Cooperativa gaúcha vai montar usina de etanol de R$ 300 milhões

Planta de biocombustível será montada pela Cotrijal em Não-Me-Toque

Por Patrícia Comunello

Ranolfo (e) deu sinal verde para Manica dar início ao licenciamento
Uma das maiores cooperativas agrícolas do Rio Grande do Sul vai entrar no mundo dos biocombustíveis. A Cotrijal, com sede em Não-Me-Toque, vai montar uma usina de etanol com processamento a partir de grãos. A previsão é que a planta comece a produzir o biocombustível em fim de 2024. O investimento previsto é de R$ 300 milhões.
O projeto é o terceiro oficializado no Estado no setor em 2022. Até agora, a BSBios anunciou a instalação de uma planta em Passo Fundo, avaliada em mais de R$ 300 milhões em primeira fase, e a CB Bioenergia, de Santiago, de R$ 500 milhões. As três plantas superam R$ 1 bilhão em aportes.   
As informações foram detalhadas pelo presidente da cooperativa, Nei César Manica, em visita à Casa JC na Expointer, em Esteio. O anúncio foi feito durante assinatura de protocolo de intenções entre a Cotrijal e o governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior.
"É mais uma usina para o Rio Grande do Sul. É importante, pois somos dependentes de outros estados e significa mais investimentos, que geram desenvolvimento econômico e social e renda", destacou Ranolfo, após assinar o protocolo na sede da Secretaria de Agricultura no parque. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Joel Maraschin, também chancelou o projeto futuro.
A decisão sobre o empreendimento foi tomada pelo conselho da cooperativa há uma semana, segundo manica.
"Guardamos a sete chaves", comentou o dirigente, sobre o compromisso firmado entre os conselheiros para guardar a surpresa para a Expointer. "Queríamos prestigiar esta grande edição da feira", arrematou o dirigente.
A usina terá capacidade para beneficiar 550 toneladas de matéria-prima por dia, gerando mais de 400 litros do combustível, considerada uma planta de médio porte. O plano é montar uma estrutura modular, para facilitar a expansão no futuro, diz a cooperativa. Os grãos que deves ser priorizados na produção serão de culturas de trigo e triticale, específicos para o processamento. 
O projeto vem sendo discutido e planejado há mais de dois anos pela instituição. "Vai gerar oportunidade para os agricultores aumentarem a produção de inverno. A ideia é usar trigo e triticale. Pode envolver milho no verão, mas o foco é usar as culturas de inverno", esclarece ele.  
"Queremos que o agricultor faça a rotação de cultura, com uma segunda safra no ano, gerando renda para ele, para a cooperativa e para o Estado. É um projeto bastante arrojado, mas totalmente viável", disse bem animado o dirigente.
Os associados à Cotrijal somam 1,3 milhão de hectares, e a expectativa é que a produção de grãos para abastecer a usina ocupe 60 mil hectares.
O maior incentivo para o investimento é a grande dependência ao etanol que vem de outros estados. "Mais de 90% deste tipo de combustível consumido no Estado vem de fora", dimensionou Manica.
O recurso para colocar o projeto em pé deve ser buscado de instituições financeiras, adiantou Manica.
A usina deve ser erguida em área de 20 hectares, localizada no entorno do parque da Cotrijal, onde é realizada a Expodireto, uma das maiores feiras do agronegócio no Sul do Brasil e focada em máquinas agrícolas. Após a assinatura do protocolo, a cooperativa já vai se debruçar na preparação dos documentos para encaminhar os licenciamentos.
"O projeto já está pronto, vamos começar em seguida a preparar os pedidos de licenças", diz Manica, que espera dar início à montagem do empreendimento nos primeiros meses de 2023. A previsão é de abrir 90 empregos diretos na operação.