Criada há 72 anos, até hoje a Sementes Butiá mantém um forte perfil familiar, já que a gestão da empresa fundada por Pedro Bertagnolli foi passando de geração em geração. No entanto, paralelamente a essa continuidade, a companhia também vem acompanhando a modernização do agronegócio e atuando com pesquisa e melhoramento genético para aprimorar o rendimento de sementes, com foco nas culturas de soja e trigo. A empresa foi agraciada com o Prêmio O Futuro da Terra na categoria Inovação e Tecnologia Rural.

A diretora administrativa da Sementes Butiá, Manoela Bertagnolli, recorda que seu avô Pedro foi pioneiro na região do município de Coxilha, no Norte gaúcho, quanto ao cultivo do trigo. Em 1976, a empresa, já sob gestão do pai de Manoela, Ronald Bertagnolli, começou a operar a sua primeira unidade de beneficiamento de sementes. "Ele introduziu a semente porque era agrônomo e administrador, mas sempre foi um apaixonado por genética e pesquisa", lembra Manoela, que também é diretora da Associação Brasileira de Sementeiros de Soja (Abrass).

Com o falecimento de Ronald, em 2004, a empresa passou a ser conduzida por outros familiares. Manoela ressalta que a Sementes Butiá atua fortemente com pesquisas trabalhando com várias empresas de genética, elaborando testes para apoiar o desenvolvimento de novas variedades para o mercado.

Ela informa que a companhia deve produzir neste ano cerca de 6 mil toneladas de semente de trigo de primeira geração e chegar a 12 mil toneladas de sementes de soja. A empresa possui ainda áreas para produção de grãos e trabalha com milho.

A Sementes Butiá conta com 3,5 mil hectares de produção própria e, no sistema de cooperação, são mais cerca de 7 mil hectares para trabalhar com soja e 2 mil hectares para atuar com trigo. São aproximadamente 40 cooperantes espalhados por vários municípios. A companhia atende à região Sul do País, além de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Manoela salienta que a Sementes Butiá opera dentro do conceito de Smart Farm, que busca ações inovadoras para qualificar suas atividades e evitar o desperdício, otimizando todas as áreas da empresa e gerando mais resultados. Ela frisa, por exemplo, que a companhia já trabalha há décadas com o sistema de plantio direto, que prevê boas práticas na lavoura. A diretora acrescenta que a Sementes Butiá é Farm Model da John Deere, fazendo testes de produtos e inovações para esse grupo. Outra parceria, de mais de 30 anos, é com a Biotrigo Genética para o desenvolvimento de cultivares de trigo.

Hoje, a Sementes Butiá verifica em torno de 100 colaboradores e, conforme Manoela, muitos deles são jovens profissionais, na faixa de 25 a 35 anos. No caso dela, a disposição para ingressar na área já estava no seu sangue. "Sou jornalista de formação, mas sou agricultora por vocação, porque já estava nesse negócio quando estava na barriga da minha mãe e a gente gosta daquilo que conhece", diz Manoela.