O crescimento da produção de celulose da CMPC no Rio Grande do Sul implicará investimentos em diversas atividades da economia e pode ser percebido já a partir deste ano mesmo. Conforme o diretor-geral da unidade de Guaíba da companhia, Antonio Lacerda, somente em 2024 a empresa projeta aportar cerca de R$ 150 milhões na aquisição florestal de aproximadamente 10 mil hectares.
O crescimento da produção de celulose da CMPC no Rio Grande do Sul implicará investimentos em diversas atividades da economia e pode ser percebido já a partir deste ano mesmo. Conforme o diretor-geral da unidade de Guaíba da companhia, Antonio Lacerda, somente em 2024 a empresa projeta aportar cerca de R$ 150 milhões na aquisição florestal de aproximadamente 10 mil hectares.
Lacerda falou sobre os planos da empresa em entrevista concedida nesta quinta-feira (29) na Casa do Jornal do Comércio, na Expointer. O executivo, natural do Rio de Janeiro, assumiu recentemente a função na CMPC. O profissional é engenheiro agrônomo, formado pela Universidade Federal de Viçosa, de Minas Gerais, com MBA pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA - USP).
Possui mais de 25 anos de experiência em multinacionais como Monsanto, Norske e Basf. Antes de assumir na CMPC, Lacerda foi vice-presidente de Produtos Químicos na América do Sul na empresa alemã.
O dirigente chega na companhia quando ela está ultimando o
projeto BioCMPC, anunciado em 2021 e que com investimentos de R$ 2,75 bilhões busca incrementar a capacidade de produção de celulose da unidade de Guaíba em mais 350 mil toneladas anuais (uma alta de 18%).
Em julho passado, a planta já conseguiu bater seu recorde de produção mensal com 205.460 admt (sigla em inglês para tonelada métrica seca ao ar, que corresponde à unidade de medida de celulose vendável). A fabricação da empresa é destinada, especialmente, para a exportação, sendo que uma companhia chinesa adquire cerca de 15% da celulose produzida em Guaíba para utilizar na fabricação de roupas.
Além da iniciativa BioCMPC, a empresa anunciou recentemente o
projeto Natureza que prevê a construção de uma fábrica no município de Barra do Ribeiro com capacidade para 2,5 milhões de toneladas de celulose ao ano, o que acarretará um investimento de cerca de R$ 24 bilhões. Lacerda recorda que, dentro desse próximo empreendimento, a CMPC
precisa ainda mais 80 mil hectares (exclusivos para o plantio de eucaliptos) para completar a área necessária para fornecer madeira para alimentar a nova planta de celulose. Essa meta será atingida pela companhia através de parcerias com os produtores rurais gaúchos e a perspectiva é atingir o objetivo ao longo de cinco a seis anos.
Lacerda ressalta que os agricultores estão com necessidade de diversificar suas atividades e culturas trabalhadas, seja soja, arroz ou gado. Nessa ação a empresa conta com o programa de fomento florestal RS+Renda. Conforme o dirigente, a proposta prevê o adiantamento do pagamento, antes mesmo da colheita do eucalipto, com o desembolso de recursos no momento do plantio. A valorização da madeira adquirida dependerá, entre outros fatores, da distância que esse fornecimento estará da fábrica de celulose. O diretor da CMPC detalha que a distância média de captação da madeira pela planta de Guaíba está na faixa de 200 quilômetros. “Mas, temos áreas a 400 quilômetros e a 15 quilômetros”, comenta.
Atualmente, a CMPC possui cerca de 200 mil hectares no Rio Grande do Sul gerenciados pela empresa, direta ou indiretamente, contando ainda com mais cerca de 300 mil hectares a partir de terceiros. Parte desses terrenos é dedicada ao plantio de eucaliptos e outra para áreas de preservação (em uma relação, respectivamente, de 56% a 44%).
Para escoar a produção da futura planta em Barra do Ribeiro, que deve começar sua operação a partir de 2029, a CMPC pretende instalar um terminal no município, mais precisamente no lago Guaíba. O diretor-geral da unidade de Guaíba da companhia, Antonio Lacerda, calcula que essa estrutura logística deverá absorver um investimento de cerca de US$ 150 milhões.
Assim como esse complexo, a empresa pretende construir outro terminal no Porto do Rio Grande, na antiga área da Companhia Swift do Brasil. Esse espaço, detalha Lacerda, é de propriedade da União e o governo federal precisa conceder o terreno para o governo gaúcho para que seja aberta uma licitação para a implantação do novo empreendimento.
Também no campo da logística, a
CMPC prepara uma dragagem para facilitar o acesso por hidrovia à planta de Guaíba, que foi prejudicado pelo assoreamento causado pela catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul. A expectativa é que o processo de licitação do trabalho seja encerrado dentro de duas semanas e o investimento programado na ação é de cerca de R$ 10 milhões. O tempo de obra é estimado em cerca de dois meses.
Sobre a futura fábrica de Barra do Ribeiro, Lacerda revela que a perspectiva é que seja instalada uma caldeira para a queima de biomassa (matéria orgânica) e, aproveitando os subprodutos resultantes da produção de celulose, seja possível tornar a unidade autossuficiente em energia elétrica, além de ter excedente para comercializar eletricidade no mercado.