Ana Esteves, especial para o JC
Ainda é cedo para saber se a 46ª Expointer será recorde de público e faturamento, mas uma marca a mostra de Esteio já bateu: do número de animais nascidos no primeiro dia de feira. De sábado para domingo, foram oito recém nascidos, seis da raça caprina Boer, uma terneira da raça bovina Simental-Fleckvieh e um terneiro da raça zebuína Indubrasil. “É um fato inédito nascerem tantos animais no mesmo dia e no primeiro dia da Expointer”, afirma o médico-veterinário, José Arthur Martins.
Mas todos esses nascimentos não são por acaso. Nascer na Expointer dá ibope e chama a atenção, não só do público, que lota o entorno das baias, mas de possíveis interessados em investir nas respectivas raças. “No início, os partos aconteciam por coincidência, mas agora os criadores, sabendo que terão um bom retorno em termos de imagem e marketing, programam o nascimentos para os dia da feira”, afirma Martins.
Os primeiros a nascer foram os cabritos da cabra Bacamarth, às 9h do sábado, que deu à luz a três fêmeas, um fato raro para a espécie, cujos partos de gêmeos são os mais comuns. A matriz pertence à Cabanha Staub, de Rio Pardo. Mas o parto de trigêmeos não parou por aí: à tarde vieram ao mundo dois machos e uma fêmea da cabra Maia, de propriedade do capricultor, Cléo Francisco da Silva, da Cabanha São Francisco, de Vila Langaro.
“Na primeira cria, como no caso dela, é bem raro virem três. Esse tipo de parto exige cuidados especiais, por isso fizemos todo o acompanhamento da fêmea, através de exames de ultrassonografia para que o parto fosse o mais tranquilo possível”, explicou Silva. O parto da Maia se originou de uma transferência de embriões e, por isso, o criador já sabia que iam nascer trigêmeos, situação em que pode ocorrer a rejeição de um dos filhotes pela mãe. “É preciso muito cuidado para evitar o estresse do animal, e assim a rejeição”, completou. No caso da cabra Bacamarth, foi preciso intervenção dos médicos veterinários no pós-parto do animal pois, segundo o proprietário da matriz, Tiago Hoelzel Staub, “ficou debilitada e precisou receber medicação.”
Entre os bovinos, a terneira da raça Simental-Fleckvieh batizada de FST Evidências da Fazenda Santa Terezinha, de Jaquirana, veio ao mundo às 11h de sábado, pesando 47kg. O nome da recém nascida faz alusão à música de Chitãozinho e Xororó, pois conforme critério da associação de criadores da raça, os nomes dos animais nascidos em 2023 deverão ser de uma música que inicie com a letra E.
“Foi a primeira terneira nascida nesta Expointer, um parto que programamos para dar visibilidade para o animal e demonstrar características importantes da raça que tem dupla aptidão (produz tanto carne, quanto leite), como produtividade, alta fertilidade, facilidade de parto e habilidade materna”, afirma o criador Eduardo Borges de Assis. É uma forma também de chamar a atenção para a genética envolvida no nascimento dos animais. No caso da terneira, a mãe FST Victoria Harlem foi Campeã Vaca Adulta na Expointer 2021 e o pai foi Grande Campeão da Raça Simental-Fleckvieh na Expointer 2022. Para Assis, a situação de nascimento de uma terneira na exposição é importante para os alunos de medicina-veterinária que atuam no parque e que têm a oportunidade de acompanhar um parto em tempo real.
Na madrugada deste domingo, mais um bebê chegou ao parque, dessa vez da raça zebuína Indubrasil, da Cabanha Zebusul, de Gravataí, do expositor Vitor Hugo Fim. “Veio um macho, ao natural, sem programação. Estava para nascer por esses dias e calhou de ser durante a Expointer”, disse o criador.
Ele se queixou do barulho em excesso nas madrugadas do parque, em função das festas realizadas à noite. “O animal precisa de tranquilidade para o parto e isso é muito difícil aqui, sem falar no estresse gerado por cachorros soltos que andam pelo parque e do excesso de pessoas na volta da baia”, afirma Fim.