Publicada em 31 de Agosto de 2022 às 16:41

Vice-presidente do BB vê Brasil como protagonista no futuro do agronegócio mundial

Vice-presidente do BB, Naegele falou no evento da Federasul

Vice-presidente do BB, Naegele falou no evento da Federasul


LUIZA PRADO/JC/LUIZA PRADO/JC
Claudio Medaglia
Um convite – ou provocação – foi lançado nesta quarta-feira em Esteio pelo vice-presidente de Agronegócios, Empréstimos e Financiamentos do Banco do Brasil, Renato Naegele. “O futuro do agronegócio mundial é brasileiro. Se nós quisermos.”
Um convite – ou provocação – foi lançado nesta quarta-feira em Esteio pelo vice-presidente de Agronegócios, Empréstimos e Financiamentos do Banco do Brasil, Renato Naegele. “O futuro do agronegócio mundial é brasileiro. Se nós quisermos.”
A fala pautou a palestra proferida durante a reunião-almoço Tá na Mesa, da Federasul, no parque Assis Brasil, durante a 35ª edição da Expointer. No evento, realizado no auditório da Farsul, ele desenhou um cenário de enormes oportunidades para o setor, a partir de uma projeção de crescimento populacional no planeta.
“Serão 770 milhões de pessoas a mais até 2030. E apenas o Brasil e a savana africana têm espaço físico para ampliar a produção de alimentos. Ou pegamos para nós essa oportunidade, ou deixaremos que China ou outros países explorem os 400 milhões de hectares na África”, disse. Naegele pontuou que Europa e Estados Unidos já não têm como expandir suas fronteiras agrícolas para atender a essa demanda alimentar adicional. Entretanto, o Brasil participa ativamente do mercado internacional. “Somente nos primeiros sete meses deste ano, geramos US$ 96 bilhões em exportações. Contamos com a maior reserva de água doce do mundo, com 15% do total, o que significa haver capacidade de aumentar a área irrigada. Além disso, temos acesso a mercados externos, dos quais participamos com 30 produtos entre os cinco maiores exportadores mun diais”, exaltou o representante do BB.
Ao destacar a falta de conhecimento e tecnologia nas savanas da África, Naegele ressaltou que os produtores rurais do Brasil e do Rio Grande do Sul têm tradição e competência, construída ao longo dos séculos por imigrantes. “E os gaúchos são os bandeirantes do agronegócio. Hoje estamos financiando produtores de origem no Rio Grande do Sul produzindo trigo em Roraima, soja no Pará ou criando gado no Acre. Os gaúchos são os promotores dessa disseminação da atividade agropecuária tecnológica, inovadora e sustentável.”
O diretor observou que esse processo se iniciou com a Embrapa, nos anos 1970. A isso se somaram institutos privados de pesquisas, as próprias empresas. “Somos um país provedor de tecnologia e inovação no agronegócio”, afirmou.
Isso explica por que a produtividade do setor cresce cerca de 3% ao ano nas últimas duas décadas no Brasil, enquanto a média mundial de aumento é de 1,7% anuais. “Temos acesso a mercado externo, produtores competentes, tecnologia, fazemos um agro sustentável. Portanto, temos todas as condições de ocupar esse espaço que se abre no abastecimento global de alimentos. São 9,8% de crescimento populacional até 2030, e a projeção é impressionante até 2050.”
Para Naegele, o Rio Grande do Sul é absolutamente relevante na produção vegetal e animal. Está na mesa do brasileiro, do café da manhã ao jantar. “Temos aqui um exemplo dessa capacidade brasileira de desenvolver e tornar mundialmente importante o agronegócio brasileiro. Não porque acessa mais mercados externos, mas porque pode cumprir o mesmo papel de hoje, quando responde por 28% do PIB nacional, alcançando esse mesmo percentual do PIB mundial.”
Conforme o representante do banco, o crescimento expressivo da balança comercial do agro e das exportações é motivo de comemoração, mas ainda é pouco para o potencial do setor diante desta oportunidade histórica. “O agro é sustentável. Em 40 anos, a produção no Rio Grande do Sul aumentou 215%, e a área apenas 72%. Temos uma matriz energética saudável, predominantemente renovável. No Brasil, 60% da matriz energética vem de fontes renováveis, ante 18% de média mundial.” Naegele ressaltou o apoio do banco aos produtores gaúchos, que movimentam o equivalente a US$ 5 bilhões em crédito no agronegócio. São mais de 290 mil operações ativas, das quais 79% por meio do Pronaf, em 100% dos municípios, destacou.
“Na safra que se encerrou em junho, o banco colocou mais de R$ 16 bilhões no RS, sendo R$ 3,4 bilhões na agricultura familiar. Um crescimento de 23%. Nesta safra, com 60 dias, já financiamos R$ 5,9 bilhões, ou 37% de aumento no custeio e no investimento em relação à safra passada”, calculou o diretor.
Tendo financiado R$ 42 bilhões dos R$ 200 bilhões destinados ao plano-safra no País, Naegele mostra confiança de que os 308 milhões de toneladas projetados pela Conab serão alcançados na safra 2022/2023.
Ele, entretanto, também apontou desafios a serem superados pelo setor, se quiser assumir o protagonismo do futuro mundial do agronegócio. Um deles é ampliar a capacidade de armazengem. Para ele, ainda que o Rio Grande do Sul tenha condições melhores em relação à situação nacional, ainda fica aquém da necessidade. Outro ponto é a irrigação. No Estado, 88% da área de exploração agrícola é sem irrigação, e, da parte irrigada, a maioria é em arroz. “Portanto, temos espaço importante de crescimento.”
Naegele destacou a importância da diversificação da produção. Há espaço para expansão da segunda safra no RS, já que 80% da área utilizada na safra de verão fica ociosa no inverno. “Por meio da diversificação, é possível aumentar a renda do produtor com milho ou culturas de inverno, inclusive como substituição ao milho na cadeia animal.”
Por fim, a matriz energética, que é saudável no País e no RS, mas pode gerar redução de custos. Não apenas como elemento de sustentabilidade, mas de eficiência, como o crescimento do uso da energia solar. “Para enfrentar esses desafios, somos parceiros para todo o dia”, finalizou Naegele.

PARTICIPAÇÃO DO RS NA PRODUÇÃO NACIONAL DE ALIMENTOS

1º em produção de
Ovinos – 15%
Suínos – 14%
Aves – 11%
Ovos – 8%
Arroz – 71%
Oliva – 70%
Pêssego – 64%
Uva – 49%
Maçã – 49%

2º em produção de
Bovinos – 5%
Trigo – 44%
Milho (1ª safra) – 18%
3º em produção de
Soja – 15%
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