Publicada em 30 de Setembro de 2020 às 18:44
'Macacões vermelhos' da Ufrgs cuidam da saúde dos animais na Expointer
Dalto, que é o professor, acompanha a turma de alunos de Veterinária no exame de uma vaca
LUIZA PRADO/JC
Patrícia Comunello, do Rio de Janeiro, especial para o JC
A vaca quase some no meio da roda formada por estudantes de Medicina Veterinária. A cena de uma aula de exame clínico de grandes animais em plena luz do dia seria impossível em uma Expointer normal, com público. Apesar de ser um dos pontos negativos impostos pela pandemia, a ausência de visitantes gerou mais oportunidades para os alunos experimentarem e fazerem a assistência.
A atividade faz parte de um projeto que existe há mais de 40 anos, que une a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e a Secretaria Estadual da Agricultura. O acordo prevê que os futuros veterinários, com supervisão de um professor, possam dar assistência a animais que apresentem doenças e emergências, como um acidente.
VÍDEO: JC conversa com grupo em plena ação na feira em Esteio
Este ano, com menos exemplares das raças entre as espécies que costumam estar na mostra, a atuação ficou mais facilitada. A crise sanitária também afetou a iniciativa, levando a uma redução do número de estudantes mobilizados durante todo o evento no Parque Assis Brasil.
"Vínhamos com cem estudantes de todos os semestres, mas este ano são apenas dez e todos tiveram de fazer o exame da Covid-19. Todos estão com a pulseira de negativo da doença", explica o professor André Dalto, que guia o grupo entre as estruturas de pavilhões e ruas do parque.
De longe, a movimentação da equipe vestindo macacões vermelhos com a logomarca da Ufrgs chama a atenção.
"Este projeto é muito importante para ter contato com os animais, produtores e esse ambiente", ressalta Dalto. "É a chance de muitos despertarem para algumas áreas que, na faculdade, poderiam não se interessar", relaciona o professor. A parceria é gerenciada pelo Setor de Grandes Ruminantes (SGR), da faculdade, que organiza e coordena a ação dos estudantes no parque.
"A gente aprende a entender os sinais clínicos, até para poder agir em alguma intercorrência", valoriza Eduardo Panno, que cursa o novo semestre da graduação. Sobre a vaca que o grupo examinava, Panno garante, após o exame coletivo:
"A paciente está com bom sinal clínico. As vacas já estão acostumadas com muita gente por perto, a gente acaba até mimando na hora da avaliação", comenta o aluno, que considera a prática durante a exposição muito relevante para a formação: "Tiramos a 'vaca da caixinha'", compara o estudante.
Colega de equipe, Joana Magoga, do oitavo semestre, vê na curta temporada dentro do parque a chance de olhar para outras áreas, que não prestaria atenção apenas com as aulas teóricas. "É diferente, aqui podemos pegar (a experiência) na prática", contrasta Joana. A mais novata do grupo, Mônica Marx Buttelli diz que a proximidade que consegue ter com as espécies não seria possível de outro jeito: "Moro na cidade, já tinha visto em propriedade da família, mas não é a mesma coisa".
A Expointer histórica por não ter público deixou o grupo da Ufrgs com mais possibilidades de percorrer os ambientes onde os animais estão. Dalto lembra que, em edições 'normais', a incursão para ter maior experimentação ocorreria à noite, muitas vezes, bem tarde.
Ao mesmo tempo, sem visitantes, principalmente as crianças que agitam e gritam mais, o nível de estresse dos animais, está em baixa. "Neste ponto (claro que queríamos que as pessoas pudessem estar aqui), tá mais legal", admite o professor.
Nos primeiros cinco dias de feira, Dalto e os alunos já atenderam casos de pneumonia em ovinos, doença de casco e traumas em bovinos e cólicas e feridas nos cavalos. "Tivemos também dois diagnósticos de gestação em ovelhas da raça Texel", acrescenta o professor. Agora é esperar para ver se os rebentos vão estar na Expointer de 2021, que promete.
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A vaca quase some no meio da roda formada por estudantes de Medicina Veterinária. A cena de uma aula de exame clínico de grandes animais em plena luz do dia seria impossível em uma Expointer normal, com público. Apesar de ser um dos pontos negativos impostos pela pandemia, a ausência de visitantes gerou mais oportunidades para os alunos experimentarem e fazerem a assistência.
A atividade faz parte de um projeto que existe há mais de 40 anos, que une a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e a Secretaria Estadual da Agricultura. O acordo prevê que os futuros veterinários, com supervisão de um professor, possam dar assistência a animais que apresentem doenças e emergências, como um acidente.
VÍDEO: JC conversa com grupo em plena ação na feira em Esteio
Este ano, com menos exemplares das raças entre as espécies que costumam estar na mostra, a atuação ficou mais facilitada. A crise sanitária também afetou a iniciativa, levando a uma redução do número de estudantes mobilizados durante todo o evento no Parque Assis Brasil.
"Vínhamos com cem estudantes de todos os semestres, mas este ano são apenas dez e todos tiveram de fazer o exame da Covid-19. Todos estão com a pulseira de negativo da doença", explica o professor André Dalto, que guia o grupo entre as estruturas de pavilhões e ruas do parque.
De longe, a movimentação da equipe vestindo macacões vermelhos com a logomarca da Ufrgs chama a atenção.
"Este projeto é muito importante para ter contato com os animais, produtores e esse ambiente", ressalta Dalto. "É a chance de muitos despertarem para algumas áreas que, na faculdade, poderiam não se interessar", relaciona o professor. A parceria é gerenciada pelo Setor de Grandes Ruminantes (SGR), da faculdade, que organiza e coordena a ação dos estudantes no parque.
"A gente aprende a entender os sinais clínicos, até para poder agir em alguma intercorrência", valoriza Eduardo Panno, que cursa o novo semestre da graduação. Sobre a vaca que o grupo examinava, Panno garante, após o exame coletivo:
"A paciente está com bom sinal clínico. As vacas já estão acostumadas com muita gente por perto, a gente acaba até mimando na hora da avaliação", comenta o aluno, que considera a prática durante a exposição muito relevante para a formação: "Tiramos a 'vaca da caixinha'", compara o estudante.
Colega de equipe, Joana Magoga, do oitavo semestre, vê na curta temporada dentro do parque a chance de olhar para outras áreas, que não prestaria atenção apenas com as aulas teóricas. "É diferente, aqui podemos pegar (a experiência) na prática", contrasta Joana. A mais novata do grupo, Mônica Marx Buttelli diz que a proximidade que consegue ter com as espécies não seria possível de outro jeito: "Moro na cidade, já tinha visto em propriedade da família, mas não é a mesma coisa".
A Expointer histórica por não ter público deixou o grupo da Ufrgs com mais possibilidades de percorrer os ambientes onde os animais estão. Dalto lembra que, em edições 'normais', a incursão para ter maior experimentação ocorreria à noite, muitas vezes, bem tarde.
Ao mesmo tempo, sem visitantes, principalmente as crianças que agitam e gritam mais, o nível de estresse dos animais, está em baixa. "Neste ponto (claro que queríamos que as pessoas pudessem estar aqui), tá mais legal", admite o professor.
Nos primeiros cinco dias de feira, Dalto e os alunos já atenderam casos de pneumonia em ovinos, doença de casco e traumas em bovinos e cólicas e feridas nos cavalos. "Tivemos também dois diagnósticos de gestação em ovelhas da raça Texel", acrescenta o professor. Agora é esperar para ver se os rebentos vão estar na Expointer de 2021, que promete.
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