Baixa oferta de crédito limita investimentos em estocagem de grãos

Estimativa é de que seriam necessários cerca de R$ 100 bilhões somente para atualizar a capacidade de estocagem

Por Claudio Medaglia

Elipal poderia produzir o dobro do número de estruturas, mas investimentos estão escassos
A produtividade das lavouras brasileiras cresce em velocidade superior à construção de estruturas para armazenamento das safras. E vem aumentando, a cada ano, a pressão sobre o escoamento da produção de grãos. Mas, com recursos oficiais para financiamento muito abaixo do volume ideal, produtores, cerealistas e cooperativas enfrentam dificuldades investir no setor.

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Custo do dinheiro é entrave a financiamentos pelo sistema financeiro

França diz que gargalo do setor é tão crônico como o Custo Brasil
A distância entre o volume as condições oferecidas pelo crédito oficial e pelo sistema financeiro é um empecilho a mais para a ampliação da capacidade de estocagem. No Rio Grande do Sul, a maioria das operações é feita via Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com os maiores volumes para a metade norte.
Em 2023, a instituição emprestou R$ 369 milhões em novos projetos. Neste ano, somente no primeiro semestre, foram aprovados outros R$ 85 milhões. Mas a demanda chega a quase R$ 150 milhões, que está condicionada à ampliação dos limites de captação do banco.
No Brasil, cerca de 10% da demanda é atendida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), com taxas subsidiadas, estima o diretor de Agronegócios do Bradesco, Roberto França.
“Os outros 90% são um problema. Aliás, o problema da armazenagem é tão crônico quanto o custo da taxa de juros no Brasil. Sem subsídio do governo ou do Tesouro Nacional, operações de longo prazo exigem juros de pelo menos 15% ao ano. Em tese, caro para o produtor. Mas fica ainda mais caro quando ele é obrigado a comercializar sua produção a preços mais baratos do que poderia”, observa.
O banco tem uma modalidade de financiamento com uso de Cédula de Produto Rural (CPR) para construção de silos e qualquer investimento em propriedades rurais. “Recurso não falta. Mas com taxas a partir de 15% ao ano, com cinco a 10 anos para pagamento. O limitador é a taxa de juros. Dinheiro barato não existe. No Brasil, é o custo Selic. Abaixo, só subsidiado”, conclui França.