o futuro. Ninguém esperava que, em pleno mês de maio, viveríamos em um cenário de guerra: aeroporto fechado, estradas completamente arrastadas pelas enchentes, estações de tratamento de água potável submersas e redes de energia elétrica comprometidas. Expectativas desabaram e serviços básicos colapsaram, com vidas perdidas e milhares fora de casa.
As enchentes deixaram um rastro de incertezas. É natural e emocionalmente aceitável que o choque de todo esse caos paralise. Mas, em momentos de crise aguda, o que se espera é um norte. Alguém que se levante e diga: "eu tenho um plano". Nesse episódio recente, o mundo corporativo demonstrou plena capacidade de ocupar esse papel, ao lado do poder público e articulado com a sociedade. Empresas e organizações com cultura de gestão de crise se levantaram e reagiram à catástrofe, de forma resiliente, sabendo o caminho a seguir.
Da manutenção dos atendimentos em saúde à reconstrução de rodovias. Da retomada do abastecimento de água à recomposição da energia elétrica, muito se fez em tempo recorde, sem que o improviso prejudicasse o resultado final: atender quem mais precisa. Essa sincronia entre forças privadas e públicas - aliada a um esforço coletivo e a uma mobilização voluntária sem precedentes - permite que se fale em reconstrução, recuperação e retomada.
Organizações com planejamentos bem delineados conseguiram se destacar neste enfrentamento. Com capacidade de identificar os problemas, agruparam soluções, buscaram recursos e colocaram "o impossível" em prática. O mundo corporativo soube buscar parceiros, bateu às portas certas e angariou mão de obra, especialistas, aeronaves, máquinas, peças. Uma infinidade de respostas que, sozinho, o poder público não conseguiria dar.
Um plano de gestão fornece às organizações um mapa claro de quem vai atuar durante a adversidade, definindo também o formato de comunicação e os seus territórios. A meta deve ser apresentar soluções concretas, dentro do cenário possível, a fim de mitigar danos e trazer segurança para os stakeholders envolvidos. E o mais importante: antes de contar a história, é preciso fazer a história. O discurso só será efetivo se estiver alinhado com a prática.
Tragédias como essa, que atingiu o estado gaúcho, testam a essência das empresas. Revelam quem realmente se empenha em fornecer respostas concretas, quem tem capacidade de mobilização, criatividade e articulação para superar os desafios. Mostram, também, quem se omite. A postura diante da adversidade é um dos alicerces da reputação, para que uma marca não só sobreviva, mas saia fortalecida de uma calamidade.
Em 30 dias, muito se perdeu, mas não a capacidade de colaborar. É tempo de se reerguer e lutar contra a escassez, com solidariedade. A reação do mundo corporativo, o exemplo dos voluntários e o empenho público mostram que há espaço para todos, cada um no seu papel e com sua parcela de responsabilidade. Não é momento de julgar. Nessas horas, não existe muito ou pouco. Existe reação. A alma do gaúcho é gigante e, enquanto as águas baixam, erguem-se as cabeças. O Rio Grande segue em frente.
 
MAICON HINRICHEN/DIVULGAÇÃO/JC
Gabriela Alcantara, Gerente de comunicação corporativa da Critério
Gabriela Alcântara, Gerente de comunicação corporativa da Critério

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