Pesquisa e docência em prol da nutrição animal

Por sua dedicação, Andréa foi homenageada por uma turma de formandos em Zootecnia da Ufrgs

Por sua dedicação, Andréa foi homenageada por uma turma de formandos em Zootecnia da Ufrgs


Andréa Machado Leal Ribeiro/arquivo pessoal/divulgação jc
Aos 21 anos, Andréa Machado Leal Ribeiro já estava dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Não era aluna, mas professora assistente na disciplina de Melhoramento Genético Animal, assessorada por professores que a auxiliaram no início da carreira docente. Graduada em Agronomia e Jornalismo pela mesma universidade, foi na Engenharia das Agrárias que ela decidiu trilhar o caminho profissional. De lá para cá, entre docência e pesquisa, são mais de 40 anos de dedicação que inclui uma participação ativa em todas as instâncias administrativas da Ufrgs e a coordenação do processo de criação do curso de Zootecnia, em 2012, onde atuou como coordenadora por quatro anos.
Aos 21 anos, Andréa Machado Leal Ribeiro já estava dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Não era aluna, mas professora assistente na disciplina de Melhoramento Genético Animal, assessorada por professores que a auxiliaram no início da carreira docente. Graduada em Agronomia e Jornalismo pela mesma universidade, foi na Engenharia das Agrárias que ela decidiu trilhar o caminho profissional. De lá para cá, entre docência e pesquisa, são mais de 40 anos de dedicação que inclui uma participação ativa em todas as instâncias administrativas da Ufrgs e a coordenação do processo de criação do curso de Zootecnia, em 2012, onde atuou como coordenadora por quatro anos.
“Participei intensamente da administração da Ufrgs sendo, inclusive, candidata à vice-reitora pela chapa Franco e Leal, em 2016, com o professor Sérgio Franco, da Faculdade de Educação, como candidato a reitor. A campanha me possibilitou conhecer muito a universidade como um todo, o que é difícil para a maioria dos professores que fica vinculada a um departamento a vida toda”, destaca. No entanto, a coordenação da criação do curso de Zootecnia foi uma das funções mais gratificantes das quais desempenhou, pelo significado e legado para a sociedade. “Ser agente fundamental no aumento de vagas para ingresso em uma universidade pública, gratuita e de altíssima qualidade, como são as universidades federais brasileiras, foi uma honra e uma sensação de estar retribuindo ao país como servidora pública”, afirma a professora titular aposentada do Departamento de Zootecnia da Ufrgs, que atualmente permanece como professora convidada no curso de pós-graduação em Zootecnia, dando aulas e orientando.
A criação do curso, no entanto, não foi tarefa fácil. “Nas universidades nada é imposto de cima para baixo. Tudo é conversado, analisado e ponderados os prós e contras”, relata. Segundo Andréa, a parte mais difícil foi convencer a instituição a participar da empreitada com o pouco que se tinha a oferecer. “Tivemos que convencer 27 departamentos que participariam do curso. Na prática, conseguimos apenas cinco vagas para a criação: duas ficaram no Departamento de Zootecnia que, sem dúvida, foi o mais demandado para o novo curso, e três foram oferecidas para outros departamentos. O resto foi à base de muita conversa e convencimento. Nosso projeto do novo curso previa a construção de um novo prédio na Fagro (Faculdade de Agronomia), nova fábrica de ração, novas instalações para nutrição de pets, entre outras demandas em infraestrutura. Nada, absolutamente nada dessa demanda até hoje foi realizada”, conta.
Com mais de 134 artigos científicos publicados e 52 alunos orientados entre mestrado e doutorado, Andréa direcionou suas linhas de pesquisa para a área de Nutrição e Alimentação Animal, com foco nos temas frangos de corte, suínos e relação imunidade e nutrição. “Minhas pesquisas foram e são para avaliar os melhores níveis de determinados nutrientes, avaliar processos e aditivos alimentares que possam melhorar o aproveitamento dos alimentos (peletização, enzimas, ácidos orgânicos entre outros)”, diz.  Depois de meu pós-doutorado na Universidade da Califórnia, no início dos anos 2000, também desenvolvi uma linha de pesquisa integrando imunidade e nutrição, numa época em que poucos falavam disso.” Simplificando a técnica, Andréa explica que seria como os animais de produção podem, através da nutrição, modular seu sistema imune para ficarem mais saudáveis ao longo de sua vida, sem a necessidade de uso de moléculas consideradas perigosas, caso dos antibióticos. Após, ela ampliou esse tema ao analisar também a microbiota intestinal dos animais. “Esse é um assunto de ponta, pois depois de um século vendo os micro-organismos como inimigos (os micro-organismos que promovem doenças), finalmente conseguimos entender que a maioria é nossa aliada e que devemos conhecer seu funcionamento para podermos (nós e os demais animais) viver em harmonia com eles e de forma mais saudável.”

Pesquisa contou com parceria de empresas do setor de produção e nutrição de não ruminantes

Para a agrônoma Andréa Machado Leal Ribeiro, a pesquisa é uma construção de um grande mosaico contínuo, onde cada um coloca uma pedrinha. “Neste sentido, acho que ajudei a aumentar o entendimento da complexidade do sistema imune e sua interação com a produtividade dos animais domésticos. Não encontrei uma “bala de prata”(um único nutriente chave) para resolver problemas na produção. Pontuei que fortalecer o sistema imune não significa ativá-lo (ao contrário, deixe o sistema imune quieto, mas preparado para qualquer eventualidade). E que precisamos entender como esse sistema se relaciona com nossa microbiota. Ainda compreendemos muito pouco sobre esse assunto, e por ser extremamente complexa e interativa (entre si e com as células do organismo animal), ainda temos muito o que aprender”, afirma.
Ao longo de suas pesquisa, desenvolveu parceria com diversas empresas de produção e nutrição animal de não ruminantes. “Fazer pesquisa é caro. São necessários insumos, animais, laboratórios com equipamentos sofisticados, reagentes, pessoal especializado. Não basta termos pesquisadores e programas de pós-graduação que formem mão de obra de qualidade”, destaca. Segundo ela, o Brasil investe pouco em pesquisa e é neste espaço que entram as parcerias com as empresas. “Elas são muito importantes para nos aportarem os recursos necessários, até porque nas universidades, a pesquisa está umbilicalmente ligada à formação de recursos humanos (iniciação científica e pós graduação). Preciso formar bem meus mestres e doutores. Com fazer isso sem recursos?” Andréa destaca ainda a importância do trabalho a campo, colocando o aluno dentro da realidade produtiva na pós-graduação. “Isso propicia ao aluno sair melhor formado, mais crítico e com maior entendimento da realidade onde vão atuar”, finaliza.
Premiada: Andréa Machado Leal Ribeiro (UFRGS)
Categoria: Cadeia de Produção e Alternativas Agrícolas
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