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Publicada em 20 de Agosto de 2024 às 10:35

Arrozeiros serão homenageados na Expointer por drenagem das águas das enchentes

Arrozeiros cederam bombas de irrigação e outros equipamentos para escoar águas das enchentes

Arrozeiros cederam bombas de irrigação e outros equipamentos para escoar águas das enchentes

Nestor Tipa Júnior/Divulgação/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
Os arrozeiros gaúchos tiveram papel fundamental para os trabalhos de drenagem das áreas inundadas no entorno do Aeroporto Internacional Salgado Filho e em outros pontos do Rio Grande do Sul. Batizada de projeto Drenar RS, a operação realizada por diversos produtores rurais e parceiros utilizou bombas de irrigação para retirar as águas provenientes das cheias e assim permitir o início da limpeza e higienização dos locais alagados, trazendo a esperança de retomada.
Os arrozeiros gaúchos tiveram papel fundamental para os trabalhos de drenagem das áreas inundadas no entorno do Aeroporto Internacional Salgado Filho e em outros pontos do Rio Grande do Sul. Batizada de projeto Drenar RS, a operação realizada por diversos produtores rurais e parceiros utilizou bombas de irrigação para retirar as águas provenientes das cheias e assim permitir o início da limpeza e higienização dos locais alagados, trazendo a esperança de retomada.
O engajamento dos arrozeiros para mitigar o impacto da enchente histórica de maio de 2024 será homenageado pelo Jornal do Comércio nesta edição do Prêmio O Futuro da Terra, entregue à entidade representativa do setor, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
A imagem de um avião de carga rodeado de água na pista inundada do aeroporto de Porto Alegre correu o mundo e chocou pela dimensão da tragédia climática. Dos 3,2 mil metros de pista, somente 800 metros não ficaram alagados. O principal aeroporto gaúcho fechou no dia 3 de maio devido ao grande volume de chuva que atingia diversas regiões do Estado naquele início de mês e segue sem receber pousos e decolagens desde então. As bombas cedidas por arrozeiros possibilitaram retirar a água para que a Fraport, empresa concessionária do aeroporto, desse a largada para as avaliações e reparos necessários no complexo.
O projeto Drenar RS é formado pela Federarroz e empresas | Federarroz/Divulgação/JC
O projeto Drenar RS é formado pela Federarroz e empresas Federarroz/Divulgação/JC
“A iniciativa de drenagem das áreas inundadas pela enchente de maio de 2024 no Rio Grande do Sul começou no município de Pelotas. A partir do momento em que as águas começaram a chegar na Zona Sul do nosso Estado e de um movimento envolvendo diversos atores e instituições em Porto Alegre, nós acabamos viabilizando a drenagem em algumas cidades”, relembra o diretor executivo e jurídico da Federarroz, Anderson Belloli.
O projeto Drenar RS é formado pela Federarroz e empresas como WR, InfoSafras, Gebras, Grupo Ceolin, Agropecuária Canoa Mirim, Expoente, Numerik, CCM, Garanto, Grupo Cavalhada, Instituto Caldeira e Idealiza. Com as casas de bombas das prefeituras inoperantes por também terem sido atingidas pelas cheias, os equipamentos cedidos pelos arrozeiros gaúchos foram os responsáveis por acelerar o escoamento das águas.
Em Porto Alegre, as bombas de irrigação foram colocadas no bairro Anchieta, onde fica o Aeroporto Salgado Filho, e também na região do Quarto Distrito. Os arrozeiros se reuniram com a Fraport e o Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) para definir como seria realizada a operação. Ao todo, 14 bombas cedidas por produtores de Camaquã, Mostardas e Uruguaiana e da empresa Agrimec, de Santa Maria, foram usadas para drenar quatro milhões de metros cúbicos de água em 300 hectares de área no Aeroporto Salgado Filho e região.
Os trabalhos de drenagem na capital gaúcha começaram no dia 25 de maio e foram concluídos no dia 4 de junho. A ação teve o apoio de empresas como Agrimec, SLC John Deere, Sotrima Massey Fergusson, Tomasetto Engenharia, Grupo Quero Quero e Coragon Agropecuária. “Nós trouxemos as bombas de irrigação do interior do Estado. Elas foram disponibilizadas pelos produtores, é algo caro para se transportar e pesado e envolve valores de frete. Para a instalação, precisava de mão de obra especializada e de equipamentos inúmeros, dentre eles tratores para que nós pudéssemos instalar essas bombas”, conta Belloli.
Em Pelotas, a instalação de 25 bombas reduziu o tempo de drenagem das áreas alagadas em 60%, possibilitando o retorno de desalojados para suas casas. Os arrozeiros ajudaram também na drenagem dos alagamentos em cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre. Duas bombas flutuantes com capacidade de drenagem de 300 mil litros por segundo retiraram a água acumulada nos bairros Santo Afonso, de Novo Hamburgo, e Santos Dumont, de São Leopoldo, e encaminharam para o Rio dos Sinos. Foram cerca de 10 dias de trabalho.

Projeto teve adesão de arrozeiros de várias regiões

Os trabalhos do projeto Drenar RS tiveram a participação de arrozeiros de várias regiões gaúchas, de cidades como Camaquã, Mostardas, Tapes, Tavares e Uruguaiana, e são mais um exemplo da atuação do agronegócio em prol do desenvolvimento do Rio Grande do Sul e do Brasil. Após o início da operação em Pelotas, a Federarroz disponibilizou seus canais para que os produtores rurais interessados em emprestar as bombas de irrigação e outros equipamentos necessários para a drenagem entrassem na iniciativa, contribuindo assim para que as águas baixassem mais rapidamente.
Os arrozeiros que aderiram ao projeto Drenar RS trabalharam incansavelmente para escoar as águas e dar fim aos pontos de alagamentos. “Foi um movimento de muitas mãos que mostrou todo o empenho da sociedade gaúcha em colaborar naquele momento que era muito difícil no nosso Estado. Foram vários produtores, além de instituições, que colaboraram para que pudesse ser organizado esse movimento. Já enfrentamos enchentes no Rio Grande do Sul, mas nunca de uma magnitude tão intensa como essa nos meses de maio e junho”, afirma o diretor executivo e jurídico da Federarroz, Anderson Belloli.
“O agronegócio gaúcho, em especial os arrozeiros, sempre que necessário tende a colaborar nas suas regiões e nos seus municípios com o desenvolvimento da sociedade, inclusive colaborando para mitigar desigualdades e ajudando aqueles nichos e as camadas da sociedade que são mais carentes e vulneráveis socioeconomicamente", complementa Belloli.
Além do empréstimo dos equipamentos, a entidade recolheu doações para adquirir cestas básicas e outros utensílios necessários à população das regiões atingidas pelas enchentes. A Federarroz engloba 16 associações de arrozeiros que reúnem cerca de 1 mil produtores de 205 municípios gaúchos, gerando cerca de 30 mil empregos diretos.

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