Publicada em 26 de Agosto de 2022 às 00:05

Conjunto uruguaio busca tricampeonato no Freio de Ouro

A tradicional competição ocorrerá no dia 4 de setembro neste ano

A tradicional competição ocorrerá no dia 4 de setembro neste ano


/Arquivo Pessoal/Divulgação/JC
Ineditismo sobre patas é o que promete a etapa final do Freio de Ouro 2022, que ocorrerá no dia 4 de setembro durante a Expointer. Nesta 40ª edição da mais importante competição da raça crioula, um conjunto estará em busca do tricampeonato em sequência, fato nunca antes registrado. O cavalo uruguaio Colibri Matrero, da Cabanha La Pacifica, e o ginete Gabriel Marty, vencedores em 2020 e em 2021, voltam ao Parque de Exposições Assis Brasil com o status de dupla a ser batida.
Ineditismo sobre patas é o que promete a etapa final do Freio de Ouro 2022, que ocorrerá no dia 4 de setembro durante a Expointer. Nesta 40ª edição da mais importante competição da raça crioula, um conjunto estará em busca do tricampeonato em sequência, fato nunca antes registrado. O cavalo uruguaio Colibri Matrero, da Cabanha La Pacifica, e o ginete Gabriel Marty, vencedores em 2020 e em 2021, voltam ao Parque de Exposições Assis Brasil com o status de dupla a ser batida.
Mas a qualidade dos outros 48 conjuntos de machos e 48 de fêmeas que chegam a Esteio é tão alta neste ano que os vencedores deverão ser apontados no detalhe. Ao menos é o que projeta o vice-presidente de Exposições Morfológicas e Provas Funcionais da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Eduardo Moglia Suñe. "A final do Freio de Ouro 2022, com essa defesa de título, será um espetáculo à parte. Vencedor da Exposição da Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos (FICCC) em 2018, Colibri Matrero é considerado um craque, embora nunca haja favorito. A competição vai ser decidida na vírgula. Valerá a pena ser assistido", diz o dirigente.
Criado em 1982 para homenagear os 50 anos da ABCCC, o Freio de Ouro é resultado de uma semente plantada pelo núcleo de criadores da raça em Jaguarão, que germinou sob os cuidados compartilhados de crioulistas de Bagé, Pelotas e Uruguaiana, pioneiros na criação. A ideia era obter um cavalo completo, ou seja, com "aptidão ganadera", velocidade, coragem e força para alcançar, enfrentar e superar um bovino, bons andares, muito bem domado e bonito.
O certame é considerado uma das ferramenta de seleção mais importantes da raça. "É, sem dúvida, a que dá mais visibilidade e é muito completa, porque abrange todas as etapas funcionais do cavalo crioulo, que é de sela e de serviço de campo", analisa Suñe. Por isso, a conquista é disputadíssima. Afinal, os vencedores ganham pontuação especial no Registro de Mérito da raça crioula. As fêmeas podem transferir embriões, e os machos aumentam a sua capacidade reprodutiva para cobrir até 150 éguas anuais. Além de premiar os quatro melhores machos e as quatro melhores fêmeas com os Freios de Ouro, Prata, Bronze e Alpaca, o ginete ganha destaque. De acordo com o vice-presidente da ABCCC, a raça crioula se divide entre antes e depois do surgimento do prêmio, que apresenta as provas Bayard-Sarmento, Paleteada e de mangueira como desafios para mostrar as habilidades e aptidões dos animais.

Herança genética leva ginete de 13 anos às finais da maior competição da raça crioula

Francisco, montando Jatobá Cala Bassa, e o pai, Marcelo Moglia, sobre Jota Mouro Cala Bassa, dominam a rês na paleteada

Francisco, montando Jatobá Cala Bassa, e o pai, Marcelo Moglia, sobre Jota Mouro Cala Bassa, dominam a rês na paleteada


Arquivo Pessoal/Divulgação/JC
Não é só entre os animais que a carga genética mostra força e resultado no campo. Foi nas pegadas de outro ginete que Francisco Cachapuz Moglia se moldou para, agora, aos 13 anos de idade, tornar-se o mais jovem a disputar a última etapa do Freio de Ouro. Ao levar o garanhão Jatobá Cala Bassa à pista do parque Assis Brasil, o garoto terá a companhia de Marcelo Rezende Moglia, 47 anos, como colega, parceiro, adversário e pai.
Pancho, como é apelidado o jovem prodígio, participa de provas desde os seis anos, tendo conquistado 12 troféus até agora. Mas sua trajetória sobre a sela é ainda mais precoce. Com três anos ele surgiu inesperadamente na pista e se alinhou ao cavalo do pai para paletear um bovino. “O êxito do Francisco se dá pelo esforço. Ele treina muito, trabalha muito. Gosta muito”, conta Moglia.
O garoto não nega a origem. “Como diz o pai, se tem quatro patas e relincha, eu quero montar em todos”, afirma, arrancando risadas orgulhosas de seu mentor. Francisco e Jatobá se conheceram em setembro do ano passado, quando o animal chegou à propriedade. E a afinidade entre ambos logo apareceu. Agora, o conjunto trabalha intensamente para chegar bem a Esteio.
Ginete desde os anos 1990, Marcelo Moglia já foi premiado oito vezes na competição, da qual participa há mais de 20 anos e em que sagrou-se campeão em 2002, montando Candidato Simpatia. Fora das pistas há três anos, ele sucumbiu ao pedido do filho, que queria correr. “Nesse embalo, eu resolvi preparar um cavalo também para mim. Felizmente, conseguimos classificar os dois para as finais na Expointer”, conta Moglia. Jota Mouro, a exemplo de Jatobá, é cria da Cabanha Cala Bassa, em Aceguá, e completa cinco anos nesta primavera.
Em vez de rivais em pista, pai e filho preferem considerar-se parte da mesma escuderia. O Freio de Ouro é um circuito muito difícil, que envolve 400 ou até 500 animais a cada ano. E, no final, tudo pode acontecer. “É o momento do ginete e do cavalo. Vamos correr contra 50 animais. Se chegarmos os dois, será excelente. Se nos tocar paletear juntos, como aconteceu na credenciadora, combinamos a estratégia, e o cavalo que vencer nos deixará muito faceiros”, conclui Marcelo Moglia.

Freio de Ouro decide campeões de edição histórica no fechamento da Expointer

O ápice do ciclo do Cavalo Crioulo tem dia e hora marcados para acontecer. Pelo final da manhã e início da tarde do dia 4 de setembro de 2022, o pódio estará sendo preparado para receber os vencedores de mais uma grande final do Freio de Ouro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), no último dia da Expointer 2022. E neste ano, este lugar será mais do que especial na modalidade promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), pois se completa os 40 anos de história da competição que move milhares de pessoas em torno dela.

Conforme o vice-presidente Técnico da ABCCC, José Luiz Lima Laitano, a expectativa, pelo que foi visto nas classificatórias, é de uma disputa muito acirrada por guardar este lugar na história da modalidade e, por consequência, da raça Crioula. “Este é o primeiro ano concreto pós-pandemia, com um ciclo mais cheio, com mais realizações de credenciadoras pelos núcleos, com mais volume de animais. Podemos projetar uma final de Freio de Ouro emocionante e com muitos animais podendo chegar ao primeiro lugar”, observa.

Para Laitano, esta marca de 40 anos do Freio de Ouro nada mais é do que a consolidação de uma história. “É uma história que faz parte do dia a dia de todos os gaúchos. O Freio de Ouro é uma consolidação de uma prova extremamente importante para a raça Crioula e em alguns momentos ela é até mais conhecida do que a própria raça. Isso é o resultado de um trabalho de 40 anos da ABCCC, dos seus criadores, ginetes e veterinários”, destaca.

Os avaliadores deste momento histórico já foram conhecidos. Na categoria Fêmeas, o trio de jurados selecionados é composto por André Luiz Narciso Rosa, Douglas Leite Gonçalves e Vinícius Guedes Freitas. Já nos Machos, os responsáveis pela avaliação dos finalistas serão Carlos Marques Gonçalves Neto, Leonardo Alberton Ardenghy e Luciano Correa Passos.
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