O povo da antiga Esparta é daqueles que entraram definitivamente para a história da humanidade. Sendo alvo de estudos, é também referência para um negócio que já faz parte do coração dos gaúchos, principalmente dos mais jovens. O
Bar do Espartano, que desde 2015 movimenta o litoral do Rio Grande do Sul, em 2019, com o advento da Orla do Gasômetro, chegou a Porto Alegre.
O bar é um empreendimento de três jovens que trabalhavam juntos e decidiram abrir o primeiro negócio, Raphael Peter, 22 anos, Ramon Nobre da Luz, 23, e Gustavo Ghidini, 24. “Trabalhávamos em uma agência de turismo que era relativamente pequena, então fazíamos muita coisa juntos. A confiança na forma de cada um trabalhar sempre foi algo muito forte para nós. Mas, acima de tudo, a amizade se fez preponderante”, cita Rafael.
“A gente ficava livre no verão, então esse foi o primeiro ponto. Aí percebemos que em Imbé, onde veraneamos, não tinha um lugar para realmente a gurizada curtir, era tudo mais do mesmo. Um dia abriu a possibilidade de comprarmos o quiosque na beira da praia, na guarita 131. Como conhecíamos a pessoa, fizemos um trato de pagar metade antes e metade quando terminasse o período de praia. Foi uma grande motivação para correr atrás. Faltaram R$ 1 mil. Trabalhamos só para quitar a dívida”, contam os empreendedores sobre a motivação e a dificuldade inicial.
A produção de luaus foi o start para o Bar do Espartano. As festas, em volta do quiosque, faziam com que o bar prospectasse clientes e estreitasse relacionamento com eles. No entanto, embargos judiciais ocorreram. “Tivemos problemas no primeiro verão. No segundo ano, depois do primeiro luau, fomos chamados na prefeitura. Tinha aviso de interdição, multa de R$ 20 mil. Foi um choque, nos apavoramos”, explica Ramon.
O empecilho, no entanto, foi um combustível para buscar uma parceria com uma das maiores casas noturnas do Litoral Gaúcho. “Ligamos para o Scooba. Na loucura mesmo, sem noção nenhuma. ‘Queremos fazer um luau aí’. Nos disponibilizaram uma quinta-feira e nunca vamos esquecer a cara dos donos quando a fila estava dando volta na quadra. Ali a marca estava em outro patamar”, conta Raphael.
Os sócios por trás do Bar do Espartano também são donos da Divina Caipa. O negócio, que funciona como uma “ilha de caipirinhas” pode ser levado para eventos como formaturas, casamentos, aniversários e outros. A ilha, no entanto, começou levando o nome do bar e acabou se tornando marca após uma necessidade dos empreendedores, que até então tinham outros empregos, de viverem apenas do ideal compartilhado.
“Criamos uma ilha de caipirinha para conseguir tocar o negócio durante o ano todo. Nossa meta era estar sempre nas festas de Porto Alegre. Estávamos perdidos porque nenhum bairro parecia ser a nossa cara, queríamos abrir um bar na Capital e precisávamos fazer dinheiro. Quando o edital da orla saiu, tudo fez sentido. Já tínhamos transformado nossa ilha em marca e estávamos aprendendo muito na incubadora da ESPM. Tínhamos certeza que a orla era nosso lugar”, lembra Gustavo, sobre o momento em que a orla se tornou o alvo dos investidores.
Porém não era tão simples. Para manter um negócio na orla, um edital com mais de 70 páginas era necessário. O Bar do Espartano chegou no pregão, dando lances, mas somente depois soube que não tinha atendido um requisito. Quando souberam, buscaram outras formas de negócio. Houve, no entanto, uma reviravolta que fez com que outros interessados desistissem e também não atendessem 100% da licitação.
“Foi uma loucura, mas no fim deu certo. Queríamos ser a ilha de caipa do Bar1 em Atlântida e do Scooba em Imbé. Fizemos o contato e recebemos negativas de ambos. Quando conseguimos a orla, abriu o espaço tanto no Bar1 quanto no Scooba para sermos a ilha de caipa deles. Tínhamos que escolher para onde iríamos. Demos o ok para todos. A gente sabia que ia ficar maluco, mas que era mais um avanço de patamar. De uma hora para outra viramos sócio do Scooba, entramos como empresa no Bar1 e o espaço na orla era nosso”, contam os empreendedores.
O Bar do Espartano funciona na temporada de verão em Imbé e o ano inteiro em Porto Alegre. A Divina Caipa pode ser contratada para eventos a qualquer momento. Sobre a trajetória, Gustavo entende que a forma com que os negócios foram constituídos, sem verbas de terceiros, foi o que possibilitou um crescimento através dos anos.
“Sabíamos que, por sermos novos, seria difícil pela questão da estabilidade financeira. Se tivesse dinheiro de familiares, não estaríamos com todas as operações que estamos, porque só a gente mesmo para acreditar. Acho que a gente, muitas vezes, não teve noção de risco, mas deu certo. Não podia dar errado, muita gente senta no colo do conforto de pedir para os pais. A gente ia sem medo, mas com a certeza de não poder errar porque era nós por nós”, finaliza.
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