Claudio Medaglia, especial para o JC
Tradicional carro-chefe das vendas na Expointer, respondendo por aproximadamente 90% do volume de negócios na mostra, o setor de máquinas e implementos agrícolas, mais uma vez, promete fazer bonito em Esteio. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), a meta para esta edição é negociar entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões, bem acima dos R$ 2,5 bilhões comercializados em 2019.
A projeção não surpreende, já que o segmento vem registrando crescimento em ritmo acelerado desde 2020, segundo dados da entidade. De olho no interesse do produtor, pelo menos 155 expositores - 10 a mais do que em 2019 - asseguraram espaço no Parque de Exposições Assis Brasil durante os nove dias da exposição.
Conforme o presidente do Simers, Cláudio Bier, todos estão sedentos por uma feira como essa. "A Expointer é uma grande vitrine e isso vale também para os fabricantes de máquinas agrícolas. Conseguimos melhorar e ampliar alguns espaços", afirma. O dirigente lembra que a evolução da tecnologia torna o maquinário um forte atrativo. "O agricultor entende que, a cada ano, as mudanças são grandes. Por isso quer conhecer e está aberto às novidades para, talvez, trocar de máquina. Ele sabe que maior rapidez no plantio e na colheita pode aumentar a produtividade na lavoura."
O sinal verde para um possível recorde de vendas também é dado pelo calendário. A data em que se realiza a Expointer é estratégica para o setor por ser o primeiro grande evento após o lançamento do Plano Safra 2022/23 do Governo Federal, no final de junho. Do montante de recursos, que este ano somam quase R$ 341 bilhões, pouco mais de
R$ 10 bilhões são destinados a financiamentos de máquinas agrícolas.
R$ 10 bilhões são destinados a financiamentos de máquinas agrícolas.
O setor registrou um incremento no Rio Grande do Sul de 5% a 6% na produção entre janeiro e julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2021, quando a produção cresceu mais de 40% no País. Em tempos de safra normal, 11% das máquinas e implementos fabricados pelas indústrias gaúchas ficam no Rio Grande do Sul, enquanto o restante é comercializado Brasil afora. Neste ano, os prejuízos causados pela falta de chuva pouco afetaram o setor, porque houve aumento na demanda de pedidos de outros estados, que tiveram excelentes colheitas. Por outro lado, a procura por pivôs centrais e outros equipamentos destinados à irrigação vem crescendo, como forma de evitar futuros prejuízos.
Com cerca de 65% das máquinas e implementos agrícolas produzidos no Brasil provenientes de indústrias gaúchas, a ideia é manter o histórico de performances na feira. "Neste ano de 2022, a movimentação na Expodireto chegou a R$ 4,9 bilhões, 87% superior à que obtivemos em 2020. Então, a sinalização que temos tido do produtor é de que muitos negócios irão acontecer ou ser encaminhados em Esteio, analisa o presidente do Simers.
"O pessoal está muito sequioso por feira, para sair de casa. E a venda é muito do momento. Durante esses eventos, o produtor compara máquinas, vê o vizinho comprando, se entusiasma. Por isso é tão importante estar na Expointer", diz Bier.
E, para atender a essa demanda, o Simers construiu uma área de 13 hectares no parque, com estacionamento próprio e 100% pavimentado. A ampliação da área de máquinas e implementos no parque Assis Brasil é uma reivindicação antiga do Simers. É a receita da confiança e do trabalho para superar as dificuldades. Afinal, o setor não passou incólume às dificuldades econômicas dos últimos anos. Com a pandemia, a produção de muitos insumos diminuiu e os preços, naturalmente, subiram muito. Aço, chips, vidro, rolamentos e pneus, por exemplo, impactaram fortemente os custos de produção dos equipamentos agrícolas. "Depois que acabaram os estoques, o que aparecia no mercado a gente tinha que comprar e ainda torcer para surgir mais", relata Bier.
As dificuldades de logística afetaram diretamente o transporte, na importação de produtos, e houve uma desaceleração na entrega de máquinas. Este ano o fornecimento de aço está normalizado, mas o setor ainda enfrenta a falta de chips. A saída vem sendo a adequação, com as empresas buscando negociar microcircuitos com novos fornecedores no exterior. Sem ter como repassar o aumento dos custos de produção ao cliente em 2021 e também boa parte deles neste ano, foi preciso reduzir a margem de lucro para manter as vendas e os clientes, conclui o dirigente do Simers.
Fabricante de tratores chega confiante à mostra
Astor Kilpp, da LS Tractor: "sempre ultrapassamos as metas"
/Nilson Konrad/Divulgação/JC
A volta do produtor rural presencialmente ao Parque Assis Brasil, durante a Expointer, eleva a expectativa de comercialização da coreana LS Tractor, que participa da mostra há nove anos. Para o gerente de marketing e vendas Astor Kilpp, mesmo diante de um ano de recuperação econômica, o segmento de tratores vem obtendo bons resultados nas vendas, e este cenário deve se refletir na Expointer 2022.
"Desde a nossa primeira participação, sempre atingimos ou ultrapassamos as metas de vendas para a feira. E isto deve se repetir neste ano, principalmente com a volta do público", destaca Kilpp. Segundo ele, o produtor em geral está capitalizado, apesar das quebras de safras em algumas regiões. Isto permite que ele se planeje para fazer investimentos. "Isto tudo dá base para se ter um cenário positivo para os negócios."
Números do setor
32,7 mil empregos diretos e 139 mil indiretos no Brasil
Simers: 9 mil indústrias / 300 associados
Empresas associadas ao Simers geram 29.200 empregos diretos e 125.000 indiretos no RS
Polos produtivos no RS - regiões Norte e Noroeste
Empresas do RS exportam para
5 continentes